capítulo um

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Meu corpo inteiro estremeceu no instante em que meus pés tocaram o piso cinza e áspero dos corredores da escola, a sensação incômoda de olhares julgando cada uma de minhas ações foi o suficiente para fazer com que eu desejasse a morte

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Meu corpo inteiro estremeceu no instante em que meus pés tocaram o piso cinza e áspero dos corredores da escola, a sensação incômoda de olhares julgando cada uma de minhas ações foi o suficiente para fazer com que eu desejasse a morte. Ajeitei o capuz do moletom largo que cobria meu tronco e baixei a cabeça, caminhando diretamente para a minha sala de aula apontada no pequeno cronograma que pousava em minhas mãos. Eu ainda não havia conseguido decorar os horários de cada matéria.

Faziam exatos dez dias desde que eu havia sido transferido para esta escola, tentei ao máximo ser invisível aos olhos de todos desde meu primeiro dia, mas ainda assim me sentia perseguido por todos aqueles olhares.

Por mais que eu me escondesse, ouvia sussurros baixos falando de mim, sobre como eu era estranho, sobre como minha aparência era péssima e sobre como eu parecia doente.

A escola era o próprio inferno para minha pessoa e eu não falava isso porque não gostava de estudar ou algo do tipo. Eu apenas conclui tal fato quando senti minha alma ser sugada pelas pessoas que ali frequentavam, quando senti meu corpo sofrer as consequências de todos os comentários maldosos e risos debochados que me eram direcionados.

Eu, de fato, sempre havia sido uma pessoa boa, sempre fui um aluno aplicado, um ser gentil e empático. Mas do que adiantava ser uma pessoa com um interior bom? Do que adiantava isso quando, na verdade, todos só ligavam mesmo para o seu exterior, para o que você aparentava ser...

Quando me dei conta que a escola era um ambiente cruel, que as pessoas eram perversas e que o mundo era impiedoso, já era tarde demais.

Eu já havia sido corrompido.

Minha mente já havia sido quebrada e, consequentemente, meu corpo também.

As pessoas haviam sido tão cruéis comigo, ao ponto de que me vi carregando nos ombros um montante com os sentimentos que elas tanto diziam que eu as despertava:

Nojo, vergonha, repulsa.

Elas haviam conseguido me fazer odiar a minha própria existência.

Minha saúde mental agora era apenas uma fina camada de brasas de algo queimado, extinto, e meu corpo era algo completamente destruído, desigual.

Hoje eu sou uma carcaça do que um dia eu fui.

- Bom dia, queridos alunos! Espero que estejam animados pois hoje vai ser futebol, ihul! - O professor de educação física gritou, totalmente animado.

- Sempre é futebol. - Alguém próximo de mim resmungou.

Educação física no primeiro período era tortura psicológica.

- Para não termos nenhum time em desvantagens, quero que os garotos do time de futebol se dividam igualmente e montem suas equipes com o resto dos seus colegas. - o professor orientou, chamando com as mãos os garotos que faziam parte do time oficial da escola.

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