Era como uma tempestade. Agnes nunca tinha sido vista falando tanto, e Helena se assustou com isso.
Quase tanto quanto se surpreendeu com o conteúdo de seu monólogo.
Conseguia sentir verdade nas palavras de Agnes, e mais,os olhos verdes como turmalinas nunca aprenderam a mentir. Tal intensidade avassalou Helena, de forma que, assim que as últimas quatro palavras foram proferidas, não conseguiu dizer nada, de imediato.
Então Agnes continuou a falar.
— Quero que entenda que não estou te pedindo nada, nem poderia! — sorriu — Só não quero perder mais uma chance de te dizer como me sinto. Espero que saiba que não espero uma resposta eu só... me sinto mais leve.
— Agnes, eu... Não sei como — Helena piscou —, calma. — espalmou a mão no ar, Agnes se afastou — Eu preciso entender! Você diz...
— Que te amo? — Helena arregalou os olhos mais uma vez — É, estou apaixonada por você há alguns anos. — colocou as mãos no bolso da calça.
— Você, este tempo todo? — Agnes que fez que sim com a cabeça — Eu não sei o que pensar!
— Esta é a questão. — balançou os ombros — Você não precisa. Não posso dizer que não espero que isto interfira em algo em seu coração, mas, por favor, não se force à pensar demais sobre isto.
— É isto! Isso interfere sim em minha decisão! — Helena levantou a voz — É horrível! Minha mente diz algo e meu coração... nem sabe de mais nada!
Helena ficou parada, olhando para o chão.
— Eu... — murmurou alguma coisa que Agnes não entendeu, então voltou a se aproximar.
— O que disse? — Helena olhou para cima, com o rosto corado.
— Eu também sinto alguma coisa. — voltou o rosto para baixo, enxergando os sapatos de ambas — Quando você estava prestes à ir embora eu me sentia angustiada. Era assustadoramente triste pensar que ficaríamos separadas novamente! Então, acho que isto significa alguma coisa. Talvez eu não saiba o quê, exatamente...
— Mas quer descobrir, eu suponho.
Ficaram em silêncio novamente. Era um momento importante. Helena estava inquieta. Suspirava, mexia nos cabelos e balançava os pés. Agnes estava completamente imóvel, mas por dentro, sentia tudo se revirar.
O que Helena decidiria, afinal?
Respirou fundo. Uma, duas, três vezes.
— Eu achava que tinha alguma coisa me impedindo de ir. — começou falando com a voz mais contida, um tanto trêmula — Mas começo a pensar que, no fundo, eu não quero ir embora novamente. — encarou os olhos de Agnes e sorriu — Não pode me deixar partir, Agnes.
Foi preciso lembrar-se de que deveria falar algo. Agnes estava em transe, então quase se manteve em seu habitual silêncio.
— Pode ter certeza de que não vou.
— Eu sou muito curiosa mesmo, não é? — deu risada, sentindo a tensão deixar seu corpo — Meio que quero tentar... descobrir mais sobre — usou a mão para se referir à ela e Agnes — esta situação. Está tudo bem para você?
— Que tipo de pergunta é esta? É claro.
— Que bom! — sorriu, aliviada.
— Posso te dar um abraço ou... não sei.
— Agnes, não faça perguntas difíceis, venha cá! — abriu os braços e recebeu o corpo de Agnes contra o seu.
A mulher pensou que gostaria muito de beijar Helena, mas poderia ser muita informação para somente um dia, então a apertou em seus braços o máximo que pôde, até que a ouviu reclamar que estava morrendo sufocada.
— Muito bem. — respirou fundo, mais aliviada, porém ainda ansiosa — Venha. — levou Agnes até seu ateliê, onde de sentaram confortavelmente pelas poltronas fofinhas que haviam ali. Agnes gostava daquele ambiente, pois era infestado de Helena. Tinha seu cheiro, sua essência e sua presença por completo. Reparou num modelito no manequim.
— O que é?
— Oh! — Helena arregalou os olhos, havia se esquecido daquilo. Suspirou — Não era para você ver. Era um presente.
— Ah... Bem, posso fingir que não vi. — piscou um olho para Helena.
— Certo — deu risada —, temos muito o que conversar e resolver, não é?
— Com certeza.
— Mas o que mais quero saber é — cruzou as pernas, inconscientemente atraindo a atenção de Agnes — como isto vai funcionar?
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N/A: Vamo começar a semana com att dupla? Parte 1 pra vocês, a gente se vê em breve 🖤
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Prometa-me / [versão não revisada]
RomanceHá muitos anos, uma adolescente cometera o erro de selar um acordo curioso com uma criança. Acordo este, onde não via importância ou malícia alguma. Oras! Não é verdade que temos que dizer sim aos pequenos, para não chateá-los? O que a jovem não sa...