[𝐂𝐎𝐌𝐏𝐋𝐄𝐓𝐀] [+18] Quando Hyunjin encontrou o corpo de seu pai enforcado na garagem da casa em que moravam, viu toda felicidade esgueirar-se de si assim como a areia fina caía entre os dedos das mãos. A culpa que estraçalhava seu peito e o bul...
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Encarar uma mesa posta já não era mais tão agradável aos meus olhos como estava sendo nos últimos momentos. Meu estômago se contorcia e apenas o cheiro conseguia me enjoar, me deixando incapaz de disfarçar a cara de nojo.
A rotina de jogar fora a comida escondido dos olhos da minha mãe havia voltado, mas não me culpe... Era automático.
Me sentia fraco.
Não pela falta de alimentação, mas sim fraco mentalmente. Bastou um comentário sobre meu corpo para meu psicológico regredir em segundos, um pequeno comentario e aquele gatilho me atingiu em cheio e agora aqui estaca eu, pronto para decepcionar Minho que tanto tentava me ajudar.
Me sentia fraco por me abalar com comentários alheios, mesmo que fosse constantemente elogiado por aqueles que realmente me amavam de verdade.
Eu era quebrado, estava fadado a ser um fracasso para todo o sempre.
O som de toques suaves na porta soou pelo cômodo inteiro, fazendo eu despertar para a vida.
Empurrei as cobertas e levantei vagarosamente da cama a medida que sentia meu corpo prestes a ceder.
- O que quer, mãe? - não fui intencionalmente grosso, porém soou mais rude do que desejei.
A mais velha me olhou por longos segundos, suspirando enquanto me analisava dos pés a cabeça.
- O que aconteceu Hyun? Você não sai mais desse quarto, Minho me disse que você não fala mais com ele e nem com Jeongin durante as aulas... Você chega e simplesmente se tranca. O que está acontecendo Hyunjin? - ela questionou, seu olhos lacrimejavam e isso fez meu coração doer. Ela estava triste e eu havia causado aquilo.
- Não é nada, está tudo bem. - menti, tentando sorrir o máximo possível porém tinha certeza que meu sorriso não passou de uma careta.
- Não está! Eu sou sua mãe, eu sei quando você não está bem! - ela exclamou com um tom de voz alterado.
Minha mãe não gritava, nunca. Desde que eu era pequeno, podia contar nos dedos todas às vezes que ela levantou a voz comigo e em todas eu havia realmente passado dos limites.
- Desculpe. - sussurrei, baixando o olhar conforme sentia minha vista embassar e um caroço se formar na minha garganta.
- Vou marcar uma consulta com o psicólogo para você, toda semana. Não aguento mais ver você desse jeito e não conseguir fazer nada para te ajudar, eu sei o quanto é difícil e sei que você não faz isso de propósito, Hyun. - seus olhos brilharam conforme se enchiam de água. - Mas você não sabe o quanto dói em mim, ver você desse jeito, se afundar aos poucos como se a vida já não tivesse mais sentido. Eu já perdi seu pai e não estou disposta a correr o risco de perder você também.
Pressionei os lábios em uma linha reta, mesmo que me desagradasse a ideia do psicólogo decidi não bater boca com ela naquele momento.
- Minho está na sala, vou mandar ele subir. - ela finalizou e no mesmo instante me desesperei, negando com a cabeça.
