29: espetáculo no vilarejo

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Sienna se sentou à mesa redonda de madeira que estava na sala única da cabana

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Sienna se sentou à mesa redonda de madeira que estava na sala única da cabana.

Margareth estava sentada logo ao seu lado, com uma de suas mãos dada a Eleanor. A mulher não pareceu soltá-la desde o momento em que a viu chegar. Seus olhos escuros ainda estavam avermelhados, de tanto que havia chorado ao descer as escadas e ver a cunhada reaparecer bem na sua frente, como se fosse um fantasma ressurgido do passado.

Analisando em meio ao silêncio, Sienna gostou do modo como ela olhava para Marga, como se estivesse olhando para um arco-íris após uma chuva vigorosa. Havia um certo carinho maternal guardado ali.

— Então... — Enrico colocou dois copos de água sobre a mesa, sentando-se na última cadeira restante. Ele respirou fundo. — Esteve em Kaena — a frase saiu com um tom desacreditado, como se ele precisasse de uma confirmação – pela quarta vez – de que havia escutado certo.

— Exato — Margareth confirmou. Pela quarta vez.

— Inacreditável. — O irmão franziu o cenho, consternado. Ele fitou o rosto da princesa com indiscrição, sem saber que olhava para uma figura de autoridade. — E sua... amiga?

Sienna apenas percebeu que ainda encarava Eleanor quando a mesma devolveu seu olhar a ela, esbanjando o sorriso simpático que faltava em Enrico. A ruiva havia se perdido em seus pensamentos, sem perceber.

Ela desviou o olhar no mesmo segundo, assustada.

— Nos conhecemos assim que Marga chegou ao castelo — respondeu, levantando o rosto aos olhos escuros do rapaz. Ele pareceu incomodado pela intimidade inesperada entre as duas, como se chamá-la de "Marga" fosse um gesto de ultraje. — E nos aproximamos, assim que a princesa teve a gentileza de chamá-la para ser sua dama de companhia.

Margareth abriu um sorriso discreto ao ouvir a ruiva elogiar a si mesma na terceira pessoa, como se possuísse uma grande autoestima. Bolgart mordeu o lábio inferior ao notar aquilo, com suas bochechas também inclinadas a sorrir.

— Ela a chamou assim, sem mais nem menos? — Enrico arqueou a sobrancelha. Sua desconfiança não parecia intencional, apenas protetiva.

— Não foi sem mais nem menos. — Sienna arregalou os olhos, assertiva. — Margareth possuía algo que as outras não possuíam. Ela escutava. E era bom conversar com ela. Era como... se houvesse humanidade — explicou, séria. Depois, percebeu que Enrico e Eleanor a observavam com um quê de estranhamento, por sua fala tão pessoal, e foi abrindo um sorriso aos poucos. — Ao menos, foi o que a princesa contou.

Margareth respirou fundo, soltando uma risada nervosa.

— Gabrielle está apenas sendo gentil — disse devagar, balançando a cabeça. — Para ser sincera, acredito que minha linhagem proporcionou grande parte desses bens. — Ela suspirou, pensativa. A história de seus pais vivendo em Kaena foi a primeira coisa que havia contado a Enrico, quando chegou. Ela não podia negar que, se não fosse por eles, talvez, ainda estivesse presa e perdida nos calabouços do castelo. Talvez, até morta.

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