Agnes e Helena residiram na fazenda do rei por trezentos e setenta e dois dias. Viveram à partir de tudo que podia ser encontrado lá, sem ter nenhum tipo de contato com outros seres humanos.
Durante este um ano e uma semana que passaram juntas, algo ficou claro às duas.
Uma havia sido a melhor escolha da outra.
Agnes estava do lado de fora da casa, alimentando alguns patos que viviam no lago, quando Helena soube que gostaria de se casar com ela.
É de se esperar que o homem, ou a figura masculina da relação fizesse o pedido à mulher. Mas, além de conceitos como este serem entediantes ao ponto de vista de Helena, não havia homem algum em sua relação.
Além do que, Helena admitiu para si mesma que era uma pessoa romântica, altamente influenciada pelos livros que lera. Acima de tudo, era uma mulher ansiosa, e estava com gana de viver o resto de sua vida podendo chamar Agnes de esposa.
Agora, estava sentada à mesa, juntamente com Pietro.
Estavam todos de volta aí vilarejo e, naquela noite, Alexandre e Agnes decidiram cozinhar. Coisa que absolutamente nunca faziam, e estavam aos cochichos na cozinha.
Foi neste momento que Helena percebeu que Agnes, inconscientemente colocava-se entre os planos dela.
Era claro como água, que estava aprontando algo.
— Pois é, Condessa. Chegou a nossa hora. — Pietro disse, com um ar fatalista.
— O que?
— Pensei que fosse ter mais tempo. Estou na flor da idade. — passou a mão pelos rostos e Helena soube que se tratava de alguma piadinha.
— Está morrendo?
— Você também está. Não pode ter se esquecido de quem está preparando sua comida.
— Eu... — Helena engoliu um pouco de saliva — Agnes não é tão ruim assim. Não mais. Na fazenda, fiz questão de ensilá-la algumas coisas.
— Já meu amigo não consegue ferver um pouco de água.
— Torceremos para que não tenha gosto de nada.
— Seu otimismo é uma bela virtude, Condessa.
— Quer parar de me chamar assim?!
— Você é quem pediu!
— Quando você diz, não tem graça, oras!
Estavam discutindo como duas crianças, quando Agnes e Alexandre voltaram. A comida tinha uma aparência convidativa e o cheiro que preenchia o ar, enchia a boca de Pietro d'água.
— Já estão brigando? — Alexandre se sentou ao lado de Pietro.
— Imagine! — o homem sorriu.
— Vamos comer? — Agnes se ajeitou na cadeira.
Quando todos se serviram, Helena e Pietro se entreolharam. Agnes e Alexandre já comiam, fazendo poucos comentários, elogiando um ao outro sobre o prato.
As preces de Helena foram atendidas prontamente. A comida não possuía sabor algum.
Como pôde algo tão perfumado, ser tão escasso de temperos?!
Enfim, usaram o saleiro como puderam, e conseguiram comer, sob os olhos atentos dos cozinheiros.
— Seus pais virão amanhã? — Alexandre questionou Agnes.
— Sim, Millo também.
Helena evitou engasgar, bebendo um gole d'água.
— Que visita... repentina!
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Prometa-me / [versão não revisada]
RomanceHá muitos anos, uma adolescente cometera o erro de selar um acordo curioso com uma criança. Acordo este, onde não via importância ou malícia alguma. Oras! Não é verdade que temos que dizer sim aos pequenos, para não chateá-los? O que a jovem não sa...