Enfiei um pedaço de brownie na boca enquanto Felix me encarava com atenção, concentrado em todas as expressões que eu fazia. Olhei para cima e coloquei meu indicador sobre o queixo, forçando uma expressão pensativa enquanto o garoto de cabelos escuros ao meu lado quase tinha um treco.
— O que você achou, hyung? — Felix indagou com expectativa, me olhando com os olhos levemente esbugalhados.
— Está muito bom! — Elogiei após todo um suspense dramático, fazendo Felix suspirar de alívio.
— Ufa, ainda bem... O aniversário do Binnie já é na próxima semana, não posso errar na receita do brownie de jeito nenhum. — A voz grave soou aliviada, me fazendo sorrir com a sua preocupação de fazer o doce preferido do namorado da maneira mais perfeita possível. — Pode levar os brownies com você, não aguento mais comer isso.
Peguei o pote de vidro das suas mãos e dei um beijo em sua bochecha antes de correr até o ginásio, eu já estava atrasado para o período de educação física.
Quase caí quando atravessei a porta do local, vendo os garotos do time já se alongando para mais um dia treino. Os outros alunos estavam pelas arquibancadas e alguns jogavam vôlei do lado de fora da quadra.
— Desculpe o atraso, já estou indo! — Gritei para eles, tirando a mochila das minhas costas.
Parei no caminho quando vi Hyunjin sentado no canto da quadra, mais afastado dos outros alunos. Mesmo me sentindo levemente tímido e também muito envergonhado pelo dia anterior em que não controlei meus impulsos afetivos e abracei o garoto sem mais nem menos, corri até ele.
Vi ele erguer a cabeça, um pouco confuso com minha aproximação, porém sorriu pequeninho como sempre quando dirigi um sorriso para ele.
— Bom dia, posso deixar minha mochila e meu casaco aqui com você? — Perguntei com o rosto vermelho de vergonha, Hyunjin abanou a cabeça rapidamente e pegou minha mochila e meu casaco das minhas mãos, os colocando cuidadosamente ao seu lado. — Você pode pegar um brownie se quiser.
Hyunjin olhou para o pote e depois para mim, disfarçando a expressão torcida que fez ao encarar o bolo fofinho.
— Tudo bem, hyung. Obrigada. — Ele murmurou.
Sorri alegremente ao ouvir o honorífico deixar de seus lábios, aquilo com certeza havia elevado o meu humor matinal.
Corri para o campo e me juntei no aquecimento com os garotos. Changbin e Jisung me encaravam com curiosidade e Christopher sorria acusador.
— Você tava falando com o novato?! — Changbin sussurrou de maneira gritante, se colocando ao meu lado enquanto tocava as pontas dos seus pés em um alongamento.
— Minho hyung, conta, conta! Você perguntou para ele se ele está bem? — Sung perguntou com ansiedade.
— Claro que não, Jisung! Isso é lá pergunta que se faça para alguém que mal conhece?! — Respondi como se fosse óbvio, revirando os olhos enquanto começava a correr em volta do campo, sendo seguido pelos três garotos curiosos.
— Como isso aconteceu? Eu juro que li nos lábios dele ele te chamar de hyung. — Chris se pronunciou, me acompanhando lado a lado na corrida.
Os três pareciam eufóricos com a pequena troca de palavras entre mim e Hyunjin, até mais do que eu mesmo.
— Lembra que eu falei que haviam vizinhos novos lá no condomínio? Minha mãe acabou fazendo amizade com a nova moradora, então... Ele é filho da minha vizinha.
— Ele é seu vizinho?
— Sim, né Jisung? Não ouviu? — Changbin pegou no pé do garoto, levando um peteleco de Jisung logo em seguida.
— Continuando... Ontem fui com minha mãe levar uma torta para a Alina, a mãe dele, e acabamos conversando. — Continuei a história.
— Conversaram sobre o que? — Changbin perguntou.
— Bem, não foi uma conversa, conveeersa. Eu apenas pedi desculpa por ter encarado ele inconvenientemente aquela vez em que eu e Sung o levamos para enfermaria.
— Achei que fosse algo mais interessante, nem para render fofoca você serve Minho. — Jisung resmungou e eu coloquei o pé em sua frente, derrubando o garoto no chão. — Ah! Eu te odeio, Lee!
Soltei uma risada e o ignorei.
— Seis para cada lado, vamos começar uma partida para executar todas as jogadas combinadas que treinamos. — O treinador Hoseok gritou.
Fomos para o meio do campo e logo o jogo iniciou, Changbin e Jisung no time adversário e eu e Bangchan juntos.
Enquanto corria atrás da bola, minha mente voou para a expressão de Hyunjin quando lhe ofereci os brownies.
Talvez ele não gostasse de brownies, foi o que eu pensei logo em seguida.
Porém lembrei da vez em que a enfermeira lhe entregou o sanduíche e ele fez a mesma expressão de repulsa quando encarou o pão.
Aí percebi que também nunca tinha visto o garoto comer na cantina da escola, ele sempre sentava em uma mesa no fundo do refeitório e tomava apenas uma garrafinha de água enquanto mexia em seu celular e esperava o horário do intervalo passar.
Chutei a bola para o gol quando Christopher a passou para mim, marcando o nosso primeiro ponto. Os cinco garotos deram um toque de mão em mim e logo começamos a correr de novo.
Desviei meu olhar para Hyunjin por alguns segundos, tentando montar o quebra cabeça que o garoto era em minha mente.
Juntei as sobrancelhas ao recordar da primeira vez que meus olhos captaram Hyunjin. Ele estava no seu quarto, vestindo apenas uma cueca preta tendo um ataque de pânico em seu quarto.
Naquele dia eu fiquei tão atordoado que mal prestei atenção no seu corpo, mas agora eu lembrava nitidamente da sua imagem. As pernas e os braços finos, as clavículas marcadas e os ossos das costelas muito bem salientados.
— Ai! — Resmunguei quando senti a bola de futebol bater na minha cara, me fazendo cair sentado no chão enquanto colocava minhas mãos sobre o rosto no local dolorido.
— Acorda para a vida, Lee! Tá com a cabeça aonde?! — O treinador falou antes de erguer a mão para me ajudar a levantar.
Fiz uma careta para tentar dissipar a dor e suspirei ao encarar Hyunjin uma última vez.
desculpem pelo capítulo curtinho, vou tentar postar mais um essa semana ainda.
enfim, logo logo vai começar as interações dos hyunknow pois não quero prolongar esse lenga lenga de post-its.
mommy ama vocês. <3
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body • hyunho
Fanfiction[𝐂𝐎𝐌𝐏𝐋𝐄𝐓𝐀] [+18] Quando Hyunjin encontrou o corpo de seu pai enforcado na garagem da casa em que moravam, viu toda felicidade esgueirar-se de si assim como a areia fina caía entre os dedos das mãos. A culpa que estraçalhava seu peito e o bul...