O telefone

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  Eu atendo o telefone

-  filho, filho vem direto pra casa, parece que aconteceu alguma coisa com sua avó.

   Sabe aqueles momentos em que o mundo para, o coração acelera, tudo em sua volta gira. Não conseguia dizer uma palavra, apenas congelei.

  Fui correndo até o ponto de ônibus, nem liguei pra nada que estava em minha volta. Meu coração batia forte e meu corpo suava frio, minhas pernas mal funcionavam mas continuei a correr, com todas as forças que eu tinha.

Chego no ponto de ônibus e pego ele quase cheio, mas ainda consigo um lugar, então o ônibus sai. Minha vista está ficando escura, parecia que eu ia desmaiar - não posso perde-la.

  Chego em casa e vejo mainha na porta desesperada. Meu pai, ele deve tá bebendo em algum lugar do mundo. então mainha me pelo braço e vai até a rodoviária correndo, ela é próxima de onde eu pego o ônibus pra ir pra escola.

  Não consigo dizer uma palavra, enfim chegarmos na rodovia e conseguimos  pegar um ônibus indo pra Recife, então mainha diz:

- ela está internada no São Miguel, parece que ela desmaio no meio da rua e bateu com a cabeça no chão - minha mãe fala chorando e continua.

- um homem do hospital encontrou meu número e ligou pra mim, ainda não sei oque está acontecendo com ela - ela diz tremendo.

   Todo esse nervosismo e euforia me lembravam de uma coisa.
Eu tinha 8 anos, estava com medo de aprestar uma peça que ia acontecer na minha escola, minha mãe estava trabalhando e meu pai bêbado, ninguém vira e isso me dava mais medo ainda mas me lembro de ver minha vó chegando, isso me fez sentir acolhido me lembro da minha alegria, me sentia péssimo vendo as outras crianças com seus pais e eu sozinho e com medo.

   Está com ela me ajudou muito, contei a ela que estava com medo e ela me deu um abraço forte e disse que sempre que eu estivesse com medo, era só abraça- lá.

É tão incrível como alguém pode ser tão especial ao ponto de estar nos seus melhores e piores momentos.

- Agora só queria o seu abraço.

   Chegamos no hospital

Ainda bem que tinha um ponto de ônibus bem em frente ao hospital.       Chegamos e fomos direto a recepção, mainha falava com o povo que fica na recepção enquanto eu guardo um lugar. Então uma senhora gentil, diz que daqui a alguns minutos poderíamos visitá-la.

- odeio esperar.

Enfim, depois de 30 minutos, um médico aprece e diz que a gente poderia entrar para ver ela. Entrando no quarto via ela, assim como na peça quando eu a vi todo aquele medo acabou, logo eu falei:

- vó

- queridos - ela fala

- não faz isso com a gente - mainha fala chorando

- acho que tive uma queda de pressão, algo do tipo, mas estou bem, não se preocupem - ela diz e continua

     Meu coração está aberto
E as minhas malas desfeitas
Eu não vou embora tão cedo.
                                   Cazuza

Ela fala de um jeito sorridente como se nada tivesse acontecido. Mainha sai pra comprar alguma coisa para comer, querendo ou não estamos famintos, então ficamos papeando, logo ela diz:

- eu estava andando e do nada minha vista começou a ficar escura, me deu um mal estar e o resto você já sabe.      Por mais estranho que pareça, sua vóinha não tem mais quinze anos.

- aí vó a senhora é uma onda - eu falo

- eu sou a praia inteira - ela responde

  Não sei o por quê mas me sinto a vontade pra falar sobre o baile, acho que é o assunto mais aleatório que veio na minha cabeça, então eu falo:

- vó, eu fui convidado pra ir em um baile sem graça da escola mas nem sei se quero ir, acho tão chato.

- quem te convidou tiago, todo cheio dos convites, esse é meu garoto. - ela fala

- o Dan - eu respondo

- Daminhão, acho que deve ser alguém engraçado, todo Daminhão é engraçado, já namorei um cara chamado Daminhão e ele fazia morrer de rir, terminei com ele depois de ver ele com outra, mas como eu não sou dessas que se lamenta por macho, peguei o irmão dele no mesmo dia. - ela fala

- o nome dele é Danilo - eu falo morrendo de rir










Eu preciso dizer que te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora