Capítulo 28

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Agnes passou os dois curtos dias na casa de seus pais, animada com a surpresa. Enviara uma carta para alguém de confiança, com todos os detalhes que deveriam constar no novo cômodo.

Pietro estava encarregado de sua casa, então, receberia tudo o que chegasse e se certificaria de que estivesse impecável.

Ao deixarem o povoado, com muitas caçarolas da deliciosa comida de Alba, Agnes pensava se Helena havia dormido bem sem ela.

Não perguntaria, tinha medo de ser invasiva, mas ela mesma havia custado à pegar no sono.

Chegaram de noite, um tanto cansadas. Duas viagens em menos de uma semana, era exaustivo.

Helena entrou na residência, sentindo cheiro familiar que o ambiente havia tomado. Se sentia estranhamente em casa.

Desde que as mulheres passaram a viver juntas, a casa de Agnes havia adquirido um aspecto aconchegante de lar. Havia mais vida, de alguma forma.

Helena subiu para se banhar e Agnes torceu para que Pietro tivesse fechado a porta do ateliê.

Assim que ambas estavam refrescada e em novas roupas, Helena começava a sentir sono.

— Não pode dormir tão cedo, acordará durante a madrugada. — Agnes a avisou, vendo-a bocejar.

— Não se preocupe, não vou te acordar. Amanhã posso ter um cochilo durante o dia, até você voltar.

— Acho que estará ocupada.

— O que quer dizer?

— Você confiaria em mim para vendar os olhos? — Agnes se aproximou de Helena, que tensionou o corpo.

— Vendar?!

A loira levantou um pedaço de tecido preto.

— Confia? Quero te mostrar algo.

Helena engoliu um pouco de saliva, mas virou-se de costas para Agnes, deixando que colocasse uma venda em seus olhos. Então, foi conduzida para o andar de cima, ouviu uma porta se abrindo, depois se fechando atrás de si. Ficou alguns segundos parada, até que sentiu o tecido sendo afrouxado em seu rosto.

Sentiu vontade de chorar instantaneamente. O quarto, que antes era o de hóspedes, agora estava completamente transformado.

As paredes ganharam uma pintura nova, havia um tapete estampado no chão, combinando com as cortinas. Pelo cômodo, tecidos, superfícies e materiais estavam organizados perfeitamente.

Helena tocava em tudo, enquanto passeava pelo local, tinha um sorriso largo no rosto.

— Agnes...

— Surpresa. — a mulher sorriu e a outra correu de onde estava, pulando sobre ela. A abraçou com os braços e as pernas, fazendo com que Agnes se escorasse numa mesa próxima.

— Muito obrigada! — a voz de Helena saiu abafada, já que seu rosto se escondia no pescoço de Agnes, que por sua vez, apertou o corpo dela com força.

— Que bom que você gostou. — Helena levantou o rosto.

— Gostar? Eu estou no paraíso! — sorriu para Agnes, apertando as bochechas dela.

Agnes saiu dali com Helena no colo, indo até o outro quarto, então jogou-a deitada sobre o colchão, onde passavam todas as noites. Tirou os sapatos, observando-a ali, então colocou seu corpo sobre o dela, finalmente beijando-a apaixonadamente.

— Agnes? — sentiu a bochecha arder.

Oh, que ótimo! Agora tinha fantasias também?

Chacoalhou o rosto, piscando com força.

— Desculpe, me distrai. — desceu Helena ao chão — Vá mexer em tudo.

E Helena foi. Agnes já dormia, quando a outra mulher se deu conta da hora. Deixou seus novos tesouros para trás e correu na ponta dos pés, se enfiando entre os cobertores.

Se abraçou ao corpo quentinho de Agnes. Olhou para o rosto adormecido e deixou um beijo na bochecha direita, sussurrando mais um agradecimento.

No dia seguinte, Helena ficou o dia todo planejando e desenhando modelitos, mal podia esperar para começar a costurar.

Um de seus projetos favoritos no momento era um presente de aniversário para Agnes. Pensava numa camisa preta, talvez de seda. Uma túnica vermelha e uma calça azul. Tons claros definitivamente combinavam com ela, mas era curiosa para vê-la em tons mais escuros.

Helena começou a perceber que Agnes parecia cada vez mais angustiada, com o decorrer da semana. O dia de assumir seu posto temporário se aproximava.

Helena estava separando tecidos, quando ouviu Agnes chegar. Pegou sua fita métrica e esperaria que ela saísse do banho para tirar suas medidas.

Assim que a viu sair com os cabelos pingando pelo chão, se aproximou. Esperou que ela colocasse uma roupa, e então, entrou no quarto.

— Posso pegar suas medidas? — esticou a fita para Agnes.

— É claro. — soltou uma risada nasalada — Vai me fazer um vestido?

— Essa é uma cena que seria engraçada de assistir! — Helena riu, enquanto fazia anotações.

— Helena.

— Hum?

— Se posso perguntar, para onde você vai?

— O que quer dizer?

— Sabe, quando eu voltar ao trabalho...

— Oh! — ela se sentou ao lado de Agnes — Esqueço de que irá viver no castelo. É meio longe...

— A sua casa é bem perto dali.

— Não sei se quero voltar a viver lá.

— Bom, esta casa também é sua casa. Pode ir ou ficar. Tem um lar aqui.

— É realmente bom saber disto. — sorriu para Agnes — Prefiro morar aqui na nossa... toca — riram juntas —, do que voltar para aquele palácio enorme.

— Não gosto de pensar que ficará sozinha outra vez.

— Desta vez eu estou bem. Já fiz até uma amiga na venda de legumes! Tenho meu ateliê, estou em paz. Pode ficar, também.

— Odeio o fato de que vou ter que me despedir de você outra vez.

Agnes falou, olhando no fundo dos olhos de Helena, que sentiu um tom distinto na frase.

Se sentiu tímida, e não encontrou sua voz. Apenas apoiou a cabeça no ombro de Agnes.

Também não estava gostando da ideia de vê-la partir novamente.


N/A: Boa noite gente! Caso tenha algum erro de digitação, me avisem, por favor?
Até amanhã 🖤

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