07: deitando-se sobre um túmulo

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O que ocorreu durante a noite do baile de primavera tinha tudo para ser considerado um evento inesquecível

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O que ocorreu durante a noite do baile de primavera tinha tudo para ser considerado um evento inesquecível.

Por certo, aqueles que estavam presentes no momento do acidente, apesar de cultivarem distintas opiniões entre si, mantinham em mente um único pensamento, o qual concordava-se a todos do salão, e este era sobre o quão rápido o vexame se tornaria história contada entre as esquinas dos corredores do castelo até que o próximo baile acontecesse.

No dia seguinte ao ocorrido, Margareth ainda via-se vermelha de desgosto. Ela passara toda a manhã em tentativas de estabilizar a sua mente após tantas emoções as quais fora obrigada a aturar até ali. Entretanto, suas tentativas foram totalmente falhas, e todo o espaço que antes ocupava-se com memórias do acidente horroroso, agora, esvaziava-se apenas para remeter às lembranças de sua conversa com senhorita Bolgart.

De fato, Marga possuía preocupações demais em sua mente após sua terrível estreia em terreno nobre, e tudo o que podia fazer para tranquilizar-se, ao menos um pouco, era lembrar-se de uma frase que Enrico, seu irmão, costumava lhe dizer ao momento em que algo vinha a dar errado: Nada do que fizer à primeira vez será bom.

Talvez, por tal frase retirar seus erros de uma culpa pessoal e transportá-lo a nível universal, no qual todos, independente de sua nobreza, pudessem cometer atrocidades ao mesmo estilo ou até pior, ela conseguiu respirar fundo, enchendo-se de esperanças de reatar sua reputação nos próximos dias. Ou, ao menos, ir embora dali.

O que ela não sabia era que, de fato, as palavras proferidas por Enrico carregavam uma verdade incontestável. E essa era a de que o vergonhoso começo tido pela jovem naquele castelo seria esquecido muito antes do que o esperado, e tal predição iniciou-se ainda naquela manhã, quando a gentil senhorita Vincent bateu à porta de seu quarto provisório para dar-te incríveis notícias.

— Venho com novidades estonteantes para a senhorita — a dama exclamou, assim que acomodou-se no quartinho de Margareth.

A serviçal nada disse e Gabrielle viu-se na necessidade de continuar o assunto por si mesma:

— Senhorita Bolgart (a filha) — acrescentou ela, ansiosa — deseja conquistá-la como uma de suas damas de companhia! E, se for de seu desejo, almeja que comece ainda hoje!

Assim que ouviu o que a mulher tinha a dizer, Margareth paralisou-se, de queixo caído, bem em frente a ela.

Nos próximos segundos, mal teve tempo de dizer alguma coisa ou mediar sobre tal proposta, pois Gabrielle, que era muitíssimo boa com as palavras, insistiu para que concordasse:

— Será um ótimo passo para a senhorita! Digo, ao menos, enquanto decidir continuar no castelo, pois poderá deixar-nos a qualquer momento — ela explicou, didática. — Ganhará aposentos novos, acima do andar térreo e com vista para os campos reais; não terá de trabalhar carregando bandejas durante os bailes e, na verdade, sua presença neles será meramente convidativa; além disso, nunca mais precisará lidar com os pedidos da rainha ou com suas penitências. Sabemos que não dá-se muito bem com sua Majestade.

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