34 - Dilemas

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Tyler Hills

-Eu só vou trocar de roupa, pegar algumas coisas e às sete a gente se encontra, ok? - Proponho, escorando-me na janela do Uber para me despedir de Natan.

-Tudo bem, eu resolvo tudo e a gente se encontra na minha casa. - Ele se despede, desaparecendo assim que o carro virava à esquerda.

A gama de cores quentes que o pôr do sol formava no horizonte já me indicavam a proximidade que o fim do dia estava. Nesse exato momento, eu estaria preparando-me junto com o resto do time. Foi assim por dezenas e dezenas de sextas. Mas acabou, e por mais que essa memória retornasse quase a cada minuto para meu subconsciente, a fase que eu estava vivenciando agora superava qualquer jogo ou campeonato.

-Tyler! - Minha mãe clama por mim na cozinha ao ouvir a porta da sala se abrindo.

-Tô ocupado, mãe. - Respondo, marchando rapidamente pelos degraus.

A sua voz ecoou mais uma vez pela casa, mas sigo o meu caminho para o quarto. Seja o que fosse ela poderia esperar cinco minutos.

-O que você está fazendo aqui? - Apavoro-me, congelando os meus passos e encarando a garota que me aguardava em minha cama.

Madison está aqui. O que caralhos ela vai querer dessa vez? Sempre que eu estou perto dela, acontece alguma merda gigantesca que me afasta de Natan. Ela é um amuleto de azar para mim. Como se já não fosse suficiente um relacionamento deplorável, agora eu tenho que aguentá-la por estar grávida. E é aí que todas as minhas esperanças de ficar longe da garota morrem.

Eu realmente devia ter escutado a minha mãe antes de subir essas malditas escadas

-Caso você não tenha percebido, a gente tem uma criança aqui na minha barriga. - Ela esbraveja, apontando para a barriga e performando toda a sua antipatia que eu estava acostumado. Nem mesmo se preocupava em forçar um sorriso ou um oi, era sempre a mesma grosseria.

-Sim, eu sei que tem uma criança na sua barriga, está ficando bem óbvio. - Provoco, gargalhando enquanto a garota estapeava o meu braço como forma de vingança.

-Idiota! - Madison replica, mas não conseguindo evitar o sorriso que crescia no canto de seu lábio. Estranhamente, apenas um comentário descontraído foi necessário para que a amargura não dominasse mais o seu semblante.

Momentos leves como esse nunca foram o normal de nossa relação, eu já estava acostumado com a cara fechada e as birras constantes por sua mimadez. Era até mesmo estranho reconhecer um sorriso no rosto de Madison que não fosse falso ou momentâneo para um flash.

-A gente precisa conversar. - A loira tenta novamente, cruzando os braços diante o seu busto e me encarando. A preocupação que ela transmitia já esfriava a minha espinha.

-Fale. - Simplifico, escorando as minhas mãos sobre a escrivaninha de madeira enquanto esperava pelo motivo de tanta agonia em sua postura.

Madison umedeceu o seu lábio inferior, afligindo-me pelo drama que ela persistia para gerar uma tensão ainda mais no clima que circulava pelo meu quarto. O seu silêncio seguiu por mais alguns segundos, ela aparentava procurar pelas palavras perfeitas para serem utilizadas. Ou então estava dramatizando tudo como ela sempre foi especialista em fazer. A drama queen mais irritante de todas.

-Minha mãe está quase descobrindo. - Ela assume brevemente, chocalhando os ombros para que as suas ondas douradas deslizassem por suas costas.

A revelação me preocupava, mas não tanto quanto as outras possibilidades que me assolavam em seu mínimo voto de silêncio. Os pais de Madison saberem de todo o problema era apenas questão de tempo, uma hora ou outra eles saberiam. Obviamente, eu desejava que o momento fosse no nascimento da criança, meu ânimo para lidar com os questionamentos de todos sobre como isso aconteceu é inexistente.

Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora