12. Batidas do coração

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"O tempo é o batimento cardíaco do universo."

Khalid Masood

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Eu sempre fui o tipo de pessoa que avalia momentos marcantes a partir do ritmo de batidas do meu coração.

Por exemplo, depois que eu e Edward assistimos ao filme de romance em que o casal principal se declarava um para o outro com uma frase romântica de criação deles, Edward, ainda lavando a louça do jantar distraidamente, virou em minha direção e disse com um sorriso grande que brilhava como raios de sol:

— Eu acho que nós deveríamos ter a nossa própria frase.

E isso fez com que meu coração batesse agitadamente dentro do peito.

Eu conseguia senti-lo pulando euforicamente. Eu podia sentir o modo como as minhas bochechas coraram de felicidade ao passo em que ele bombeava sangue com uma velocidade impressionante.

E, mesmo quando eu e Edward começamos a elaborar frases cafonas e fazer piadas sobre a situação, eu conseguia sentir meu coração agindo ainda do mesmo modo. 

— Já sei, já sei — Edward se manifestou e nós dois ficamos em silêncio. Seus olhos vagaram pelo teto e ele parecia perdido em pensamentos, tentando elaborar uma boa frase para nós. — Podíamos começar com algo como, vamos ver... No momento em que respiro?

Havia um ponto de interrogação gigante em seu rosto, como se nem ele mesmo tivesse certeza do que dizia, e não consegui deixar de rir. A minha gargalhada incontrolável ecoou pelo cômodo. Edward sorria suavemente por ter me feito rir, mas eu não queria deixá-lo achar que ignoraríamos aquela sua tentativa. Ele parecia ter feito um certo esforço para encontrar aquele começo.

— Me desculpe, amor, eu estava rindo da sua expressão — me expliquei ainda sorrindo e soltando um leve riso. — Mas eu gostei do seu começo, parece poético. O que você quer dizer com "no momento em que respiro"?

Ele logo balançou a cabeça em negativa.

— Não, não, não me peça para explicar. Agora é a sua vez de ajudar com a nossa frase. Tente encontrar uma combinação boa para isso.

E nós continuamos assim por algumas horas naquela noite. Fizemos até um aperitivo salgado, palitinhos de erva-doce, para nos deliciar na tarefa, mesmo já estando absolutamente cheios.

Quando consideramos a frase bem estruturada e pronta para ser usada, rabisquei as palavras em um papel para que elas não fossem perdidas e olhei para Edward para perguntar:

— Como faremos isso? Eu começo e você termina? Ou cada um recita a frase sozinho para testá-la?

Ele pensou por um momento e então disse:

— Não tenho certeza. Podemos testar diferentes modos. Que tal você recitar sozinho e depois eu repito para ver como fica? 

— Ok. — Eu sorri. — Eu posso fazer isso sozinho. Acho que funcionará dessa forma.

Mas eu estava errado.

De alguma forma, soava errada quando um de nós a recitava sozinho.

**  

Como eu disse, sempre fui o tipo de pessoa que avalia momentos marcantes a partir do ritmo de batidas do meu coração.

E quando os meus olhos se abriram de novo, meu coração bateu forte dentro do peito. Eu estava em um hospital, mais precisamente deitado em uma maca. Havia enfermeiros e médicos ao meu redor, procurando trabalhar com dedicação e com rapidez.

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora