Capítulo 12

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Alexandre demoraria à dormir, tendo perguntas rondando em sua mente, se não estivesse tão cansado. Descansou como uma pedra, para levantar-se bem cedo no outro dia.

Ao se arrumar em seu quarto, pensava em sua tutelada. Se sentia responsável e próximo à ela, mas nem de longe sabia como proceder com sentimentos.

Alexandre tinha experiência com soldados. Homens de todas as idades que contavam com ele para tudo o que precisassem, seu Capitão o inspirou e o ensinou a ser assim, mas não o preparou para a vida além da guerra e da família real.

Ao passar pela porta fechada do outro quarto na casa, chegou à cozinha, encontrando Agnes sentada à mesa, ainda dormindo, com o rosto encostado na não.

— Bom dia. — pirragueou, assustando-a — O que faz aqui tão cedo?

— Queria te dar tchau.

Esta era uma das coisas para a qual se sentia despreparado. Passou a infância toda sozinho, ao acaso. Dalibour o ajudou a formar seu caráter impecável, tal como um herói das escrituras, mas Alexandre não sabia como era ter alguém que se importava com ele, além dos colegas.

Agnes era uma incógnita na vida dele. Em dois anos, falou menos do que Pietro fala em um mês, mas, estava sempre dando um jeito de surpreendê-lo. Era uma criança curiosa.

Talvez estivesse passando tempo demais com seu amigo escrivão.

— Oh... Bem, quer tomar o café comigo, então?

Ela fez que sim com a cabeça e Alexandre mudou seus planos mentais, que envolvia sair sem comer nada, para que não perdesse tempo, mas, já que estava ali, poderia partilhar de um pedaço de pão e uma xícara de leite com sua colega de quarto.

Estava habituado ao silêncio absoluto, mesmo antes de viver com Agnes, mas sua cabeça estava presa nas palavras proferidas por ela na noite anterior.

— Ele? — ela perguntou, então Alexandre olhou para um ponto na parede, com as sobrancelhas franzidas.

— É que você falou em casamento, então, supus que fosse um rapaz.

— Não, é uma garota. — com toda a naturalidade do mundo, Agnes de ajeitava sob os cobertores. — Ela prometeu se casar comigo.

— Entendo... — o homem se levantou — Deixarei que durma, sim? Boa noite. — e saiu do quarto da garota, sem falar mais nada.

Agora, olhava para ela, enquanto comia. Tinha que dizer algo.

— É... Sobre ontem a noite. — ela focou o olhar nele — Acabei saindo sem falar nada.

— Você disse que se algo é destinado à mim, uma hora virá até mim.

— Sim, eu disse, mas... — encarou aqueles olhos enormes, verdes e invasivos, cheios de pureza. — Só queria me certificar de que tinha entendido o recado.

— Eu acho que entendi. — abriu um pequeno sorriso para ele. Era raridade vê-la sorrindo, então sorriu de volta.

Ouviu o segundo canto do galo e levantou-se.

— Eu devo partir agora. — foi para perto dela — Até que eu volte, você tem uma missão.

— Uma missão?  — os olhos brilharam?

— Preciso que mantenha o Pietro na linha para mim. Ele passará os próximos dois dias morando aqui com você. Não deixe que ele transforme mi...nossa casa numa bagunça sem fim, entendido?

— Pode deixar. — as sobrancelhas muito loiras se franziram.

Sem bater à porta, Pietro adentrou a casa, com uma bolsa à tiracolo.

— Bom dia, meus consagrados!

— Bom dia. Estou por um triz de me atrasar, então, não ficarei para bater papo. — Alexandre se levantou, pegando suas coisas — Te vejo em dois dias. Foco na missão. — esta última parte, sussurrou para Agnes. — Até logo. — abanou a mão para seu amigo e saiu de casa, ainda podendo escutá-lo perguntar "que missão?" para a garota.

A viagem foi longa e tortuosa. Ao chegar, nem pensou em se instalar, apenas trocou suas roupas onde pôde, e seguiu até onde era requisitado.

Estava responsável pela escolta de ida do noivo, então, aguardou ao lado de seu cavalo, enquanto seus homens tratavam da carruagem que levaria o jovem Randall até seu destino.

O rapaz de dezoito anos possuía uma expressão de cansaço. Era óbvio que não gostaria de se casar, mas sendo filho de alguém como Hawise, não podia esperar que o garoto tivesse alguma escolha.

O jovem o viu e o cumprimentou de longe, com um aceno de cabeça.

Um de seus homens o avisou que o comboio da noiva sairia em seguida. Logo percebeu que não devia ser nenhuma garota de muita nobreza, já que o capitão cobriria o filho do conde.

Alexandre era muito discreto, mas não podia negar que estava curioso sobre as circunstâncias deste casamento e, mais ainda, sobre a noiva.


N/A: Oizinho gentem, tudo bão? Só pra avisar os senhoritos, passando esse casamento fofinho, teremos um time skip rs, espero q cês gostem :')
Até amanhã 🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora