— Por que não vai com uma carruagem? — Pietro bocejava, ao questionar Agnes.
— Não é necessário. Onde está Alexandre.
— Dormindo. Quando acordar, dirá que nunca mais irá beber novamente e toda aquela balela de sempre.
— Bem, se despeça dele por mim, por favor. Até breve.
— Vá com cuidado. — deu batidinhas nos ombros dela e voltou para sua casa, torcendo para que Alexandre não morresse afogado em seu próprio vômito.
A viagem de Agnes foi tranquila. Um tanto longa, mas assim, teve chance de pensar no que falaria para Helena ao chegar lá.
Deliberou consigo mesma, mentalmente, pensando na mulher. Quando Helena invadia seus pensamentos, tinha sempre um sorriso em seu rosto, por isto, decidiu que tentaria fazê-la sorrir para ela.
Assim que chegou até a residência, foi recebida por Malli. A mulher não disse muita coisa, apenas que Helena estava no quarto. Agnes não pensou muito e foi até lá.
Bateu à porta e, mesmo não obtendo resposta alguma, adentrou o cômodo, que estava escuro.
Helena era uma bola disforme de tecidos, ao centro da cama.
— Helena...
A mulher se mexeu, saindo de baixo dos lençóis.
— Agnes?! O que faz aqui? — se levantou e se aproximou dela.
— O que aconteceu com você? — tentou prestar atenção no rosto de Helena, mas estava escuro. Abriu uma fresta da cortina ao seu lado e constatou o estado da mulher. Palids e fraca. Tinha o rosto cansado e o cabelo bagunçado.
— Minha mãe, Agnes... — e desatou a chorar. Agnes sentiu seu estômago gelar e a abraçou.
Deixou que Helena chorasse por alguns minutos, mas notava o teremor incomum em suas pernas, então a afastou.
— Você deve se recompor, sim? Precisa cuidar de si! — enxugou as lágrimas que escorriam persistentes. — Vamos.
A levou pela não até o banheiro. Respirou fundo e checou se havia água o suficiente ali. Estava fria, mas serviria para acordá-la.
— Tome um banho. Vou providenciar algo para comer. Ei — levantou o rosto de Helena quando a pegou divagando com os olhos no chão —, se fizer isto, levo você de volta para a cama, sim? Pode fazer isto? Será rápido e se sentirá muito melhor, prometo.
Helena fez que sim com a cabeça e Agnes se retirou para que ela tirasse as roupas. Desceu às escadas, procurando por alguém que pudesse lhe ajudar, encontrou a mesma mulher que a deixou entrar.
Falou brevemente com ela, pedindo ajuda para preparar algo para Helena comer. Malli pediu para que Agnes a acompanhasse e se encarregou de preparar uma bandeja. Até que enfim sua amiga se alimentaria.
Assim que Agnes retornou aí andar superior, Helena estava de roupão, voltando ao quarto.
— Eu trouxe algo para você comer.
— Não estou com muita fome, mas obrigada. — foi até sua cama e se sentou, cobrindo as pernas com os lençóis de antes.
— Está sim. — sentou-se ao lado de Helena, ainda com a bandeja em mãos. O cheiro de comida provocou a mulher, que mesmo não tendo muito apetite, sentia a boca encher de água — Se não comer, eu como. E você sabe que eu vou. — olhou para a outra ao seu lado.
Helena suspirou e cedeu. Recebeu a bandeja em mãos e, lentamente acabou com a comida. Agnes colocou a louça sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama.
— Está com sono? — fechou a Cortinha que havia aberto outrora.
— Não. Apenas estou... cansada. — olhou para Agnes em pé — Deite-se aqui comigo?
A mulher então, em silêncio, retirou suas botas e subiu na cama, deitando de frente para a outra, que a encarava. Ficaram em silêncio por muitos minutos, parecia confortável.
— Quer falar sobre o que houve ou...
— Eu não quero mais ficar aqui, Agnes. Não aguento ver minha mãe e Aaliz em todo o lugar para onde olho. — interrompeu-a — Me sinto sufocada, não suporto mais chorar. Vejo como Malli se esforça para ser boa comigo mas... não quero mais estar aqui e ser um fardo.
— Ela parece ser uma boa amiga, tenho certeza de que não é um fardo para ela. Mas se não quer estar mais aqui, podemos ir embora, se você quiser.
— Eu não tenho para onde ir. Eu não tenho...— Agnes parou para pensar no desamparo emocional de Helena. Gostaria de dizê-la que poderia ir para onde quisesse, pois tinha condições financeiras para tal, mas o sentimento de não sentir que tem para onde ir, se referia à se sentir solitária e perdida.
— Você tem à mim. — não deixou que terminasse de falar — Pode se sentir bem vinda em minha casa. Não precisa se sentir perdida.
— Eu posso ir?
— Você quer?
— Se não lhe incomodar eu... acho que seria bom. — deu um pequeno sorriso para Agnes, que retribuiu.
— Então, podemos ir assim que se sentir pronta.
Helena se levantou e, enquanto Agnes levava para baixo a bandeja, arrumava uma mala e vestia-se. Quando a mulher retornou, estava terminando de prender parte de seus cabelos. Tentava não parecer tão mal.
Agnes, que ainda estava somente de meias, sentou-se para calçar seus sapatos, Helena a observou.
— Você acabou não me dizendo.
— Perdão?
— Não me disse o que veio fazer aqui. Não sabia do que aconteceu, então por quê?
Agnes se levantou e foi até ela. Precisava fazê-la sorrir, mesmo que fosse uma verdade disfarçada de piada. Seria uma boa ideia lhe lembrar do passado, nostalgia é quase sempre um sentimento bom.
— Vim me casar com você, como foi prometido.
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N/A: Sabadão da att dupla parte 1, família! Boa noite gente, primeiro cap de hoje em mãos, vejo vocês daqui à pouquinho! Até lá 🖤
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Prometa-me / [versão não revisada]
RomanceHá muitos anos, uma adolescente cometera o erro de selar um acordo curioso com uma criança. Acordo este, onde não via importância ou malícia alguma. Oras! Não é verdade que temos que dizer sim aos pequenos, para não chateá-los? O que a jovem não sa...