SOB A MESMA LUA

Prólogo

- CORRE! – Escuto uma vós masculina gritar, perto de mim.

- EU NÃO VOU SEM VOCÊ! – Rebato.

- VOCÊ TEM QUE IR! FOGE! – Rosna mais uma vez, sinto alguém me pegando no colo e correndo contra o vento, parecia um carro de corrida.

- Fica aqui, logo volto. – Diz um outro rapaz cujo rosto não consigo ver, pois o está borrado.

- Mas, eu não posso deixar vocês, eu tenho que ajudar. – Falo contendo minhas lágrimas.

- Any, vai ficar segura aqui, só saia daqui se eu ou o pessoal vier te buscar. Ok? – Ele não me deixou responder correu novamente.

Passado algum tempo escuto uma voz, que me causa arrepios, eu conheço aquela voz, mas não sei de onde.

- Any, Any. – Disse dando passos na minha direção, eu estava com medo, não conseguia sair da caverna. – Aparece querida, eu só preciso de um pouco do seu sangue, você nem vai sentir nada. – Tento acalmar a minha respiração. Mas é em vão, sinto ele se aproximando cada vez mais e isso só me dá vontade de correr para bem longe, quando estou preste a correr sinto alguém me puxar.

Acordo mais uma vez, com a respiração ofegante, desde meu último aniversário, estou tendo esse sonho, quase todas as noites, e isso está me cansando, olho para o meu rádio relógio, que estava em minha mesa de cabeceira, ele marcava 03:00 da manhã, resolvi pegar meu notebook ler algumas fanfics ou assistir alguma coisa, estava no último episódio de Vanda&Vision, acredito que dormi, pois quando acordei novamente o sol já emanava sua luz pelo meu quarto. Eu lembro que estava assistindo o segundo episódio da série, fiz uma nota mental de que quando chegar na casa que era de minha família em Grover Falls.

Meus pais eram separados desde que tinha dois anos, sempre perguntei para eles o porquê deles não estarem juntos e ela falou que a paixão que eles tinham acabou, mamãe e papai nunca foram de brigar por minha guarda, pois sempre passei o verão com ele, até minha avó ser morta, eu deveria ter uns 12 anos, meu psicólogo falou que a dor de perder ela foi tamanha que tudo o que envolvia minha nona, ou a cidade em que nasci, me causava repulsa. Parece bobeira, uma moça de 21 anos com medo de voltar ao passado, mas é um trauma que devo superá-lo.

Eles eram incríveis, não posso negar isso, quando aprontava alguma meus pais faziam uma ligação de vídeo para os dois me derem bronca ou em conjunto determinavam meu castigo, não posso dizer que meus pais eram ausentes por serem separados, eles eram unidos, bem unidos.

Sempre que meu pai podia, saía de Grover Falls para me visitar em Twin Falls, digamos que os fundadores das cidades não eram muito bom com nomes, mas tem uma lenda que fala que as cidades nasceram quando um lobo e uma ninfa se casaram, que ela era a prometida dele, e os dois mundos estavam em guerra por causa de um certo ser místico que queria o sangue dessa ninfa, por isso que a família dela e a família dele a esconderam em Twin Falls e foi assim que surgiu a cidade. Há rumores que em uma certa época essa ninfa e esse lobo irão aparecer novamente para acabar de vez com a guerra entre esses mundos que persistem até hoje. Ahh tenha a santa piedade, quem inventou essa história, não estava em seu juízo perfeito, ninfas, lobos, vampiros... Quem acredita nisso? Isso é apenas histórias para crianças dormirem.

Mas o senhor Henrique Puente, sempre aparecia no meu aniversário, era sagrado isso. Ele se hospedava em minha casa, eles podiam não ser mais casados, mas eram amigos e acho legal isso.

Saio de meus pensamentos quando escuto alguém bater na porta.

- Any, querida está acordada? – Diz minha mãe do outro lado.

- Sim, mãe. – Agilizei-me para guardar o notebook, se mamãe visse com toda a certeza brigaria comigo. Sim, eu ainda moro com ela, mas isso logo vai mudar quando for para Grover Falls novamente, digamos que meu pai se aposentou da sua função de veterinário e resolveu viajar pelo mundo.

- Está pronta? – Queria saber se estava pronta para voltar para minha cidade natal, e eu estava? Com toda a certeza não, mas vou ficar.

- Sim, mamãe. – Forcei um sorriso.

- Amor, não minta para a sua mãe, sei que já fazem oito anos que você não vai para lá. – Ela suspirou. – Posso estar sendo dura com você, mas você precisa afastar de você os fantasmas. – Eu concordei, sei que falava para meu próprio bem. – E além do mais, você precisa ficar no lugar do seu pai. – Falou brincando com meu nariz, era uma coisa dela. Sorri pois aquela mulher, era o modelo de pessoa que eu queria seguir sempre.

- Você está certa, dona Tisha. – Abracei ela. – Que horas é o ônibus? – Como Grover Falls não possuía aeroporto, o jeito era ir de ônibus.

- Daqui duas horas. – Assenti positivamente, olhei novamente no meu rádio relógio e vi que marcavam oito horas da manhã. – Bom, vou deixar você terminar de arrumar suas coisas. – Ela estava saindo, quando se lembrou de algo. – Ahh! Seu pai me contou que amanhã mesmo você vai para a nova escola, tudo bem? – Concordei com ela e veio me abraçar, um abraço apertado. – Vou sentir sua falta.

- Eu também, mas quando precisar pode voltar para casa me visitar, que vou sempre estar aqui de braços abertos. – Sorri para ela, ela me deu um beijo em minha testa e me deixou sozinha em meu quarto, finalizei a arrumação de minhas malas e fui tomar um banho.

O ônibus não demorou muito para chegar e tão pouco para sair. Não vi às três horas de viagem, quando dei por mim vi a placa de 'Bem-vindos a Grover Falls', um calafrio passou pelo meu corpo, afasto isso de minha mente e suspiro, por mais que eu queira, eu não estava preparada para voltar.

Lembro-me de quando papai me deu a notícia, eu fiquei muito brava, não queria voltar, mas depois de conversar muito com minha mãe, meu pai e com minha amiga Maite, percebi que precisava dar um fim no meu luto, precisava seguir minha vida, vovó com toda a certeza não iria gostar de me ver sofrendo por tantos anos.

O ônibus parou na rodoviária e algumas pessoas começaram a sair, inspirei profundamente o ar e soltei ele devagar, finalmente tomei coragem e desci. Estava na hora.