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Dulce María

Quando ele saiu, eu olhei para o teto massageando minha barriga. Eu iria ser mãe... se ele conseguisse sobreviver, se eu não o matasse outra vez, eu iria ser mãe, uma mãe que não iria atirar no seu filho à queima-roupa.

"Eu nunca quis você. Eu tinha ordens. Eu as segui, e você foi um efeito colateral. Sem ressentimentos."

Eu podia ouvir sua voz - a voz que eu tão desesperadamente ansiava quando era uma criança - e agora eu desejava que ela estivesse morta.

Senti a pressão se acumular no fundo da minha garganta e eu tentei fazer parar. Mas eu não consegui e um soluço saiu da minha garganta e logo depois as lágrimas.

Eu não chorava muito. Mas doeu. Tudo doía. Doía tanto que eu só queria esquecer de tudo.

Quando ouvi uma batida na porta, eu limpei os meus olhos e nariz, respirando fundo.

— Entre — eu gritei e Adriana entrou.

— Uckermann disse que você pediu um chá de ervas verdes para a dor — disse ela, segurando uma caneca enquanto se aproximava de mim.

— Christopher disse para me dar um chá de ervas verdes? — perguntei.

— Não. Ele disse "minha esposa está com dor. Encontre alguma merda natural para ela se sentir melhor".

— O mais fofo de Dartmouth — eu revirei os olhos enquanto eu bebia. — Isso tem gosto de lama. Eu não vou beber isso. — entregando o copo para ela eu deitei de novo.

— Quer que eu faça algo por você? Eu estou tentado arrancar informações dos enfermeiros e médicos, mas eles estão com medo de falar. — ela franziu a testa, olhando para a mesa no final da minha cama.

Desde quando todo mundo virou médico?

— Eu fui baleada duas vezes no meu ombro, mas não parou no osso, então vou precisar de uma tipoia, mas nada de gesso. E eu tenho que ficar sem apoiar a minha perna por algumas semanas, além da fisioterapia.

— Você quer que eu ligue para alguém? Eu posso conseguir o melh-

— Sem pessoas de fora. Se eu precisar de ajuda, eu vou com você. Mas antes de ir, eu preciso de informações.

— Quais?

— O perfil de Beatrice Espinosa.

— Eu não sei-

— Adriana, o perfil de Beatrice Espinosa — eu pedi.

— Beatrice Espinosa é uma sociopata extremamente narcisista. Ela não liga pra ninguém além de si mesma e nunca sentiu nada por ninguém, nunca. Ela parece ser charmosa, mas ela é secretamente hostil e dominadora e vê suas vítimas como instrumentos a serem utilizados. Ela gosta de dominar e humilhar suas vítimas. Ela nunca fica em um lugar por muito tempo, provavelmente ela vai passar o resto da sua vida pulando de um lugar para outro. Eu responsabilizo a sua infância, mas tem casos que algumas pessoas já nascem sem sentimentos.

— Então por que ela me teve? — eu zombei. — Isso é tudo.

Ela assentiu e saiu do quarto. Eu só olhava para a porta. Suas palavras repetindo várias vezes na minha cabeça. Beatrice era uma fodida doente e eu queria matá-la. Mas eu não podia fazer isso.

Passando a mão na minha barriga, eu me lembrei da primeira vez que senti isso. Saige, em um mero segundo, tinha roubado isso de mim. De nós. Christopher nunca me culpou, mas a culpa foi minha. Eu tinha colocado o meu orgulho acima da minha família. Naquele dia, eu tinha me tornado um pouco como a minha mãe e eu nunca poderia fazer isso novamente.

The Untouchables - Ruthless People Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora