"A verdade vos libertará,
mas primeiro ela vai te chatear".
- Gloria SteinemAlfonso
Todos em Chicago estavam com medo enquanto o resto do maldito país estava de luto. De todos os lugares que o Presidente poderia ter sido baleado, por que diabos tinha que ser aqui?
Tirando a minha gravata, eu a deixei cair sobre a mesa e me sentei. Era estranho olhar para esse cargo, do meu pai e agora de Christopher, eu nunca tinha notado o quão confuso tudo isso aqui era.
Tudo aqui, o balcão de madeira, as estantes que cobriam ambas as paredes, e até mesmo o pequeno bar abastecido com o conhaque de Christopher, juntamente com o vinho de Dulce, que era vintage.
A cadeira de couro escuro que minha bunda agora estava sentada foi trazida da Itália como se minha mãe soubesse anos atrás que uma italiana estaria sentada nele.
— O poder fica bem em você, baby. — Olivia disse da porta, me puxando para fora dos meus próprios pensamentos.
Eu me inclinei para trás para olhar para ela.
— Sério? Eu ainda tenho cabelos?
— Poncho, eles só ficarão fora por uma semana. — respondeu ela, vindo até mim e sedutoramente brincando com as pérolas no pescoço.
Ela parecia perigosa de preto, parecia realçar seus olhos azuis.
— E em apenas uma semana o presidente foi morto na nossa cidade, o que significa que não podemos operar com os federais de olho nessa cidade à procura do assassino.
— Babe, o presidente Monroe não é o primeiro presidente a ser assassinado — ela supôs, ficando atrás de mim, massageando os meus ombros. — Tenho certeza que os federais já têm um suspeito. Dulce e Christopher...
Ela foi interrompida pelo celular que tocou e eu já sabia quem era.
— Falando no diabo. — disse ela.
— Oi. — Peguei o telefone.
— Alfonso, você poderia me explicar o que você está fazendo? — a voz de Dulce soou suavemente através do telefone. Tão suave que eu não tinha certeza se eu deveria ficar preocupado ou não.
— Chicago está no bloqueio. Há uma caçada humana maciça acontecendo e a cada hora mais e mais policiais estão chegando no país. — eu esperei ela falar, mas ela não disse nada. — Não é sábio mover a droga no momento. A transferência através da doca já foi tomada com cuidado, mas de jeito nenhum podemos tirar isso dos traficantes agora...
— O que você sabe sobre o senador Colemen? — ela perguntou. Mais uma vez, ainda calma e ainda me assustando.
Olhei para Olivia, que deu de ombros, e eu disse a verdade.
— Até onde eu sei, trabalhando com Anahi em uma declaração, mas ele está bem.
— Ele está bem? — repetiu ela e respirou profundamente.
Ah merda.
— Ele não deve estar bem, porra! — ela retrucou. — Ele não está nem perto de bem! Por quê? Porque até onde eu sei, as pessoas são simpáticas, sem cérebro, parasitas que saltam de um hospedeiro para outro!
— Hum, o quê? — do que diabos ela estava falando?
— Seu idiota. Ligue a televisão!
Olivia foi para uma transmissão ao vivo da Primeira Dama. Ela parecia cansada, mas energizada, parecendo estranha vendo que como seu marido foi assassinado na frente de toda a nação, se não o mundo.
— Meus companheiros americanos, por mais difícil que seja estar aqui na frente de vocês, eu não tenho outra escolha. Meu marido era um homem forte, que nunca se curvou à vontade de terroristas e criminosos. Eu acredito que por conta disso, eu encontrei a coragem de dizer ao homem que puxou o gatilho: você não vai ganhar. Você não vai calar a maior democracia do mundo com uma bala. Matando meu marido, você despertou a besta em mim. Vou concorrer à presidência. Vou pegar do meu marido a tocha para a linha de chegada e você não vai silenciar a América!
— Oh, merda. — Olivia e eu dissemos juntos.
— Foi o que eu pensei. — afirmou Dulce. — Aí está. O discurso ouvido em todo o mundo! Você quer saber quem ela se parece? Jackie O. Você quer saber qual senhora todos os americanos amam incondicionalmente? Jackie O. Quão bem você está sentindo agora, Alfonso? Porque na escala de chateada para fodidamente enfurecida, eu estou prestes a explodir!
Afastando o telefone do meu ouvido, eu tentei não vacilar.
— Dulce, o que você quer que eu faça?
— Levanta a sua bunda gorda dessa cadeira e trabalhe ou então me ajude. Gostaria de sugerir que durante o discurso de Colemen que você coloque duas balas nele e nem mesmo hesite em...
Antes que eu pudesse impedi-la, Olivia pegou o telefone de mim.
— Você perdeu a porra da sua cabeça? Ele é o meu pai!
— Eu te compro um novo. — eu ouvi Dulce dizer. — Agora vá se foder, você está desperdiçando o meu tempo.
— Capo. — eu disse, pegando o telefone de volta antes que Olivia o esmagasse na parede. — Eu sou...
— Christopher e eu não dissemos o quanto era importante para nós garantir a presidência, Poncho? Tudo o que sei é que, se você tiver uma ideia melhor, comece a trabalhar nela, porque se eu tiver que levantar minha bunda grávida daqui para fazer isso eu mesma, eu vou fazer o serviço completo. Quanto às drogas, faça passar. Venda pela maldita metade do preço se você tiver que fazer. Mas quanto mais tempo nós perdemos nisso, mais fracos nós vamos parecer e mais dinheiro nós perdemos. Viciados não se importam se o presidente está morto, eles só querem a droga e o que o cliente quer, eles ganham! — e com isso ela desligou.
— Ela é um monstro! — Olivia gritou quando eu desliguei, puxando a minha gravata e indo em direção à porta.
— Alfonso! O que você vai fazer?
Eu não respondi porque com toda a honestidade, eu não sabia o que fazer.
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The Untouchables - Ruthless People Livro 2
FanfictionUm segredo. Várias vítimas. Tudo o que já foi dito sobre o passado de Dulce María é uma mentira. Seu pai mentiu. Seu marido mentiu. Mas como todos os segredos... eles aparecem. Não só sua mãe, Beatrice, está viva, como ela não irá parar até...