A grande noite de Pat Nam deixou marcas no dia seguinte.
Apesar do vinho estragando seu corpo, Margareth acordou cedo naquele domingo. Na verdade, mal conseguiu pegar no sono, para início de conversa. O que fez foi olhar para o teto escuro, em silêncio, durante a noite inteira, e esperar pelo passar das horas.
Quando o sol começou a iluminar as frestas das janelas do quarto, a dama continuou deitada em sua cama, esperando que Sienna acordasse primeiro. A princesa estava num sono pesado. Demorou uma eternidade para que ela se levantasse de sua cama e saísse dos aposentos. Mas Margareth não moveu um dedo dali até o momento em que esteve completamente sozinha.
Era estranho agir daquele jeito. Sentia-se como uma criança no corpo de uma adulta, ao evitar o contato com a mulher. Mas o que menos desejava era ter uma conversa com a ruiva, após o que ocorreu durante a noite passada. Isso, se ela sequer se lembrasse do que ocorreu. Mas Margareth preferia não descobrir.
No entanto, o clima tenso se estendeu para a viagem de saída.
A carruagem escura, de repente, parecia mais apertada do que o normal. Marga fazia de tudo para que seus joelhos não encostassem no estofado vermelho da saia de Sienna. Mas a estrada esburacada parecia ter como diversão a tarefa de empurrar o corpo da dama para frente. O resultado foi que, naquela tarde, houve muito mais esbarrões de joelhos do que o esperado.
O vestido da princesa também cooperava para aquela situação. Por algum motivo, Sienna queria marcar a melhor das impressões, quando chegasse em Irbena. Isso a fez vestir a roupa com a maior saia que Margareth já viu. Se aquilo não era confortável para a dama, que apenas observava, não conseguia imaginar como seria para a própria princesa.
Além disso, a ruiva também tinha um chapéu da mesma cor como acessório, que cobria boa parte de seu rosto. Talvez, essa opção fosse puramente por conta das consequências do vinho. Mas Marga agradeceu, pois não precisou encarar seu rosto com tanta frequência.
E mais silenciosa do que da primeira vez, a viagem até Irbena se estendeu por todo o dia.
Estava tão escuro durante a noite que Margareth apenas percebeu que estavam chegando, quando começou a avistar os primeiros guardas aos arredores das estradas.
— Por que há tantos deles? — indagou, apontando para os homens pela janela.
Sienna estava de olhos fechados quando a dama perguntou. Ela descansava a cabeça ruiva no estofado do banco há meia-hora. Mas era possível ver que estava acordada, porque continuava a mexer os dedos e a morder os lábios incessantemente.
Quando abriu os olhos e olhou lá para fora, apenas respirou fundo, entediada.
— Eles protegem as estradas que chegam ao castelo — explicou. — Chegamos em Irbena.
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Vossa Alteza | ⚢
Narrativa StoricaLIVRO UM. Em meio a uma guerra civil inabalável, a camponesa Margareth Allboire é vítima de um misterioso ataque em sua vila, situada no leste de Irbena, e precisa lidar com o novo lar que passa a habitar contra sua vontade. Certa de que o castelo d...