19. Botão de reiniciar

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"E se os finais forem apenas um novo começo? Talvez dependa apenas da maneira como você encara as coisas."

Ivy Oakes, What if Stars Don't Die

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Depois da minha conversa com Anne e da chegada de Gemma, nós esperamos em silêncio por alguma notícia de Harry por tanto tempo que quase sucumbi ao desespero. 

Eu não conseguia controlar a direção que meus pensamentos tomavam. Eu não conseguia evitar pensar sempre na pior possibilidade toda vez que alguém da ala hospitalar passava em frente à porta. Eu estava sem esperanças e parecia ter levado um soco no peito.

Eu estava sem esperanças e achava que nunca mais conseguiria ter pelo menos a conversa com Harry. A conversa que eu queria ter. A conversa que eu deveria ter.

Mas, então, depois de inúmeras horas, depois de virarmos a noite no hospital, uma médica apareceu na porta da recepção.

Todos ainda estavam despertos. Nenhum de nós conseguiu fechar os olhos. A única coisa que precisávamos saber era se Harry permanecia vivo.

Assim sendo, eu tive de enfrentar a verdade com o coração na mão. 

Sentia como se eu tivesse de ter aproveitado mais as horas anteriores em que nenhum profissional da saúde apareceu para dar nenhuma notícia sobre ele.

Eu preferia ficar no escuro do que receber a pior notícia que eu poderia ouvir.

Mas a médica disse que ele estava vivo e isso foi como respirar ar fresco outra vez.

Ela disse ainda que seu quadro era instável. Portanto, ele ficaria em observação  na UTI nos próximos dias, mas só de saber que Harry estava vivo me fez florescer outra vez.

Durante os dias em que ele esteve na UTI, passei a maior parte do tempo no hospital, porque o meu maior medo era não estar lá se algo acontecesse.

Como acabaram descobrindo os homens que me sequestraram pouco tempo depois, já que eles tinham uma relação indireta com a Marini, pude voltar a circular pela cidade normalmente em seguida. Portanto, com ajuda de Liam, tirei os meus itens do Centro de Proteção e Liam decidiu que poderia me alojar no apartamento de Harry no tempo em que precisasse.

Eu aceitei, mesmo que ele não estivesse acordado para concordar ou não. Só precisava de um lugar para dormir e tomar banho, visto que até o almoço e o jantar eu optava por fazer no hospital.

Eu esperava que o apartamento de Harry fosse igual a nossa casa. Esperava entrar ali dentro e encontrar tudo organizado do jeito que ele gostava de deixar. Imaginei que teriam muitos cobertores e almofadas espalhados pelos cantos de cada ambiente, já que ele amava ter esse tipo de item por perto. Acreditava também que os armários da cozinha estariam abarrotados de cereais coloridos e amendoins salgados, coisas que ele comia de petisco no tempo livre.

Mas não tinha nada daquilo.

Nada.

Harry não fez como eu ao se mudar para outro ambiente e tentar colocar um toque seu em cada canto. Parecia um lugar recém-alugado com inúmeras caixas espalhadas pela sala de estar. Havia uma ou outra comida na geladeira e nos armários da cozinha que eram de preparação rápida. Sua cama parecia o único móvel utilizado, mas estava desarrumada quando cheguei.

Isso fez o meu coração se apertar e eu decidi que arrumaria algumas coisas ali para que não ficasse tão apático.

E, na medida em que o tempo foi passando, na medida em que Harry foi despertando gradualmente e melhorando na mesma medida, eu alternava do apartamento para o hospital, prevalecendo na maior parte do tempo ao lado de Harry em um estofado confortável.

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora