[𝐂𝐎𝐌𝐏𝐋𝐄𝐓𝐀] [+18] Quando Hyunjin encontrou o corpo de seu pai enforcado na garagem da casa em que moravam, viu toda felicidade esgueirar-se de si assim como a areia fina caía entre os dedos das mãos. A culpa que estraçalhava seu peito e o bul...
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Meus olhos seguiam com atenção cada movimento do garoto sentado ao meu lado. Eu já havia terminado de comer meus bolinhos e ele saboreava calmamente o seu último cupcake enquanto contava sobre sua noite de filmes com Jeongin.
Era realmente impressionante o fato de que eles conseguiram assistir diversos filmes enquanto uma festa de arromba - literalmente - acontecia no andar de baixo da casa.
- Você precisa ver, ele jogou a teia enquanto ela caía e super parece que ele vai salvar ela mas aí o corpo dela bate no chão mesmo com a teia grudada nela. Aí ela morre né, coitada. - ele dizia com os olhos arregalados e uma expressão triste. Contava de maneira tão empolgada que eu me vi incapaz de cortar o barato dele ao dizer que já havia visto o filme e sabia o que acontecia, então apenas fiquei em silêncio o escutando falar e fazendo expressões de surpresa.
- Oh, tadinha. - comentei enquanto negava com a cabeça, terminando de bebericar meu chá.
Nosso olhar subiu para a atendente sorridente de cabelos loiros que parou ao pé da nossa mesa, perguntando se poderia recolher as xícaras e os pratos sujos de farelo. Rapidamente concordamos e então ela equilibrou tudo em seu braço, questionando se havíamos gostado.
- Vocês são clientes novos, não? Não lembro de já ter os visto. - Roseanne indagou com os olhos cerrados, como se tentasse puxar na mente se nossos rostos lhe eram conhecidos.
- Sim, mas com certeza viremos mais vezes. Não é? - falei, sorrindo para Hyunjin que concordou rapidamente, balançando sua cabeça para cima e para baixo.
- Vocês não conhecem o sistema de adoções da confeitaria então, não é? - ela perguntou enquanto passava um paninho úmido na mesa.
- Sistema de adoções? Não. - Hyunjin juntou as sobrancelhas.
- Então... Nossa confeitaria é um projeto que eu e minhas amigas fizemos em um trabalho da faculdade, quando eu estudava veterinária. A ideia era basicamente resgatar animais abandonados/vítimas de maus tratos e então disponibilizá-los para uma adoção responsável após a recuperação deles. - ela contou e tanto eu quanto Hyunjin a encarávamos com atenção. - No fim eu acabei largando a faculdade de veterinária e investindo em cursos de confeitaria junto com a Jennie. - ela apontou para a garota que ficava no balcão, separando os pedidos dos clientes. - Enfim, a minha namorada e a namorada da Jennie possuem uma clínica veterinária no outro lado da rua. Elas prestam trabalho voluntário e recebem uma quantidade absurda de gatinhos abandonados para tratar e após eles se recuperarem eles vem para cá, onde o seguimos com o projeto de achar um lar para eles.
Eu a ouvia com a atenção e, no mesmo instante que me toquei que eu podia levar alguns daqueles gatinhos para minha casa, comecei a calcular a probabilidade de minha mãe me bater, espancar e expulsar de casa assim que eu aparecesse do nada com um gato dentro de casa. Percebi que valia a pena o risco ao encarar o rostinho do gatinho alaranjado com algumas manchas brancas pelo qual eu trocava olhares desde que entrei na confeitaria.
