Helena completava seus dezessete anos de idade. Olhava-se no espelho do quarto de uma de suas clientes, com a mulher à sua frente tendo os olhos marejados.
— É maravilhoso, Helena!
Esta era a primeira vez que Helena via uma mulher que não fosse sua mãe ou a si mesma vestida com uma peça de roupa feita por suas mãos.
Glenda se casaria em uma semana, num povoado longe dali, onde residia seu futuro marido. Um homem de muitos bens, que reergueria a situação financeira de sua família. O homem deu-lhe uma quantia em dinheiro para que comprasse um vestido de noiva com Alba, mas a professora de Helena a ajudou à realizar seu primeiro trabalho com perfeição.
— Você gostou mesmo? — a garota com a pele oliva tinha uma de suas mãos em frente a boca, em puro nervosismo.
— Você não vê? Sou a noiva mais linda que já vi na vida. — a mulher deu um sorriso, que Helena detectou como sendo falso.
— Glenda, você realmente... — Helena não sabia a reação da mulher, mas teria de perguntar novamente. Os termos do casório eram... curiosos.
— Eu estou bem! Tudo isto é por uma boa causa.
— Dinheiro é muito bom, mas à que custo?
— Oh, querida! Detesto ter que reforçar, mas este é o mundo em que vivemos! Não tenho como sustentar meus irmãos e Bentley está disposto à ajudar-me, entende?
— Disposto à comprar-lhe, é o que quer dizer. Por que não pega estas moedas e tenta recomeçar com seus irmãos. — Helena pegou o pagamento em moedas de prata que lhe foi dado e estendeu na direção de Glenda.
— Não posso. Dei minha palavra à ele. Preciso de certezas, não sei quanto tempo duraria com os pequenos sem provisões constantes. Nas terras dele, teremos um lar, e isto é o que importa. Vai entender, algum dia.
— Não, mesmo! Não pense que eu me submeterei á algo do tipo!
A garota foi para a rua, após terminar a conversa e a prova do vestido, saindo, em direção à sua casa. Passou pela forja para cumprimentar o senhor Lutero e mandar lembranças à sua esposa, e então foi até sua residência.
— Mamãe! — sempre barulhenta, chegou gritando por Joana, que acabara de se banhar e se vestia, quando a filha chegou aos seus aposentos.
— Olá, meu amor. Como foi seu dia?
— Olhe! — despejou vinte e três moedas de prata em cima da cômoda de sua mãe. — Estamos muito bem por mais um bom tempo, veja, eu e a senhora Alba vendemos um vestido de noiva hoje!
— Oh, querida, isto é incrível! — Joana abraçou a filha com força.
Joana já não estava mais tão disposta quanto há alguns anos. Depois da família de Lutero, a mulher ainda atuou como governanta por algum tempo, mas já não possuía mais tanto desempenho físico quanto antes. A coluna doía e os joelhos a sabotavam com frequência. Teve de deixar de trabalhar naquilo que era boa, tentou outras ocupações, mas não obteve muito sucesso.
Empregos para mulheres era algo escasso pelas redondezas. As damas eram, em sua maioria, donas de casa, então, os homens faziam a grande parte dos trabalhos externos. O que restava para uma pobre mulher que envelhecia?
Apoiava a filha com o que era possível, mas as despesas da casa passaram a ser responsabilidades de Helena havia um tempo, então, agora, a filha trabalhava como criada e também, como costureira, auxiliando Alba em seu negócio de sucesso.
Lutero e a esposa estavam sempre ajudando as duas amigas da família, mas no geral, não havia muito que pudesse ser feito.
Todos sabiam que Helena, se quisesse impedir que sua mãe e a si mesma definhassem na pobreza, teria de se casar, mas a jovem repugnava a ideia de vender a si mesma para obter uma vida financeira estável.
Estava firme em sua decisão de seguir seu sonho de ser alfaiate real, mas não sabia como chegar até o topo do reino. Alba a ajudava como podia, indicando seus serviços às esposas dos guardas, mas não obtiveram muito sucesso até então.
Mal sabia a garota, que teria de refutar suas próprias palavras e enfiar seus conceitos guela abaixo.
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N/A: boa noitinha, gente! Capítulo mais curtinho, mas só pra gente ter uma noção de como a Helena está hehehe, até segunda-feira 🖤
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Prometa-me / [versão não revisada]
RomanceHá muitos anos, uma adolescente cometera o erro de selar um acordo curioso com uma criança. Acordo este, onde não via importância ou malícia alguma. Oras! Não é verdade que temos que dizer sim aos pequenos, para não chateá-los? O que a jovem não sa...