9. Fim da linha

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MÚSICA RECOMENDADA: WAIT-M83

"Não são os finais que vão te assombrar

Mas o espaço onde eles deveriam estar,

As coisas que simplesmente desapareceram

Sem um aceno final de adeus."

Erin Hanson

**

Joguei todos aqueles documentos de volta na caixa com desespero. 

Em seguida, peguei a caixa em meu colo, marchei até o banheiro e joguei a mesma dentro daquele esconderijo de meu marido. Passei as mãos pelo cabelo, andei sem sentido pelo pequeno cômodo e olhei novamente para a caixa ali jogada. 

Respirei fundo e entrei novamente naquele lugar de nossa casa tão desconhecido para mim. Lancei um olhar para a pasta azul e a segurei novamente, mesmo que ela queimasse a minha pele como se estivesse tomada pelo fogo. 

Dei passos para trás, enquanto encarava tudo aquilo, e puxei a parte da parede que fornecia uma abertura, fazendo com que ela se fechasse automaticamente. 

Segurei a pasta azul com as duas mãos e a analisei novamente, mesmo que os meus pensamentos passassem de um lado para o outro do meu cérebro aceleradamente, não permitindo que eu formulasse uma ideia coerente.

Inúmeras lágrimas começaram a escorregar pelo meu rosto, já que elas se formaram com rapidez e ficaram contidas por alguns segundos. 

Eu senti o desespero me engolindo vivo. Senti o chão sob os meus pés ceder. Sentia como se algo tivesse sido arrancado do meu peito e pisoteado de mil modos possíveis.

Eu me senti desmoronar.

Mas no desmoronar de minha alma, a determinação para tirar essa história a limpo surgiu, não me importando de que forma aquele assunto seria abordado com Edward. 

Agarrei então a pasta em uma só mão, peguei o meu celular que estava em cima da cama e desci as escadas com o único objetivo de alcançar a chave do carro e a minha carteira e partir para encontrar a pessoa que me devia inúmeras respostas.

Perdi um pouco o controle do carro quando o tirei da garagem, mas consegui evitar que ele fosse de encontro aos carros estacionados na vizinhança ou que batesse em uma árvore. E, após pisar o pé no freio, peguei o celular e cliquei no número de Edward, deixando que tocasse quantas vezes fosse preciso até que ele atendesse.

No quarto toque, sua voz ecoou do outro lado da linha:

Oi, amor, tudo bem? — ele disse calmo.

Edward não fazia ideia da tempestade destruidora que tinha me devorado.

— Onde você está? — questionei e minha voz rachou, mesmo que eu tivesse executado o comando com uma raiva que era desconhecida até mesmo para mim.

Louis? O que aconteceu?

— Onde você está? — eu indaguei outra vez enfraquecido e meu corpo todo tremeu, parecendo tentar me manter no controle do volante. Não consegui evitar que meu choro ecoasse por todo o carro naquele momento e até mesmo um soluço escapou por meus lábios. E por mais que eu imaginasse que Edward tinha escutado tudo aquilo, forcei a minha voz a ficar estável e perguntar pela terceira vez: — Onde você está?

Ouve uma pequena pausa até ele dizer com preocupação:

Eu estou indo para casa e nós podemos conversar.

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora