Capítulo 2

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Alba chegou à espantar-se, ao ouvir sua filha a chamando, enquanto arrumava com seu marido, a mesa, para jantarem.

— Oi, pequena, o que foi?

— Você sabe ensinar, mãe?

O pai riu com a pergunta, achando adorável a atitude inesperada da garotinha.

— Ensinar? — a mulher sorriu — Ensinar o quê?

— Fazer vestidos.

— Você quer aprender à costurar?! — Abriu a boca, surpresa.

— Não. A Helena quer fazer roupas para as princesas.

— Oh. Entendi, quer que eu ensine Helena à costurar, então? — a mulher tentou prolongar a conversa com a menina.

— Não, ela já sabe costurar! Ela só não sabe fazer o resto. Você pode ajudar!

— Eu vou pensar, está bem? — a filha fez que sim com a cabeça e saiu do cômodo. Olhou para seu marido, que estava com um sorriso no rosto.

— Será uma tutora, então, ahn? — ele a abraçou, beijando sua bochecha, colocando um prato na mesa de madeira escura.

— Nunca ensinei ninguém antes, Lutero.

— Vocês podem aprender juntas. Vai negar um pedido da nossa menina?

— Será que foi ideia dela?

— Ela é engenhosa, não seria uma surpresa. E então?

— Vou falar com Helena amanhã. Coloco uma mesa ao lado da minha e, bom, veremos como vai ser. — Ganhou um beijo estalado de seu marido e foi chamar as crianças para jantar.

No dia seguinte, Agnes e a mãe deram a notícia para Helena e Joana, que chegou a se emocionar com a possibilidade de ver sua filha aprendendo com a melhor.

Então, os estudos começaram. Agnes ficava sentada, desenhando na varanda do pequeno casebre no quintal, onde sua mãe lecionava para Helena, enquanto não estava na taverna.

A adolescente tentava compartilhar o que aprendia com Agnes, mas a garota não conseguia se interessar o suficiente pelo assunto. No entanto, era fofo ver que ela mesmo assim, ouvia tudo o que Helena falava com atenção.

Algum tempo se passou, Alba considerava Helena como um tipo de sobrinha, ainda que este termo não fosse utilizado.

Agora, Agnes e Milo tinham nove anos, enquanto Helena completava suas dezesseis primaveras.
A adolescente finalizava um tipo de tarefa dada por Alba, uma peça de roupa com muitos detalhes. Agnes folheava um livro, compenetrada.

— O que você quer ser quando crescer? — A mais velha questionou.

— Quero ser um soldado! — Agnes deu um sorriso, fazendo Helena ficar confusa com a afirmação, e surpresa com seu entusiasmo.

— Você não pode ser um soldado, tolinha.

— Quem disse que não? — as sobrancelhas muito claras de franziram.

— Bem, mulheres não podem fazer isso, eu acho. Eu nunca vi uma "soldada".

— Você já viu a pessoa que faz as roupas das princesas?

— É claro que não! Elas ficam trabalhando no palácio.

— Como sabe se são mulheres, então?

A mais velha não soube responder, então apenas sorriu.

— Bem, então, quem sabe a gente não se vê as vezes, quando você estiver no castelo com os guardas.

— Tomara que sim, não é?

Sorriram uma para a outra e continuaram com suas ocupações.

Naquela semana, um dos responsáveis por ensinar as crianças foi até a forja do senhor Lutero. Reclamava sobre o comportamento anormal de sua filha e pedia providências.

— O que foi que ela fez? Como se sente no direito de chamar minha filha de "anormal"?! — o homem limpava suas mãos sujas de pó em seu avental e encarava o homem à sua frente.

— Senhor, a pequena Agnes têm se comportado como um garoto travesso! Fazendo brincadeiras inadequadas junto dos meninos. Acho inapropriado!

O ferreiro, já sôfrego, apenas pediu que o homem o deixasse em paz para que continuasse seu trabalho sem atrapalhações.

Ao chegar em casa, contou à esposa sobre a conversa que tiveram com o educador.

— Chamou-a de anormal?! — Alba não escondeu seu descontentamento. — Por ter amigos? Pois, se tivéssemos opções, ela não pisaria naquele lugar outra vez.

— Eu sei, querida. O homem parecia aborrecido, disse que ela faz brincadeiras inapropriadas.

— Acha que deveríamos falar com ela?

— É comigo? — a voz fina assustou aos dois adultos, que estavam na cozinha.

— Olá, querida!  — Lutero abriu os braços e recebeu um abraço tímido da filha. — Como foi seu dia, hoje?

— Igual à ontem, papai.

— Entendo. E no educandário?

— Lições chatas e brincar. Igual à ontem. Você pergunta muito, pai.

— Eu sei, querida, me desculpe. Vá lavar suas mãos, o jantar será servido em breve, sim?

A pequena saiu do cômodo e seus pais decidiram deixar aquele assunto para lá. Crianças são travessas o tempo todo, não fariam daquilo algo para aborrecer sua pequena.

Acontece que os comentários à respeito de sua filha se tornaram cada vez mais corriqueiros. Moradores da vizinhança aferiam aos montes sobre a garotinha.

O fato é que Milo havia escutado a conversa de sua irmã com Helena, e achara divertido o fato de que Agnes gostaria de ser um soldado. Uma criança falante como tal, não conseguiria ficar em silêncio, então, contou aos seus amiguinhos, que contaram aos seus pais, e assim, um boato maldoso sobre a criança foi criado. Numa sociedade como aquela, era pedir demais que as pessoas aceitassem que uma garota quisesse se envolver em atividades e ocupações masculinas.

Alba e Lutero não viam problemas no sonho da filha. Como poderiam? Desde que a garota demonstrava os seus primeiros traços de personalidade, sabiam que a garotinha não almejaria algo tão... trivial como ser uma ama ou uma cozinheira do vilarejo.

Então, os pais da garota decidiram por mandá-la para um lugar onde não seria discriminada, pelo menos era o que os adultos pensavam, com suas inocentes e boas intenções. Estava decidido.
Agnes acompanharia seu irmão à academia militar.

N/A: Buenas notches, mi amigos. Aqui temos mais um capítulo de transição/ambientação, peço desculpas de antemão caso algum parágrafo esteja com a continuidade estranha (caso isso aconteça, por favor me avise!) o app que uso pra escrever atualizou e tá uma confusão! Enfim, até amanhã família 🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora