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Sienna respirou fundo, tentando estruturar dentro de si uma maneira de continuar se mantendo em pé

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Sienna respirou fundo, tentando estruturar dentro de si uma maneira de continuar se mantendo em pé.

Suas pernas doíam. Seus membros ainda não haviam se distensionado por completo. Sua cabeça ainda latejava de forma insuportável. Mas ela encarava a porta de entrada da cabana com os olhos calmos e cansados, como se sua mente estivesse vazia de qualquer angústia. É que ela estava, de fato, cansada.

Já havia passado três horas desde o que ela preferia chamar de o ocorrido. O sol estava quase ao fim de sua aparição completa e a lua cheia já estava lá no alto, a céu aberto. Mas, apesar do clima fúnebre, o calor ainda derretia tudo ao seu redor e o vilarejo já estava praticamente vazio, de volta ao que era antes. Foi exatamente como ela pensou. Não havia tempo para o luto.

Após suspirar, deu alguns passos à sua frente e empurrou a porta de madeira devagar. O objeto rangeu.

Lá dentro, Eleanor se sentava sobre uma das cadeiras da mesa. Ela não pareceu se incomodar com o barulho. Estava quieta e parada, observando o céu noturno pela janela mais alta da casa. Sienna via apenas os seus cabelos enrolados cobrindo as costas, mas tinha certeza de que suas feições não eram nem um pouco maternais, agora.

Ela respirou fundo mais uma vez e deu alguns passos para dentro da casa, marcando sua presença ali.

— Margareth está na carruagem — falou, hesitante, como se fazer barulho naquele momento fosse uma ação horrenda.

Eleanor demorou alguns segundos até que ligasse os pontos e virasse o rosto para Sienna. Seus olhos estavam vermelhos e vazios. Ela parecia demorar até para raciocinar.

— Como ela está? — murmurou, com a voz rouca.

Sienna umedeceu os lábios. Depois de ter chorado por tanto tempo e gritado com a cunhada, Marga não estava nada. A vida de seus olhos pareceu ter sido roubada de si, no momento em que a foice atingiu o pescoço do irmão.

— Está quieta — respondeu, como se isso resumisse tudo.

— Marga é sempre quieta. — Eleanor abriu um sorriso que não era exatamente feliz, nem triste, como se houvesse contado uma piada sem graça.

A ruiva franziu o cenho.

— Não no castelo — rebateu, arrependendo-se da própria ignorância no mesmo momento. — Ela está em choque. Viu tudo acontecer.

O sorriso do rosto da mulher se desfez aos poucos. Sienna imaginou que ela estivesse imaginando a cena da morte, porque seus olhos se desligaram, por alguns segundos. Era o que ela fazia com as pessoas amadas que já se foram de sua vida. Imaginava como havia sido seus últimos segundos de existência.

— Como está se sentindo? — indagou Bolgart, de repente.

Eleanor formulou em sua face a primeira expressão desagradável que a ruiva havia presenciado nela, revirando seus olhos escuros para a pergunta.

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