- Alícia on-
O carro deu uma guinchada assim que Levi apertou o acelerador, deu pra ouvir acima do barulho do céu que irrompia em trovoadas infernais o som dos pneus gritando e então de repente o baque. Levi tinha passado por cima dela. Com gosto!
Deu para ouvir claramente o som de ossos sendo esmagados e de um corpo sendo atingido pela parte da frente do carro. Sangue espirrou pelo capô e pelo vídro da frente, e a tesoura que ela tinha na mão saiu rodopiando pra dentro do carro, atravessou o parabrisa e ainda continuou vindo, Levi se abaixou bem a tempo dela quase tirar um pedaço de sua orelha pontiaguda e então berrou para abaixar, e a tesoura passou direto para trás.
- Mallya! - Eu gritei, me virando depressa e quando olhei para trás Tae estava com o punho para baixo, os dedos em volta do metal enquanto estava segurando a tesoura da kushisake Onna a poucos milímetros de distância da garganta da Mallya, que arfava depois de arquejar com o susto repentino de ter sido acordada desse jeito abrupto.
- Já deu pra ver que vocês dois foram feitos um para o outro, os dois dirigem até igual! - A Mallya riu nervosa se referindo a Levi enquanto ia tirando o pescoço da reta e eu suspirei de alívio. A Kushisake Onna tinha ficado para trás, morta. Ou pelo menos parada o suficiente colada no asfalto para termos tempo de ir embora. Enquanto suas viscerais, ou que sobrou dela estavam impregnadas na pintura do carro.
- Tá todo mundo bem? - Eu perguntei, tocando o joelho da Mallya e a mesma agarrou a minha mão depressa, o carro começou a andar ainda mais veloz, fazendo que sim com a cabeça a Mallya se voltou para Tae para ver se ele estava bem e ele abriu o vidro e jogou a tesoura pela janela. Quando voltei a olhar para frente e coloquei a mão no ombro de Levi, nem precisei perguntar se ele estava bem, tinha sangue escorrendo de sua orelha, o lugar no qual eu achava que não tinha pego a tesoura. Levi tirou da quarta marcha e mudou pra quinta enquanto esfregava a orelha.
- Essa vadia! Essa merda tá ardendo! - Urrou Levi esmurrando o volante e eu passei os olhos em volta dos bancos, até achar minha mochila no banco do trás, peguei as coisas, me desvencilhando do cinto para alcançar uma faixa e alguns esparadrapos. Isso ia ter que aguentar até chegarmos no acampamento.
- Levi eu vou encaixar pra você, mas por favor, não bate esse carro em hipótese alguma! - Pedi enquanto segurava o álcool em uma mão e as bolas de algodão na outra.
Passei álcool nas duas mãos e nos algodões e então olhei para ele, que estava concentrado na pista.
- Levi eu vou passar o álcool.
- A minha cabeça está latejando gatinha, pega um remédio forte, antibiótico, qualquer coisa forte que a gente tiver nas mochilas e dá por favor. - Levi pediu e eu assenti. Foi quando uma coisa estúpida passou pela minha cabeça, Levi tinha falado como se não soubesse que tinham remédios na mochila, ele mesmo escolheu meticulosamente os remédios que ia trazer no caso de dor lasciva ou infecções, e de repente não sabia mais que tipo de medicamentos a gente tinham e apenas pedia por antibióticos? Do nada ele era um gênio de farmácia e enfermagem e depois de o que, algumas horinhas no carro não lembrava mais do que tinha em mãos?
Era paranóia minha! Meu Deus era só paranóia! Ele estava com dor, claro! Era a dor que estava fazendo isso na cabeça dele.
Com meu aviso sobre a dor intensificar, a Mallya se encolheu do outro lado, agoniada em ver aquela cena, e Levi ficou tenso. Quando o líquido entrou em contato com a orelha ensanguentada dele eu pude ver que o corte era bem pequeno, tinha sido um golpe de raspão por sorte. Levi não achou o mesmo, ele esmurrou o volante com ainda mais força. Contendo um gemido animalesco de dor. Eu não conseguia olhar nos seus olhos para ver suas íris, mas tinha certeza que estava ficando diferentes. O lobo estava querendo vir. Ou talvez não, ele parecia bem capaz de querer jogar qualquer outra coisa do lado de fora.
- L-Levi... - Comecei a sentir o coração acelerar ainda mais, já tinha ficado com medo pelo susto repentino com a estrada, mas os dedos de Levi estavam se deformando e transformando garras de ossos, que lobo era esse repleto de ossos? - V-Vamos enfaixar está bem... - Comecei a dizer, estava tentando associar um pensamento com o outro, tinha algo de errado, foi quando fui surpreendida da pior maneira possível, e meu foco foi interrompido quando ele tirou os olhos da estrada e olhou pra mim, os olhos ficaram completamente negros, sem pupila nenhuma.
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Prison IV
Mystery / ThrillerO pior dos piores, o fim dos tempos. Nada vai poder mudar o que aconteceu, e sobreviver é mais necessário que viver. Agora mais do que nunca a Alícia e a Mallya vão ter de se unir contra todos, ninguém mais escapa dos monstrengos que assolam a c...