33 - Eu te amo

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Natan Scott

Toalhas aquecidas, secador embutido, balinhas de hortelã, sabonetes carimbados com o símbolo do hotel assim como os roupões. Nenhum desses mimos supriam o vazio que eu já sentia pela ausência de Luke. Oito horas depois de toda a nossa briga e eu seguia tenso, com o nervosismo dominando o meu estômago. Ansiava por algum sinal de vida seu enquanto minhas esperanças tentavam me acalmar, iludindo-me com a ideia de que, a qualquer momento, o garoto me mandaria uma mensagem falando que nada passou de um surto e ainda deveriamos ser amigos.

Bem, enquanto a mensagem não chegou, meu tempo foi consumido pelo catálogo ilimitado da tv do hotel, minúsculos chocolates que eu encontrei sobre meu travesseiro e a competição deprimente que minhas lágrimas faziam com a chuva que ecoava do outro lado da janela. Por mais que eu quisesse manter as esperanças, uma parte minha já havia desistido e se jogado sobre a cama, desejando não acordar no dia seguinte.

Eu estava um caco, e nenhum programa de venda de joias às três da manhã com um punhado de chocolate e latas de refrigerante iriam me animar. Apenas uma coisa poderia devolver o sorriso para o meu rosto em todo aquele caos. Tyler. Meus impulsos conduziam para que eu discasse para ele, mas o restante da minha sanidade hesitava. Eu não queria enchê-lo com meu drama adolescente no meio da madrugada, eu sabia disso. Mas eu não tinha escolha. Eu precisava dele, e eu precisava naquela hora. O toque eletrônico do celular penetrava os meus tímpanos, relembrando-me das memórias ainda frescas dos momentos que antecederam o show de horrores da noite passada.

"Alô" - Tyler atendeu em um resmungo sonolento após alguns toques.

Merda, ele estava dormindo. Sim, ele estava dormindo assim como qualquer pessoa normal faz às três horas da manhã e, obviamente, isso não me incluia. A minha surpresa por ele ser acordado é substituída pelo arrependimento que incinerava os meus órgãos. O quão egoísta eu era por ligar para ele no meio da madrugada? Isso tudo comprovava o que Luke berrou para mim?

"Oi..." - A monossílaba foi a única coisa que consegui pronunciar ao conciliar todos os meus pensamentos opostos sobre a situação.

"Natan? O que aconteceu?" - Ele expressa preocupação, mas a escondendo abaixo de um enorme pano branco que era o seu bocejo.

  Eu realmente era um grande idiota egoísta

  "Desculpa ter te acordado" - Cochicho, tentando me livrar da culpa que ainda esbravejava por toda a minha consciência.

"Eu não estava... dormindo" - Tyler mente, entregando a si mesmo por mais um bocejo generoso que tremeria as paredes de meu quarto se estivesse no viva-voz.

"Depois que cê saiu, eu e o Luke brigamos pra caralho. Então, eu vim pra um hotel. Tem como você vim e dormir comigo?" - Peço, praticamente implorando por sua companhia.

"Estou colocando uma roupa e chamo meu Uber, me manda o endereço." - Ele assente, distribuindo um generoso sorriso em meu rosto que recolhia alguma das lágrimas que ainda escorriam por minha pele.

"Ok. E obrigado, amor" - Agradeço, sentindo meu corpo carbonizar depois da última palavra dita.

Ok, talvez eu esteja criando todo um espetáculo por um simples apelido que todo casal sem criatividade usa? Talvez, mas acredito que não passa de especulação. O ponto é que finalmente ter alguém para atuar comigo em todos os clichês que eu havia anotado mentalmente depois de doses e doses de romances adolescentes me deixava emocionado.

"De nada, amor" - O garoto repete o apelido, revelando para mim que ele tinha escutado a última parte mesmo saindo em um sussurro quase silencioso.

Amor

Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora