28: uma dupla de donzelas que se queimam no sol

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Aviso de possíveis gatilhos: assédio sexual.

Aviso de possíveis gatilhos: assédio sexual

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Aquele era o dia. Margareth finalmente veria Enrico.

Isso era tudo o que estava em sua cabeça, desde que havia saído da cama. Ela mal havia se importado, quando acordou e percebeu que Sienna não estava ali. Pensou que, provavelmente, havia ido à reunião que mencionara no dia passado. O que realmente importava para ela era que pontadas de aperto atacavam seu coração, porque Enrico estava a algumas horas de distância de si.

Ela fez questão de que todas as suas ações naquele dia se relacionassem a ele, de alguma forma.

Encarou seu reflexo no espelho com incerteza, olhando para o vestido de pano amarelo liso, que se assemelhava mais a um único pedaço de fita grossa envolvendo todo o seu corpo. Era o mais simples que pôde achar e, ainda assim, demais para ir ao vilarejo. Ela não queria que sua família pensasse que, de alguma forma, a nobreza a mudou. Mesmo que houvesse mudado, ela não desejava que as outras pessoas tivessem ciência disso.

Um suspiro se estendeu em sua boca por alguns segundos, até que tomasse a coragem para carregar suas duas malas por conta própria e abrir a porta do quarto.

Antes de sair, ela olhou uma última vez para a cama em que havia dormido, abraçada com Sienna. Ela quis, por um segundo, que aquele momento ainda não houvesse acabado. Que elas ainda estivessem ali, deitadas, em paz. Com a luz da janela batendo no rosto da ruiva e refletindo em suas pequenas sardas, transformando-as em um universo de estrelas douradas nas bochechas pálidas da garota.

Depois fechou a porta, sem pensar duas vezes.


Ela conseguiu não se perder pelos corredores, dessa vez. Mesmo que se tratasse de um lugar totalmente novo para si. Depois de algum tempo em Kaena, acabou percebendo que a estrutura interna era sempre construída de uma forma estratégica. Ela apenas precisava escolher atravessar os corredores que pareciam mais atrativos e, em poucos minutos, encontraria a saída principal daquele lugar.

Não foi exatamente o que aconteceu. Ao menos, não de primeira tentativa. Margareth teve de se esforçar para não acabar caindo nas masmorras, sem querer. Talvez, ela não fosse tão boa assim em identificar caminhos.

Após descer algumas escadas lascadas e virar a primeira esquina que encontrou à sua frente, adentrou o primeiro corredor que lhe parecia familiar. Lembrava-se do caminho estreito e da abertura enorme que havia em um dos lados, o que fazia o local se assemelhar mais a uma varanda extensa do que a um corredor, de fato. Mas a visão dali era linda. Ela havia passado por ali no dia anterior, quando subiu com Sienna ao quarto.

Lembrava-se disso porque, quando se deparou com a visão lá fora, bem longe dos muros da passagem, pensou se não conseguiria ver seu vilarejo dali. Mas aquilo era impossível. Ainda assim, foi o que tentou fazer, quando passou novamente pela manhã.

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