14- Ciúmes?

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Natan Scott

  Os raios solares invadiam agressivamente a sala, iluminando-a por completo. Reparo que ainda estava jogado sobre o sofá quando percebo a presença de Tyler. Sua cabeça estava apoiada sobre meu peito. Seus fios negros constantemente faziam cócegas em meu queixo, era uma boa sensação. Eu calaria qualquer instinto meu que ousasse mexer um músculo que fosse por receio do que aquela situação representaria.

  Fico observando-o por longos minutos. A forma como a luz incidia em seu rosto era divina. Mesmo com o nariz quebrado, ele conseguia ser fodidamente perfeito.

  Depois de quase trinta minutos estudando cada traço de seu rosto, retiro-me cautelosamente se debaixo de Tyler, esforçando-me ao máximo para que não o acordasse. Já ao seu lado, ajeito a manta de forma que o cobrisse por completo. A tensão sentida em minhas pernas logo me lembra dos afazeres do dia.

Esfrego as mãos sobre o meu rosto, tentando afastar um pouco do sono que insistia em me derrubar. Atravesso a sala certificando-me que o garoto estava dormindo, subo as escadas e, ao encontrar o meu quarto, ajeito-me em uma roupa limpa qualquer que achasse naquela mala. Silenciosamente, evaporo da cabana e ando calmamente pelos pinheiros que a circundavam.

  O ar puro que entrava pelos meus pulmões era revigorante. A forma como a brisa da manhã batia em mim, seguida pelas folhas que caiam lentamente das árvores me dava uma tremenda paz interior. Estava sendo ótimo, mesmo com toda a merda que estava acontecendo em Asheville. Viver aquele momento foi ótimo.

   Apresso as minhas pernas enquanto percorria pela mata fechada nutrida pelo canto de pássaros e os galhos que se quebravam ao meu pisar. Instantaneamente, sinto uma aguda dor em meu peito, cessando imediatamente a minha corrida. Reclino-me sobre o tronco de uma árvore, na tentativa de recuperar minha respiração. A ofegância se diluía com o desespero que tomava meu corpo por completo.

   Agacho, deslizando meu corpo pela madeira, desconhecia o melhor modo de me recuperar. Logo, escuto passos percorrendo o interior da floresta. Cada vez mais próximos. Mais e mais próximos. Os galhos quebrados pelo impacto acompanhavam a alta frequência dos movimentos, ainda mais próximos.

   -Está tudo bem? - Um garoto aparece após o fim do barulho. Estava suado, ocasionando na queda de seus cabelos úmidos pela sua pele pálida. Seus músculos estavam extremamente destacados pela malha vermelha de sua camisa,  repleta de suor.

   -Não, eu estava correndo e... - Pronuncio com tremenda dificuldade, interrompendo em seguida para puxar desesperadamente o ar até meus pulmões. A mão do garoto encosta sobre meu ombro, sentia sua respiração trêmula devido à situação.

   -Tá, onde é sua casa? Posso te levar até lá. Não sei que merda posso fazer. - Ele oferece nervosamente. Seus olhos estavam vidrados nos meus, transmitindo todo o seu desespero para mim.

-A dos Hills. - O garoto pondera por um tempo, olhando ao redor como se buscasse respostas de qual caminho seguir. Após poucos segundos, ele envolve meu braço pelo seu pescoço e nos arrasta arduamente.

Ameaçávamos cair a cada passo que era dado, sempre inclinando para um lado ou para o outro. Sinalizo para a casa marrom quando a mesma já era visível, aumentando a velocidade dos passos do garoto.

Assustadamente, Tyler aparece na porta com uma xícara de café presa em seus dedos. Ele abre espaço rapidamente para que o garoto pudesse entrar comigo, assistindo a tudo completamente perdido. Seus olhares alternavam entre nós na tentativa de entender o que estava acontecendo.

O rapaz coloca meu corpo sobre o confortável sofá da sala, afastando seus braços de mim em seguida. Minha respiração conseguia retomar o ritmo normal aos poucos, mas ainda estava completamente estável.

Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora