Capítulo 14

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Foi com dezesseis anos que Agnes percebeu que era diferente. Milhares de pensamento confusos cruzaram sua cabeça ao longo dos anos.

Então era verdade, ela era uma aberração como diziam? Uma degenerada?

O que há de errado em não se apaixonar por garotos, afinal?

Foi uma conclusão interessante, que Agnes chegou, quando percebeu que pensava em sua antiga amiga de forma...diferente, já fazia alguns meses.

Sempre manteve viva em sua memória, sua meta de casar-se com Helena, mas, conforme foi crescendo e entendendo as coisas, percebeu que aquilo que fizera a garota prometer, era algo diferente do que pensava quando pequena.

No entanto, estava relendo algumas cartas de sua mãe, que contava que Helena havia feito seu primeiro vestido de noiva para uma cliente e sentiu o estômago gelar e o pelos ruivos dos antebraços arrepiarem.

Agnes foi uma criança quieta, isto é fato e visível para qualquer um. Mas, o que era privilégio dos que a ouviam falar, era a sua forma de ir direto ao ponto, em qualquer conversa.

Sutileza? Agnes não praticava este tipo de coisa.

Então, saiu de seu quarto, após ter decidido dormir e encontrou Pietro e Alexandre na sala, sentados. Pietro ajudava seu amigo com uma carta.

Levantaram suas vistas para Agnes, quando ela apareceu.

— O que houve? — Alexandre pronunciou-se.

— Teve um pesadelo? Caiu da cama? — Agnes apenas fazia que não com a cabeça — Então diga, miúda!

— Eu me apaixonei por Helena.

Péssima hora para Pietro dar um gole no vinho. Com a informação, cuspiu todo o conteúdo em Alexandre, que nem se mexeu.

— Como é? — Pietro limpou os lábios para falar.

— Helena, sabe? Eu gosto dela.

— E fala isto assim? Com a calma de um maldito monge?

— Não estou calma, meu estômago está gelado. — as palavras saíram de forma... calma.

— Agnes. — Alexandre, meio molhado de vinho, a chamou.  — Venha cá. — o tom foi seco e seu rosto era sério. Pietro retesou os músculos.

Ela se sentou ao lado dele no chão.

— Sabe que este tipo de coisa nunca será aceito ou visto como normal, não é?

— Sei disto. — ela respondeu, mas pode ouvir o suspiro um tanto consternado de Pietro.

— Como tem certeza do que sente? Você não a vê há anos.

— Eu não sei. — a voz dela, como em raras vezes, saiu fraca e tímida, muito diferente da postura rotineira que a garota havia adotado, nos últimos anos. — Não consigo explicar, desculpe. — ela também olhou para as próprias mãos, fazendo o corpo de Alexandre se arrepiar e suas íris se estreitarem.
Pietro gostaria de dizê-la várias coisas para acalmá-la. O primeiro amor era algo assustador, imagine para pessoas como ela. Resolveu respeitar o momento de Alexandre, que não tirava os olhos da garota.

— Eu odeio isto. — Pietro queria quebrar a mesa de centro na cabeça de seu amigo — Agnes. — Alexandre a chamou com firmeza — Olhe para mim.

Os olhos verdes, iluminados pelas labaredas da lareira se ergueram e eram misto de medo, valentia e confusão.

— Eu não quero saber disto novamente...

— Ei! — Pietro socou seu ombro, mas o homem não se mexeu.

— Nunca mais fique de cabeça baixa deste jeito, não lhe ensinei isto. Quero que preste atenção em minhas palavras, garota. As pessoas são cruéis com quem ama. O mundo não está preparado para o seu amor por Helena, então, me dói pedir que não demonstre, não conte e não deixe ninguém saber sobre isto.

As íris do homem tremeram, por um instante.

— Não quero que te matem. — tais palavras foram proferidas de forma dolorosa, mas Alexandre já havia visto demais para pensar em falar com delicadeza — Não pode deixar que tirem isto de você. Amar é... bonito. Você terminará seu treinamento em cerca de quatro anos e eu farei o que puder para lhe indicar à guarda real. Então será uma mulher livre para procurar por sua ami... por Helena. Mas até lá, temos que trabalhar neste seu jeito. Apareceu aqui e disse como se não fosse nada.

— É... Deve tomar cuidado, miúda. — Pietro falou para a menina, que estava estática. — E se nós fossemos como os outros? O que aconteceria?

Os três sentiram diferentes arrepios em seus corpos, ao pensar na possibilidade de alguém fazer mal à Agnes.

A garota nada falaria, estava absorvendo informações, então Alexandre continuou.

— Não irei mentir, daqui para frente será difícil. Mas no quero que dê ouvidos aos imbecis que há lá fora. Você não é uma aberração e o seu amor não é um erro, entendeu-me?

— Sim, senhor.

— E o que você vai fazer sobre está informação?

— Não posso contar à ninguém.

Finalmente, Alexandre relaxou. Pietro, que segurava a respiração, soltou-a sonoramente.

— Boa, capitão! — deu um tapa em suas costas. — Já está preparado para ter filhos, hein! — Já pode respirar, miúda. Quer um abraço. — Ele abriu os braços para ela, como sempre fazia para provocá-la. — Sim, sim, abraço em grupo.

E Pietro deu um jeito de abraçar, desajeitadamente aqueles dois. Era divertido, Alexandre e Agnes não eram fãs de abraços.

Mas Pietro, apesar de não parecer, tinha uma boa percepção. Eles precisavam daquilo.

— Você vai conseguir novas roupas para m ok m, sabe disto, não é? — Agnes ouviu Alexandre chamar a atenção de Pietro, à respeito de suas roupas manchadas de vinho, depois de dar-lhes boa noite e voltar para seu quarto.

A última coisa que pensou foi em Helena. Como será que ela estava?


N/A: Boa noite gente! Começando a semana como? Dando boas vindas ao vale pra Agnes!
Gente, desculpa novamente pelo capítulo 13 ter sido tão... pois é KKKKK
enfim, a mocinha tá crescendo e o babado vai começar em breve, cês acompanham??
até amanhã 🖤

 pois é KKKKK enfim, a mocinha tá crescendo e o babado vai começar em breve, cês acompanham??até amanhã 🖤

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