24 - Veneno de Girassol

4 3 0
                                    

  - Não irei mais maltrata-los Valentin, claro desde que não me tirem do sério. - Abri um pequeno sorriso e ele me fitou como se eu fosse um ignorante. Eu odiava isso nele, a forma que julgava apenas com aquele olhar frio e repulsivo. Desde a adolescência era isso que eu sempre quis acabar. Arrancar aqueles olhos azuis e jogar no fogo, deixar o Rei dos elfos cego e espetar lanças banhadas por girassol em suas cavidades visuais onde havia sobrado as veias do cérebro. Seria um prazer imenso...
  - Bom, sua impulsividade a parte. Me diga, o que fez para convencer a bruxa a concordar em usar a minha tesoura e não a dela? - Ele perguntou e eu saí de perto dos anões asquerosos e fui para perto do trono, me obrigando a sair do devaneio em que tinha me perdido, procurando me acomodar no acento ao lado. Não era tão magestoso quanto o meu, mas servia pelo menos.
  - Prometi a ela lhe deixar eternamente bela se ela conseguisse fazer pelo menos um buraco no lobinho loiro. E ela ficou deslumbrada com a proposta. - Fiz Valentin alargar um sorriso cruel na pálida face cheia de dentes brancos. Foi assustador até pra ele mesmo. Por um instante não pareceu mais humano, e a parte élfica pareceu estar predominando. Não que já fosse muito humano, sua linhagem élfica não permitia. Era uma criatura de sangue real, e só o fato de parecer um ser humano já causava estranheza. - Mas diga-me Valentin, porque tanta questão que ela usasse justo a sua tesoura e não a dela? Não deveria ter insistido mais que o buraco que ela fizesse fosse no coração do seu irmão? - Indaguei e ele riu em contentamento. O seu bom humor estava se espalhando pelo salão. Os duendes e os gnomos pareciam mais relaxados com a presença dele ali. Como se preferissem mais a ele do que a mim, que era o verdadeiro rei deles. Helltown era minha, e mais cedo ou mais tarde eles teriam de aceitar isso.
  Mesmo com um esquadrão de elfos armados até os dentes com lanças e escudos a cada metro quadrado, os verdes asquerosos permaneciam serenos e sorrindo.
  - É porquê meu caro,  - Valentin me tirou do devaneio de novo para uma explicação, daquele mesmo jeito asqueroso que fazia quando queria falar que ele era o melhor de todos, estava se sentindo a última bolacha do pacote, mal sabia ele que as últimas sempre quebram e são as mais rejeitadas - Aquilo que eu te dei não era apenas uma tesoura para cortar ou espetar, as pontas dela foram banhadas por veneno. Um meticuloso veneno criado especialmente para elfos, tem fragmentos de sementes de girassol ali. E como você sabe, uma sementinha apenas, já seria capaz de matar um guerreiro elfo dos mais fortes, aprisionando o espírito e a alma dentro de um cadáver morto, onde o coitado acometido por esse mal ficaria agonizando pra sempre, sem poder reencarnar e nem mesmo morrer de verdade. Seria basicamente como uma prisão eterna de tormento. E naquela tesoura tem pelo menos fragmentos de sementes o suficiente para matar dez homens com a força de Levi. Meu irmão nem imagina o que o aguarda.
  - Mas e ele não vai descobrir? Mais cedo ou mais tarde o corpo vai ceder, não vai? - Perguntei fascinado com a perspicácia do rei dos elfos, ele deveria ter fundido a semente muito bem para ela não alarmar nenhum sinal no corpo do outro, eu conhecia bem o girassol pelo fato dele ser fatal e queimar sete vezes mais que o fogo do inferno, e ele, Valentin sabia muito bem disso, estava alegre com a ideia de matar o próprio irmão e riu, alargando ainda mais aquele sorriso cruel e desumano.
  - Não vai dar tempo, o veneno é caprichado demais para isso. A substância vai se enfiltrar na corrente sanguínea dele e vai começar a mata-lo lentamente. Até que o ferimento que a bruxa fizer nele cicatrize, seja entre três ou quatro dias, ele já vai ter perdido a consciência, vai se transformar no monstro que é e matar todos que estiverem ao seu redor. O próprio fato da regeneração dele se adiantar em curar a ferida vai ser o bastante para esvair dele a vida ainda mais rápido. É a nossa bomba relógio. Vai ser o suficiente para matar as rainhas e todo pelotão, até mesmo as jovens rainhas. As coitadinhas e o anjinho nem saberão de onde veio o perigo.

- Jung Kook-

  Algumas horas incansáveis se passaram, estávamos famintos, provavelmente já passavam das cinco da tarde e aquele sol que nem esquentava e nem deixava a floresta fria o bastante estava fazendo subir um mormaço escaldante pelo local onde passávamos. O cheiro de erva cidreira e de roedores se misturando com a umidade deixou Jimin tão enjoado que o mesmo já tinha vomitado quatro vezes e ainda reclamava que estava enjoado. Estava parecendo até uma mulher grávida já àquela altura.
  Já havíamos saído da trilha a muito tempo, os carros estavam tão perto, mais um dia de caminhada e chegaríamos lá, na verdade podíamos chegar antes se varassemos a noite, porém alguns nem dormiram, mas eu podia jurar que Jong Up estava quase caindo de sono porquê não parava de olhar de um lado para o outro numa busca incessante por alguma coisa. Será que estava achando que havia se perdido?
  - Você se perdeu não foi? Ou então vai nos contar o que tanto procura? - Mark se adiantou impaciente antes que eu pudesse perguntar algo e Jong Up negou com a cabeça.
  - Eu sei em que direção larguei os motores, mas tenho quase certeza que estamos sendo seguidos. Há horas.

Prison IVOnde histórias criam vida. Descubra agora