Malli deixou as mulheres sozinhas, discretamente.
Agnes estava parada ao lado da porta por onde entrara enquanto Helena, que descia as escadas, interrompeu seus passos.
Ficaram se observando em silêncio por um instante.
Agnes deixou seus olhos livres pela figura à sua frente. Ela não havia mudado muito, sua aparência apenas amadureceu com a idade. Seus cabelos estavam mais volumosos e brilhantes, a pele de seu rosto parecia aveludada, Agnes teve vontade de tocá-la.
Helena também registrou tudo o que pôde da aparência de Agnes. Se tornara uma mulher alta, impontente e misteriosa. Usava calças e botas, mas estava absolutamente linda em sua camisa branca com alguma espécie de capa compondo o conjunto todo. Agnes era uma figura interessante de se olhar.
Quando aquele silêncio pareceu incomodar Helena, a mulher de trinta e dois anos esqueceu dos bons modos. Aproveitou que estava descalça e correu para Agnes, a abraçando forte.
A mulher mais alta se curvou para segurá-la. Esperava por aquilo há anos, então apertou Helena em seus braços, sentindo o estômago congelar e o coração batendo tão rápido quanto as asas de um beija flor.
— Que saudade! — Helena disse, ainda abraçada à Agnes.
— Faz tempo. — foi o que conseguiu como resposta. A voz de Agnes foi uma surpresa também.
Helena não pode evitar manter em sua mente a imagem infantil de Agnes. Vê-la era como olhar uma pintura, mas ouví-la, era como guardar com carinho a imagem da criança que ela havia sido, mas abrir espaço para a mulher que se tornou.
Quando se separaram — com muito sacrifício interno da parte da mais nova — Helena tinha muito para conversar, então a puxou pela mão, para mais além da entrada.
— Aaliz! — exclamou, quando viu a senhora ao corredor, fechando uma porta.
— Bom dia, senhora. — sorriu para sua madame. Reparou que ela segurava a mão de alguém.
— Quero te apresentar alguém. Está é Agnes, filha de Alba, minha professora!
Os olhos escuros de Aaliz foram minuciosos em analisar a pessoa atrás de Helena. Já esperava algo assim, tendo em vista que sua senhora a contou tudo o que pôde sobre sua vida antes de casar-se, e nela, havia uma pequena garotinha que foi enviada à academia militar para se tornar um soldado.
— É um prazer conhecer a senhorita. — fez uma reverência, Helena revirou os olhos — Milady falava muito sobre sua família.
— O prazer é meu. — sorriu para a mulher mais velha.
— O que acha de eu servir um lanche para vocês, senhora?
— Não irá servir nada, e pare de me chamar de senhora! — Helena se aproximou de Aaliz e a virou para o outro lado do corredor, segurando-a pelos ombros — A senhora vai descansar estes pés. Minha mãe está na biblioteca, junte-se à ela e não aprontem. — a mulher olhou com escárnio para Helena, que piscou para ela.
— Menina mandona, eu sou perfeitamente capaz de realizar minha funções!
— Então faça o que eu mandei e vá relaxar. — deu um sorriso petulante e a mulher se retirou, pedindo licença à Agnes.
— Essa mulher não sabe a hora de parar.— Trabalha aqui?
— Gosto de deixá-la pensar que sim. Venha, vamos comer. — voltou a arrastar Agnes pela mão, até a cozinha, que à esta hora estava vazia. — Ainda gosta de comer as mesmas coisas de quando era pequena?
— Sim.
— Ótimo. — colocou tudo quanto foi guloseima em cima da mesa e sentou-se ao lado dela — Agora sim, vamos conversar.
Um sorriso bonito não saía do rosto de Helena, aquilo distraía Agnes.
— Como foi que veio parar aqui?
— Ah é uma história maluca, revirou minha vida de ponta cabeça! — e então, Helena contou todos os detalhes da situação que mudara o rumo completo de sua vida.
— Mal posso acreditar que algo assim aconteceu com você. — Agnes estava... embasbacada.
— Dei sorte por ter sido o Randall. Depois de anos, consigo me sentir em casa aqui. Fiz amigos, passei a gostar das pessoas daqui... enfim, eu e minha mãe até que estamos bem.
— Então você e Randall estão mesmo... quer dizer, agora... — Agnes se embolou ao falar, pois não queria proferir a palavra "juntos".
— O que? Oh, não! Nos tornamos bons amigos, mas ao externo, somos um casal feliz. — deu um gole em seu copo de chá e suspirou.
— Que bom. — Agnes murmurou.
— Disse alguma coisa?
— Que bom que estão bem.
— Ah, sim, pelo menos longe do Conde. Ele é... complicado, mas praticamente não o vejo então estou em paz.
— Ele está neste momento no castelo, passando o tempo com o Rei.
— Ele é um desocupado mesmo! Mas, deixemos este homem para lá. Me fale sobre você!
— Eu continuo a mesma.
— Não mesmo! — sorriu — Me conte sobre a academia, sobre seu trabalho, eu quero saber tudo!
A conversa se desenrolou por horas. Helena falando sempre mais que Agnes, que por sinal se sentia nas nuvens.
O sol brilhava forte, à pino no céu. As mulheres se sentavam confortavelmente no jardim externo, perto da estufa.
— O mundo não é pequeno? — Helena questionou — Quero dizer, quais as chances de nos encontrarmos assim?
— É mesmo.
— Aliás, você pode estar aqui? Não lhe trará problemas?
— Não. Isto era importante.
— Aw! Estava com saudades de mim, não é? Eu bem sei! — ela ria.
— Pois é, mais do que imagina. — então, Agnes a encarou profundamente, deixando-a desconcertada, corando fortemente.
O que ela queria dizer com isto?
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N/A: Boa noite gente! Se tem uma coisa que eu amo é gay panic. E finalmente nossas pitiquinhas se encontraram e agora a gente pode começar a encaminhar um casal hein.
até amanhã 🖤
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Prometa-me / [versão não revisada]
RomanceHá muitos anos, uma adolescente cometera o erro de selar um acordo curioso com uma criança. Acordo este, onde não via importância ou malícia alguma. Oras! Não é verdade que temos que dizer sim aos pequenos, para não chateá-los? O que a jovem não sa...