Capítulo 35

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Isaac : Tu vai chorar por isso? Porra, um ser humano sem chifres, é um ser humano indefeso. - Ela me olhou, com ódio e eu ri. - Fica gatinha brava, papo reto pa tu.

Luíza : Ah, vai se catar. - Riu fraco, ainda com os olhos inchados.

Voltei no meu quarto, pegando dois cigarros de maconha.

Luíza : Dizem que isso acalma, é verdade? - Assenti, ascendendo o meu. - Passa pra cá. - Dei pra ela, com receio.

Isaac : Tem certeza? - Ela esticou a mão, pra pegar o isqueiro e assentiu. - Pô, confio não.

Luíza : Para de neurose, pô. - Ri.

Isaac : Tá andando muito comigo, demorou? - Ela riu.

Ela acendeu, dando o primeiro trago e se engasgando com a fumaça.

Isaac : Ala, maluca sabe nem fumar, mané. - Ri, soltando minha fumaça.

Fiquei observando ela fumar, que foi pegando as manhas direito.

Vai dar caô.

Luíza : Você é do tipo de mulher, que todo vagabundo quer. - Começou a cantar, com a música que passou na rua.

Isaac : Cuidado com quem você ama, cuidado pra não se queimar.

Luíza : Indireta? - Soltou o cigarro.

Isaac : Jamais, pô.

Luíza : Vai estudar? - Olhou pra mesa.

Isaac : Eu ia. Mas aí, uma maluca invadiu minha casa. - Ela riu.

Luíza : Ta calor, né? Vamo sair um pouco? - Eu levantei, abrindo a porta.

Isaac : Tamo no alto do morro, tem uma praça mais pra baixo. Quer brotar lá? - Ela concordou.

A gente foi conversando, tentando fazer ela esquecer das paradas que tava rolando com ela.

Ela ta triste, cabisbaixa. Porra, mina mó legal, pô!

Vi o Duarte com racha, na praça e os crias.

Duarte : Saiu da toca? - Riu, quando me viu. - Morena, por aqui de novo? - Olhou pra Luíza.

Olhei pra mesa e eles tavam cheirando pó e fumando maconha.

Isaac : Porra, tão usando isso no meio da praça? Vai se foder! - Falei baixo, olhando ao redor da praça, verificando se não tinha nenhuma criança por perto.

Duarte : Por que a mina ta com cara de choro? Quer que eu te mostre uma solução pra tu nunca mais chorar? - Ela assentiu, e ele apontou pro pó.

Isaac : Luiza, não! - Ela foi indo pro lado dele e eu segurei no braço dela.

Duarte : Relaxa, Isaac! A mina ta triste, pô. Chorando! Que tipo de amigo é tu que não ajuda? - Riu malicioso, fazendo uma carreira de pó.

Isaac : Porra, levanta daí caralho. - Falei nervoso e ela agachou na frente da mesa.

Duarte : Relaxa, meu faixa! - A Luiza me olhou.

Luíza : É, Isaac. Relaxa! - Ela cheirou o pó inteiro, levando a cabeça e voltando pra trás, meio tonta.

Corri pra segurar ela, que fechou os olhos forte.

Isaac : Ta vendo, maluca? Isso é perigoso.

Luíza : Perigoso? Essa parada é de outro mundo! - Riu alto, se jogando nos meus braços. - Sempre te achei um gatinho. - Riu mais.

Duarte : Ta vendo, pô? A mina até revelou que tem queda por tu. - Riu de canto.

Ela começou a rir e ficar eufórica.

Isaac : Tu é muito pau no cu, vai se foder! - Falei com o Duarte, que negou.

Fui levando ela pra casa, que tava parecendo uma doente.

***

Coloquei ela sentada na cadeira e olhei firme nos olhos dela, que estavam dilatados pra caralho.

Coloquei a mão no coração dela e ele tava acelerado.

Luíza : Me beija, vem. - Pegou na minha camisa, tentando tirar e eu segurei a mão dela.

Isaac : Eu não vou beijar ninguém. - Tirei a mão dela de mim.

Porra, o que eu vou fazer com essa garota?

Luíza : Sabe, eu não me sinto cansada e muito menos triste. Quero esse negócio pra sempre. - Levantou da cadeira e começou a dançar, e eu peguei meu celular, pesquisando como cortar o efeito da cocaína rápido.

Só tem alguns minutos que ela cheirou, e já ta maluca assim.

Isaac : Esquece! Tu não vai mais usar isso. - Ela bufou.

Perdição. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora