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"Há muitos e muitos anos atrás,
em um reino ao pé do mar..."
- Edgar Allan Poe

DULCE MARIA

Estacionando do lado de fora da minha antiga casa, eu respirei fundo e sinto o ar frio em meu rosto.

Minha antiga casa estava um caos. Haviam cacos de vidro e madeira lascada em todos os lugares e as paredes que estavam em pé, não estavam mais ligadas a nada. Quem teria pensado que minha casa viraria nada mais que escombros em apenas um ano depois que eu fui embora.

Christopher me disse para reconstruir, mas não iria ser a mesma coisa. Seria uma casa nova, sem nenhuma memória. Mesmo que fosse nada mais do que uma pilha de cinzas queimadas no meio do nada, ainda assim era a minha casa e eu ainda conseguia me lembrar de tudo que vivi aqui.

Eu fiz uma careta, cortando a linha da cocaína e esfregando entre meus dedos.

— É bom, certo? Como eu disse, cem por cento cocaína. A melhor que existe.

— Onde você conseguiu isso? Sr...?

— Brooks. Beau Brooks. As pessoas estão falando sobre montanhas dessa droga, milhões de lucros. Eu estou lhe dizendo, garota, eu posso fazer as ligações e conseguir várias dessa. Onde está seu pai? tenho certeza que ele vai gostar.

— Meu pai não está aqui. Quando ele não está aqui, você fala comigo. Então, vamos te ouvir, eu vou decidir se vale a pena ou não. — cruzando as minhas pernas, eu esperei enquanto ele me encarava.

— Eu não tenho certeza se eu deveria conversar sobre isso com uma criança.

— Uma criança? Pareço uma criança para você? Além disso, essa criança aqui é também aquela que lhe deu dez mil dólares em dinheiro. — eu tentei manter a minha compostura. E seus olhos foram diretos para as minhas pernas expostas depois voltou seu olhar para mim.

— Não, eu não acho.

— Então, irei perguntar de novo. De onde você tirou a droga?

— Um velho amigo meu parou na América do Sul. Ele está trazendo pequenos embarques para fazer dinheiro extra. Mas ele não pode trazer tudo de uma vez, não sem arriscar o seu trabalho. Pelo preço certo, ele iria vender só para você...

— E você é o porta-voz dele?

Ele balançou a cabeça.

— Você não deveria ser. — eu fiz uma careta de desgosto. — Mas diga a ele que se ele me der todo o produto que ele tem, temos um acordo.

Puxei o dinheiro e olhei para ele. Seus olhos se iluminaram e assim que ele estendeu a mão, eu segurei sua mão, puxando seu corpo para mim.

— Os homens do meu pai vão te seguir até sua casa. Quando você estiver em casa, você vai ligar para o seu amigo e entregar todo o produto dentro das próximas duas horas em uma fábrica abandonada perto das margens do rio. Você me entendeu?

Foi só quando ele balançou a cabeça que eu o deixei ir e lhe dei o dinheiro, gesticulando para um dos homens levá-lo embora.

Quando eles foram embora, eu caí para trás, tentando respirar. Isso era uma loucura. Eu era louca. Por que eu não podia simplesmente ir embora e ter uma vida normal?

— Você sabe que é por isso que nenhum deles respeita ou tem medo de você, certo? — Fiorello, mão direita do meu pai entrou com uma bandeja de prata.

Fiorello tinha estado com meu pai desde sempre.

— Talvez eu não dê a mínima. Talvez eu esteja cansada. — eu respondi.

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⏰ Última atualização: Dec 29, 2022 ⏰

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