Epílogo

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"Eu gostaria que você pudesse se ver do jeito que eu te vejo."

Ali Hazelwood, The Love Hypothesis

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ALGUNS ANOS ATRÁS

HARRY

Eu não conseguia tirar os meus olhos de Louis.

Não conseguia, mas isso nem sempre foi assim.

Na primeira vez em que o conheci, estávamos no supermercado. Eu escolhia algumas maçãs, mas me encontrava com dificuldades para achar uma boa em meio a tantas machucadas e estragadas. Estava frustrado, mal humorado, carregando um sentimento incômodo dentro do peito que aumentava cada vez mais na medida em que não encontrava o que eu precisava. Meu olhar estava focado nas malditas frutas, mas nada eu encontrava.

Foi quando uma mão repousou sobre a minha. Ela era quente e levemente áspera. Extremamente gentil.

Quando olhei para cima, observei que o dono da mão era um rapaz de olhos azuis que sorria para mim.

Franzi o cenho, mas não por ele estar ali na minha frente, tocando gentilmente a minha mão.

Franzi o cenho, pois fazia muito tempo que não via uma cor tão viva de azul. Ela parecia brilhar para mim e me chamar de forma convidativa até que eu saísse de onde estava e mergulhasse em suas profundezas.

— Espere mais um pouco — ele disse em um sussurro e fez um gesto discreto para o lado esquerdo. Franzi ainda mais o cenho, mas dessa vez estranhando o que o rapaz dizia. — Frutas melhores estão por vir.

Olhei na direção que ele tinha apontado. Observei que um dos atendentes trazia um pouco mais do estoque de algumas frutas para repor cada estande. As frutas pareciam mais frescas e, pelo pouco que eu conseguia identificar, estavam visivelmente menos machucadas que as que se encontravam disponíveis para nós naquele momento.

— Obrigado — agradeci, mas, por alguma razão, ainda não conseguia trazer um sorriso aos lábios.

O rapaz de olhos azuis, no entanto, parecia fazer aquilo por nós dois.

— Por nada. — Ele estendeu a mão em minha direção. — Eu sou Louis Tomlinson.

Algo afiado atingiu o meu peito, bem no centro do meu coração, e eu apertei a mão dele.

— Edward. Meu nome é Edward Schultz. 

E aquela ponta afiada pareceu se afundar ainda mais no local. 

No entanto, apenas a ignorei. Usei toda a minha força de vontade para jogá-la para o subconsciente e deixei que o líquido sombrio e que me levava cada vez mais para o subterrâneo do poço se aprofundasse em cada um dos meus poros.

— Edward — ele disse, de um jeito que parecia flertar comigo. — Eu recomendo levar as uvas também. Elas sim estão frescas e por um bom preço.

— Sério? — Levantei as minhas sobrancelhas, ainda sem conseguir sorrir.

— Sim! Tem vários outros itens por aqui que posso ir recomendando enquanto você espera por suas maçãs. 

Concordei com um aceno de cabeça e Louis resolveu me mostrar todas as frutas, verduras e legumes que eu poderia usar. Mostrou-me segredos a respeito de que tipos de ingredientes que estavam em boas condições no supermercado e que eu poderia comprar ao invés daqueles que não se encontravam tão bons assim.

Sleeping Beside Secrets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora