52 - A Noite do Baile pt. 2

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Natan Scott

Eu estava cercado pela multidão que se entretia com o meu desmoronamento. Não haviam palavras que pudessem expressar o mix de sentimentos que me assolavam. Eu estava confuso. Eu estava puto. Eu estava triste. Eu estava caído nos braços de Lucca que já estava perdendo todo o seu fôlego por sustentar o meu peso. Eu estava vulnerável, e isso não chegava a ser pior de tudo. Eu estava vulnerável em frente a todo o colégio que apreciava o meu drama e o de Tyler que se desesperava aos berros nos braços que ainda o afastavam de mim. Eu estava perdido. Completamente e profundamente perdido.

Recompus-me, flagrando os seus olhares marejados que caíam sobre mim. Eu estava fraco e abatido, mas não o bastante para me impedir de manter o equilíbrio em minhas duas pernas, caminhando até ele cercado por toda a multidão atenta. Os jogadores que o prendiam o soltaram imediatamente quando eu estava em sua frente. Ele era incapaz em olhar em meus olhos. Tyler era culpado de tudo aquilo que Thomaz o acusava assim como a sua mãe, mas eu queria ouvir isso de sua boca. Eu precisava.

-É verdade? - Questiono, aprisionando as minhas emoções para que eu não ruísse em sua frente - Você sabia disso?

-Natan... - Ele implora com a voz embargada.

-Responde. Você sabia disso? - Mantenho a rigidez. A rigidez necessária para que ele inclinasse o olhar até mim, revelando toda a sua culpa.

-Sim - Tyler selou o nosso destino.

Tyler selou o nosso destino que jamais poderia ser alterado. Eu seria capaz de perdoar todo o seu passado macabro, mas não poderia ignorar esse segredo que ele guardou de mim. Eu não o julgava por não escolher um lado em uma guerra que ainda não havia sido declarada. Eu o julgava por permitir que eu entrasse em sua casa e me sentasse ao lado da assassina da minha mãe inúmeras vezes. Eu o julgava por permitir que eu criasse qualquer forma de afeto por quem destruiu a minha vida. Eu o julgava por ter vindo atrás de mim mesmo sabendo de tudo. Eu o julgava por ter sido egoista ao ponto de viver um romance comigo com tantas mentiras varridas para debaixo do seu tapete. Eu o julgava por ser cínico ao ponto de pensar que poderíamos ter qualquer espécie de futuro juntos. Eu o julgava por ser o grande amor da minha vida que eu não estava mais disposto a amar.

Um golpe contra o seu rosto foi a minha resposta. A minha resposta silenciosa que arrancou suspiros e risadas de todos que nos encaravam. Sentir a sua mandíbula se chocar contra o meu punho foi o suficiente para extravasar a energia excessiva que percorria em meu corpo. E abandonar toda essa força colapsou os meus pensamentos. Eu não sabia os meus próximos passos e muitos menos o que sentir, mas sabia que precisava desesperadamente fugir de tudo e de todos. Eu precisava da solidão que tanto rejeitei. Nada iria curar a dor que se espetava em meu peito, mas uma garrafa de vodka e o silêncio que permitia que eu escutasse as batidas exaustas do meu coração seria um bom começo para a minha próxima e desconhecida decisão.

-Natan! - Tyler ruge, correndo atrás de mim já no gramado do colégio. Junto com o garoto, inúmeras pessoas deixavam o ginásio para acompanhar o desfecho dramático que a nossa história teria. O desfecho nada feliz ou agradável para nenhum de nós dois.

Eu não planejava dá-lo qualquer satisfação, mantinha todo o meu foco na minha lenta fuga do colégio. Tyler não estava disposto a me dar esse espaço, e muito menos um segundo que fosse de paz quando insistiu em me perseguir clamando pelo meu nome a cada dois segundos.

-Caralho, o que mais você quer de mim?

-A gente precisa conversar, cara! Eu não tenho culpa por isso! - Ele tenta se justificar, praticamente implorando para que eu o escutasse.

Toxic Love (Continuação disponivel no perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora