6. Estado de alerta

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"O medo não fecha os seus olhos; ele te acorda."

Veronica Roth, Divergente

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Quando consegui voltar para casa naquele dia e em segurança, entrei dentro da sala de estar como um furacão, perturbando a paz que antes prevalecia no ambiente. 

Deixei as chaves do carro em cima da mesa de centro e caminhei até a cozinha sem saber ao certo como proceder, colocando as mãos em um dos balcões e tentando me livrar de meus pensamentos venenosos e dos flashbacks do cenário que eu tinha antes testemunhado.

Edward estava escondendo coisas de mim. 

Havia uma parte da vida de Edward que eu não tinha certeza de qual era, mas, com as informações que eu tinha colhido, me fizeram cogitar qual seria. 

O lugar onde ele estava, as roupas que ele vestia, o modo como ele agia com as pessoas que estavam a sua volta, o fato de manusear armas e matar pessoas adversárias sem remorso me fizeram considerar a possibilidade de Edward ser algum criminoso. 

Aquilo tudo que eu tinha visto me fez pensar que Edward pudesse ser, quem sabe, um traficante de drogas, se não algo pior.

Um frio incômodo e doloroso percorreu a minha espinha.

Abandonei o balcão e comecei a andar incerto pela casa novamente até que lembrei das roupas que eu tinha estendido do lado de fora da casa e fui recolher. 

Peguei todas as peças ainda na chuva e entrei pingando dentro de casa outra vez, colocando-as novamente na máquina de lavar e organizando-as para que fossem lavadas outra vez. Fiz aquela atividade no automático, pois eu não estava pensando e só sabia mecanicamente como eu deveria proceder para realizar aquela tarefa com rapidez.

Quando terminei, tranquei a porta dos fundos e continuei a andar pela casa com a roupa pingando durante todo o caminho. As minhas lágrimas começaram a se misturar com a água da chuva que tinha me ensopado, mas não me importei com aquilo naquele momento, pois uma foto minha com Edward me chamou a atenção e parei em frente a ela.

A foto estava pendurada em uma das paredes da sala de estar. Nós dois estávamos sorrindo para a câmera, despreocupados. Era de manhã, portanto, o sol era a iluminação principal. Havia escassas nuvens no céu azul e um mar do litoral da Itália ao fundo. Lembrei da areia fazendo cócegas nos meus pés ao entrar no meio dos dedos e de Edward fazendo uma trilha de marcas e dizendo para que eu a seguisse com os meus pés, sem sair delas, pois, caso contrário, eu seria penalizado e teria de pagar a ele uma libra por erro. Acreditando que eu conseguiria ter êxito naquela brincadeira, topei participar e, no final, Edward precisou me pagar 35 libras.

Nós estávamos felizes naquela viagem de comemoração de um ano de casamento. Nós estávamos tranquilos e apenas curtindo o ambiente e todas as maravilhas que nossos olhos poderiam encontrar.

E eu lembrava de olhar para Edward e ter a certeza de que eu amava cada um dos seus detalhes.

Mas, enquanto eu encarava a foto, me peguei pensando que eu não conhecia todos os detalhes sobre ele. Eu me peguei pensando também na possibilidade dele estar escondendo aquilo de mim desde aquela época.

Uma das perguntas que surgiu na minha mente, por exemplo, foi relacionada a quando que Edward começou a se envolver com aquilo? 

Ele sempre tinha sido um criminoso? 

Aconteceu alguma coisa no intervalo desses quase cinco anos de casamento que o fizeram entrar para o mundo do crime? 

E sua família? 

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora