36: noite intoxicante

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E apenas assim, chegamos à verdade

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E apenas assim, chegamos à verdade.

O dia ainda estava pela metade.

Sienna levou Margareth até seus aposentos – vazios, pois Gabrielle já havia sumido – e a fez esperar mais alguns minutos até que sua criada a vestisse por completo. A dama esperou sem pestanejar, quieta como uma criança e encolhida sobre a cama da princesa como se fosse um bebê recém-nascido. Talvez fosse o frio causado pela chuva, mas ela tremia conforme seus pensamentos esvoaçavam de um lado para o outro, partindo do buraco que a saudade de Enrico cavava em seu peito e pousando por alguns segundos nos lábios recém-tocados de Sienna. E depois voltando e fazendo todo o seu caminho do zero.

Quando a princesa reapareceu no quarto principal e a criada saiu, silenciosa como uma sombra, Margareth desencolheu-se de si mesma e a encarou com os olhos arregalados, mas não disse nada. Esperou que ela tomasse a ação.

Sienna ainda esperou alguns segundos, parada, antes que abrisse a boca.

— Não sei por onde começar — suspirou, com o peito acelerado.

Marga deu de ombros.

— Do começo — disse, como se fosse a única resposta possível. Mas sua voz saiu falha e incerta, como se o beijo ainda silenciasse seus lábios.

Então, a ruiva lentamente se sentou ao seu lado, mas a uma certa distância, temendo se aproximar demais. Ela encarou o tapete disposto no centro do quarto por um longo tempo. Seu rosto limpo, cheio de sardas, e o cabelo ainda úmido faziam com que sua essência estivesse mais à mostra naquele momento. Margareth estremeceu com a incerteza que havia em seu olhar.

— Enrico era um rebelde — a princesa reafirmou, para a dama e para si mesma.

A fala fez os pelos de Margareth ouriçarem por um segundo automático, como se a memória de seu irmão estivesse sendo insultada pela acusação. Ela quis protestar, mas obrigou-se a permanecer calada e ouvinte.

— O rei e a rainha não mandaram matá-lo por engano — continuou. — Era parte do plano.

— Plano? Que plano?

— De eliminar provas. — Sienna ergueu os olhos para a mais jovem, com a face séria. — E de atingir a mim. Mas, honestamente, não faço ideia de como puderam descobrir sobre você e sua vida.

Marga franziu o cenho.

— Não estou entendendo. — Balançou a cabeça, com os olhos perdidos. — O que isso quer dizer? Como Enrico era um rebelde? Como você poderia saber disso? E por que você tem ligação com esta história?

— Se acalme — pediu Sienna, de mãos levantadas. — Sei que está confusa. Mas também estou assustada de ter de contar tanto para você.

Margareth engoliu em seco, atônita. Então, a ruiva respirou fundo e recomeçou sua linha de pensamento:

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