Capítulo 5

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O sol ainda nem despontava no horizonte, e os encarregados pelos alojamentos despertavam os garotos.

Alexandre caminhava para seu gabinete. Encontrou apenas um montinho de tecidos, enrolado no chão. Só soube que era a garota, quando a ouviu respirar. A acordou e a deixou só para fazer o que tivesse de fazer no cômodo privado.

— Tenho que arrumar um uniforme para você. — o homem olhava para a pequena garota, parada à sua frente. — Vamos.

Caminhou com a menina à tiracolo, e levou até um outro cômodo, onde um rapaz, da idade de Alexandre se perdia em meio à vários papéis e livros.

— Pietro.

— Oi, camarada! - o homem sorriu, ao ver o amigo — Digo, bom dia, capitão.

— Sabe se tem algum uniforme com saia, por aqui?

O rapaz de cabelos ruivos gargalhou.

— Do quê está falando? É claro que não! — riu até ver que seu colega estava acompanhado de uma criança — Oh... Olá, bom dia! — sorriu simpático para ela, se aproximando — Ok, temos um problema. — falou para o rapaz diante de si. — Ouvi falar que tínhamos uma menina aqui, mas não tivemos tempo para nos...adaptar.

— É só eu usar a mesma roupa que todo mundo. — a menina interrompeu a conversa dos rapazes, que a encararam, depois de entreolharem-se.

— Vai ter que servir. — Pietro entregava uma troca de roupas para os pequenos e pálidos braços de Agnes. — Você pode se trocar ali. — ouviu o estômago dela roncar e olhou para Alexandre — Ela ainda não tomou o café?!

— Não, eu... - apertou a ponte do nariz, estressado — Eu a trouxe direto para cá.

— Sabe que horas são, homem? - apontou para o relógio da parede, enquanto a garotinha sumia pela porta. — Ela deveria estar com sua turma, devidamente alimentada e pronta para começar os treinos. Está com a cabeça na lua?!

— Estou pronta, senhor Pietro. — a pequena apareceu ao lado do homem, sem fazer nenhum barulho sequer.

— Ai, Cristo! Raios, você é muito silenciosa, parece uma assombração! — encarou os olhos dela — Continue assim, viu?

Um toque na porta chamou a atenção dos três. Era um jovem.

— Capitão, o senhor Hallomere o procura. Deu início à uma de suas aulas e notou a falta de um membro. — os três olharam para a garotinha, que prendia seus cabelos num coque que aprendera com sua mãe. — Tenho ordens para levá-la. — então, a pegou pelo braço e rapidamente saiu dali, antes que Alexandre ou Pietro pudessem dizer algo.
Ao chegar no local de treino, foi recebida por muitos pares de olhos julgadores.

— Por que é que não estou surpreso? Onde estava? — Hallomere perguntou ao seu subordinado, enquanto olhava a pequena figura de cima à baixo. A garota estava usando calças?

— Na sala do escrivão. — o mais velho franziu o rosto.

— Tentava contatar seus pais? — chegou perto dela.

— Não, senhor. — o tom de voz era polido, mas os olhos estavam longe de demonstrar sequer um pingo de respeito.

— Terá que aprender a falar mais alto, esse piado de passarinho que chama de voz, me irrita. Entre na fila.

A garotinha encontrou um lugar na fileira de vários meninos e um deles a encarou.

— Degenerada. — ele sussurrou para ela, sorrindo.
Ela nada disse, apenas deixou de olhá-lo, para atentar-se à aula, ouvindo o riso baixo de alguns garotos.

Foi um dia cheio para a garotinha. Descobriu que tinha um mini carrasco particular. O filho de Hallomere, Tygo, estava disposto à ajudar seu pai na missão de transformar a experiência de Agnes ali, um inferno.

Quando o dia acabou, ela estava suja, desajeitada e com dores por todo o corpo, mas não sabia o que fazer ou para onde ir, quando viu seus colegas retornarem ao alojamento. Sabia que não era bem vinda lá.
Avistou Pietro ao longe, carregando uma pilha de envelopes e foi até ele.

— Olá, coisa miúda! Já terminou por hoje? — ele perguntou e ela apenas acenou com a cabeça. — Deve estar doida para descansar, não? Posso te ajudar com alguma coisa?

— Onde eu vou dormir hoje, senhor?

— Oh! É... Bom — o rapaz não sabia! Oras, Alexandre não deveria ter cuidado disto? — , o Capitão não...

— Escrivão! — Hallomere apareceu, andando na direção dos dois. — O que faz falando com um aluno?

— Boa noite, senhor! Bem, está pequena está fora de seu alojamento.

— Bem vejo. — disse, impaciente.

— Não é apropriado que ela fique com os garotos, então o capitão está se encarregando de arrumar um lugar para ela.

— Não é apropriado que ela esteja aqui, em primeiro lugar, mas não há o que fazermos. E eu disse: Sem privilégios. Pensei que estivesse ciente de que está criança é como qualquer outra, aqui. Não haverá aposentos especiais, nunca houve! Então ela virá para o alojamento. — como já havia feito antes, segurou-a pelo braço.

— Hallomere! O que está acontecendo? — Alexandre se aproximava, apressado.

— Ah, chegou quem faltava! Nós vamos conversar sobre isto?

— Não! Por Deus, as crianças estão exaustas! - Alexandre apontou para Agnes e Tygo, que estava ao lado do pai. — Amanhã resolvemos. Venha. — chamou a garotinha com um gesto e começou a andar, sendo seguido por ela — Boa noite, Pietro. — Todos se dispersaram e o escrivão suspirou.

N/A: Oiê, a primeira atualização do dia tá em mãos, família! Espero vocês no próximo capítulo, até já 🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora