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"Todos os motivos para o
assassinato são cobertos por quatro Ls:
Amor, luxúria, lucro e repugnância".
- PD James

Dulce María

— Me perdoe Padre, pois eu pequei. Tem apenas sete dias desde a minha última confissão e nesse tempo eu...

— Você mentiu — Padre Antony me interrompeu.

— Sim, Padre e eu...

— Você matou, roubou e muito pior — ele me cortou novamente.

— Você vai entender, Padre — eu sussurrei, me inclinando contra o meu assento.

Ele não podia me ver e nem eu ele, mas eu me sentia mais confortável. Não porque eu me sentia envergonhada, mas porque eu gostei da escuridão daqui; que era o único lugar que eu não estava com medo dele. Eu gostava da paz que sentia dentro da igreja.

— Sim, bem, eu não posso te oferecer o perdão. — ele suspirou. — Você vem aqui uma vez por semana desde o último ano pedindo a mesma coisa. Mas nem eu, nem Deus, podemos te perdoar por algo que você não deseja verdadeiramente o perdão. Isso não funciona desse jeito.

— Posso continuar, Padre?— eu perguntei a ele.

— Muito bem — disse ele.

— Você ouviu os meus pecados do passado, então, vou confessar os meus futuros. — Eu sentia raiva e ódio — Eu vou matar a minha mãe. Eu juro.

Ele ficou em silêncio. Nós dois ficamos em silêncio.

— Honre o teu pai e a tua mãe, Dulce. De todos os pecados entre o homem, o que você fala é...

—Honre o teu pai e a tua mãe? Onde está o honre o teu filho? Alguns pais e mães não devem ser honrados! Alguns nem deveriam receber o título.

— O que foi feito para você, minha filha? — ele sussurrou, mas eu não respondi. Em vez disso eu olhei para o vitral.

Isso me fez pensar em minha infância.

— Quando eu era criança, a igreja era o único lugar em que eu me sentia em paz. Eu sentava nos bancos da igreja e encarara fixamente as pinturas no teto. Às vezes eu falava com Deus, às vezes eu sonhava, mas muitas vezes eu pensava sobre a minha mãe. Desejando que ela viesse me encontrar. Eu pedia isso a Deus, mas ele nunca respondia. Eu sabia que não era assim que funcionava. Mas eu estava com raiva. Na minha cabeça, ele era o Papai Noel — eu suspirei — Aqui estou eu, anos mais tarde e minha mãe está viva e bem.

— Isso não é algo para ser grato? — ele perguntou, um pouco confuso.

— Não quando ela é pior do que eu... muito pior, e infelizmente, eu não estou sendo sarcástica.

— Entendo. — eu podia sentir a sua preocupação — Há algum pecado que posso pedir ao pai para perdoar, algum que você se arrepende?

Pensei por um tempo.

— Eu atirei no meu marido. — eu disse.

— Ele ainda está vivo? — ele perguntou com diversão.

— Sim. Ele ainda está vivo. Eu atirei nele e eu sinto muito por isso. Eu xingo ele muitas vezes, na verdade.

— Você não parece arrependida.

— Eu estou. — isso não foi uma mentira. — Eu hm... Eu o amo. Mas, eu não sou boa em demonstrar sentimentos. Cada dia que passa, eu percebo que sexo não vai distraí-lo.

The Untouchables - Ruthless People Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora