13- Porra, ele me deixa confuso

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Tyler Hills

  A emoção de estarmos fugindo logo é substituída pelo súbito silêncio de Natan. Desde que passamos pela placa azul "Você está deixando Asheville", sua êxtase também foi deixada.

  Ele parecia preocupado? Seus lábios estavam selados e perfeitamente clareados pela mistura cromática do pôr do sol. A grande estrela estava preparando para desaparecer atrás das montanhas graciosamente.

  -Você está bem? - Indago, alternando minha atenção entre ele e a estrada. Natan estava deitado com a cabeça em meu moletom há bons minutos.

  -Eu tô preocupado. Que que eu vou fazer quando voltar? Não dá pra fugir para sempre, Tyler - Ele retira a cabeça do meu agasalho. Agora dele. Seu agasalho. O casaco agora fazia companhia para o lixo do McDonalds e a mala de Natan no banco de trás.

  -Não preocupa com isso agora. Quando chegarmos, a gente dá um jeito. Eu dou um jeito - Esboço um sorriso confiante para Natan, que passara a prestar mais atenção em mim. A insegurança em seu rosto era nítida, e tremendamente compreensível. Dizia que daria um jeito, mas sequer sabia como.

  -Tá - Ele concorda, mesmo que não confiasse nas minhas promessas - Pra onde a gente tá indo? - Seu braço é colocado frente à seus olhos, criando assim uma barreira contra os fortes raios solares. Mesmo assim, a luz insistia em pertubar os seus olhos.

  -Eu tenho uma cabana há alguns quilômetros daqui. O mais perto de uma casa no lago que temos - Sorriso sutilmente ao lembrar as boas lembranças vivenciadas nesta casa. Todas as férias de verão, as escapadas nos fins de semana e algumas comemorações. Sem dúvidas, meu lugar favorito no mundo.

  Natan assente com a cabeça e, como forma de solucionar seu problema, estendo meu braço até o porta-luvas em sua frente para retirar meus óculos de sol.

  -Toma  - Ordeno ao entregá-lo o estojo desgastado do meu antigo Ray-ban. Natan agradece com um singelo sorriso prosseguido pelo encaixe da peça em suas orelhas.

  -Tyler, mas e seus pais? - Natan indaga preocupado. Cara, a forma como os óculos se encaixaram nele era única. Ainda ficava surpreso como ele conseguia ficar melhor do que eu usando minhas coisas. E ainda mais perplexo com a forma como ele atraía e prendia o meu olhar sem grandes esforços.

  -Fica tranquilo, ligarei para eles assim que a gente chegar. Eles vão entender a situação - Afirmo confiantemente. Quanto a isso, nunca pude pestanejar sobre meus pais. Sempre foram as pessoas mais compreensíveis que eu conhecera.

Natan Scott

  À medida que adentrávamos naquele denso oceano de árvores, a cabana dos Hills ficava mais destacada. Uma bela combinação rústica formada por madeiras de carvalho, uma torre de pedras medieval, e uma arquitetura impecável com belas vidraças enfeitando as laterais do casarão

  O sol já se despedia com uma última rajada pelo horizonte de pinheiros. A ventania que tomava seu lugar era suave, balançava o ápice de cada pinheiro orquestradamente, mas aterrorizante para os pássaros que as deixavam.

  -Chegamos! - Tyler exclama, aterrissando o carro em um conjunto de cascalhos barulhentos. Ele retira a chave da ignição e abre a porta do carro, sacudindo-se na expectativa de livrar-se dos restos de alimento caídos pela sua camiseta preta. A singela marca de sangue em seu negro tecido me chama bastante atenção.

  -Cê tá vestindo uma camisa com sangue? - Questiono, zombando da situação.

  -Nem lembrava dessa porra - Tyler gargalha, mas mais uma vez seu sorriso é aniquilado pela expressão de dor causada pelo nariz ainda quebrado. Desajeitadamente, ele tenta retirar a camiseta, sendo impedido pela catástrofe em seu nariz.

Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora