Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)

23 - Segundas Chances

Natan Scott

Eu pensei que nunca mais sentiria essa dor novamente. Eu estava errado. Todo este caos com Tyler apenas me relembrava tudo que acontecera com minha mãe. Remetia-me àquela melancólica noite que insisti em dormir com ela, que esperneei e gritei por todo o hospital que queria ficar com ela. De alguma forma, eu sentia que aquela era a última noite que poderia passar com ela. Não demorou até que recebemos a ligação do hospital no meio da noite. Quando escutei meu pai tentando me acordar, e, ao olhar nos olhos dele, já sabia o que havia acontecido. Eu tinha acabado de perder a pessoa que eu mais amava nesse mundo. E a sensação de que perderia Tyler era exatamente a mesma que tive há anos e anos atrás. Justo quando tudo estava entrando nos eixos, quando me permiti estar apaixonado por ele sem me culpar. Quando decidi ignorar o rancor e dar uma nova chance à ele. Mais uma vez, o universo está provando-me o quão filho da puta ele consegue ser.

Já estava perdido nos meus pensamentos. Como sempre, todo o meu pessimismo ofuscava e dilacerava qualquer faísca de esperança que ousasse aparecer. Felizmente, todo esse inferno astral teve uma leve pausa quando senri uma vibração no meu bolso esquerdo, fazendo com que o pegasse ligeiramente. Era uma mensagem de Luke.

"Tá tudo bem? Ele ta bem?"

E tudo voltava na minha cabeça, ainda mais vividamente. Todos os minunciosos detalhes me infernizavam a um ponto que era impossível parar de chorar.

"Ele teve uma parada cardíaca, até agora os médicos não me disseram nada."

Assim que finalizo a mensagem, percebo uma pequena criança em minha frente. Era a irmã de Tyler. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente trançados e caindo sobre seu grande agasalho rosa.

-Você é amigo do meu irmão? - A garotinha diz enquanto me encarava.

-Eu acho que sou mais ou menos isso. - Dou uma leve risada simpática, tentando animar a criança que parecia perturbada com tudo que estava acontecendo.

-Mas meu irmão não tem amigos, ele só leva aquela moça pra casa. - Ela me confronta de uma maneira fofa.

-Eu conheço ele há pouco tempo, por isso que você nunca me viu lá - Respondo enquanto tentava forçar mais um sorriso gentil.

-Ele vai ficar bem, né? - A garotinha pergunta, era evidente toda a sua preocupação com o irmão mais velho. Bem, essa era a pergunta que eu mais queria ter a resposta no momento.

-Claro que vai, isso é normal. Jaja os médicos liberam pra você ir lá. - Sorrio novamente para a criança, que, finalmente, abre um leve sorriso. Era exatamente como o de Tyler.

- Eu sou a Mia. Qual o seu nome? - A loirinha se senta na poltrona ao meu lado, balançando as perninhas suavemente.

-Ei, Mia! - Escuto a voz da Sra.Hills clamar pela menina, observando-a numa poltrona um pouco distante da nossa. - Não incomode o amigo do seu irmão.

-Está tudo bem, Sra.Hills. - Respondo com um leve sorriso.

Desconheço de onde eu estava tirando tanta gentileza e sorrisinhos. O cara que eu era apaixonado poderia estar morrendo naquele exato momento, e eu parecia uma criança em um parque de diversões fazendo novos amigos. Novamente, a vibração do meu celular retira-me dos pensamentos que eu já estava tão submerso.

"Madison tá aqui, ela tá discutindo igual uma louca com a recepcionista."

O fato de Madison estar agindo daquela forma não me parecia surpreendente, mas sim ela se importar com Tyler. Uma presença imponente foi capaz de modificar toda a energia do ambiente, atraindo os nossos olhares. Era um dos médicos que entrou agilmente no quarto.