1. As peças de sua roupa

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"Depois que uma coisa está definida para acontecer, tudo o que você pode fazer é torcer para que não aconteça. Ou para que aconteça, dependendo da sua escolha. Enquanto você viver, sempre haverá algo esperando, e mesmo que seja ruim, e você sabe que é ruim, o que você pode fazer? Você não pode parar de viver. "

Truman Capote, In Cold Blood

-x-

Olhei para o prédio em minha frente e deixei um suspiro frustrado escapar por meus lábios.

Com dificuldade e fazendo bastante esforço, coloquei as telas na traseira do carro depois de apresentá-las para todos os possíveis clientes do dia. Eu sentia uma leve decepção com o resultado que obtive durante aquela semana, mas estava tentando deixar a sensação de lado, pois isso poderia me desanimar a continuar tentando.

Assim que entrei no carro, liguei para Edward e falei sobre como tinha sido o meu dia, porém tentei me manter positivo.

— Mas está tudo bem — eu disse. — Eu tentarei amanhã e tudo será melhor.

Não acredito que eles queriam pagar por menos do que você ofereceu — Edward disse do outro lado da linha, prestando atenção, pelo que eu tinha percebido, mas ao mesmo tempo parecendo ocupado, visto que, volta e meia, ele precisava tampar o microfone e falar algo para alguém de seu trabalho. Era difícil entender o que eles comunicavam um ao outro e eu também estava ocupado dentro dos meus próprios pensamentos para querer desvendar. — Da próxima vez, não perca muito tempo com eles. Tenho certeza que aparecerão outras pessoas que irão valorizar mais o seu trabalho do que essas.

— Sim — eu disse vagamente. — Eu espero. — Pois eu já estava perdendo as esperanças, mesmo me esforçando para manter a positividade. — Mas vamos esquecer desse assunto... — Forcei-me a sorrir enquanto dirigia até a nossa casa. — Eu vou fazer algo especial para nós dois hoje à noite e espero que você não esqueça do vinho que falei.

Já está comprado — Edward disse e eu podia sentir que ele estava sorrindo do outro lado da linha. — O que você vai fazer?

— É uma surpresa. — Sorri outra vez. — Na verdade, ainda não decidi. — Dei risada de mim mesmo. — Mas eu vou fazer algo gostoso para que a gente possa comer no café da tarde. Se não ficar bom, você precisa fingir que está, ok?

Edward concordou rindo e começou a falar sobre a necessidade de chegar mais tarde em casa, pois teria de ficar um pouco mais no trabalho. Eu concordei, entendendo o seu lado, mas acabei me distraindo com um pet shop que tinha disponibilizado cãezinhos para a adoção. Havia um em particular que prendeu a minha atenção, pois seus olhos gigantes e brilhantes olhavam para os carros que estavam passando pela rua com curiosidade, como se quisesse segui-los. A sua pelagem era totalmente preta e ele parecia um filhotinho ainda, principalmente pelo tamanho de seu corpo, já que era muito pequeno.

Quando Edward silenciou o falatório do outro lado da linha, acabei dizendo:

— Eu realmente quero adotar um cachorrinho algum dia com você.

Edward riu do outro lado da linha.

O que houve para você fazer esse comentário tão repentinamente?

Soltei uma leve risada também.

— Acabei de ver um cachorrinho para adoção em um pet shop. Você deveria ter visto os olhinhos dele. Se eu não tivesse autocontrole nenhum, provavelmente você chegaria em casa e teria uma enorme surpresa cheia de pelos.

Você realmente quer adotar um, não é?

— Sim — eu disse, meu sorriso nunca indo embora do meu rosto. — Mas sei que fica difícil agora.

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora