48 - Fantasma do Passado

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  - Vem Alícia, vamos deixar esse imbecil aqui pra aprender! - Replicou Levi enquanto cuspia em cima do que tinha sobrado de Mark. Um amontoado de braços e pernas bambos e cheios de sangue e hematomas.
  Engoli em seco, perplexa em um êxtase absoluto.
  - Mas como foi que você fez tudo aquilo? E eu não senti nadinha de nada?!! - Indaguei agarrando seu braço forte estendido na minha direção, e assim que Levi viu que eu estava com os pés de novo firmes, enquanto me sustentava em pé, ele limpou o suor que escorria de sua testa e deu um sorrisinho travesso.
  - Eu te contei que sou metade elfo?
  E eu comecei a rir enquanto descíamos a escadinha do coreto, agora deslumbrada com a bela surra que Mark tinha levado, ainda bem que alguém conseguiu bater nele, já estava na hora do cretino receber pelo menos um pouco do que merecia. Pena que minha graça não durou muito, depois de vinte passos eu já estava cuspindo sangue por causa da ferida aberta.

- Mallya on-

  Puxei a gola da camiseta com força o bastante para quase rasgar o tecido, me ajoelhando no chão desesperada. É desesperada era uma boa maneira de me descrever.
  Depois da crise de vômito na sala de jantar eu fiquei no quarto que prepararam para receber eu e a Alicia. Minha colega de beliche não se encontrava, então tudo que consegui fazer foi chorar sozinha. Tae estava preocupado demais com o que as rainhas disseram para se importar de vir até o quarto. E eu não o queria aqui. Consegui ver de longe a maneira que o olhar dele ficava perdido na direção da minha mãe. Como se fosse um cachorrinho abando o rabo depois do dono voltar pra casa. Estava enjoada e irritada.
  O peito e a garganta ardiam de nervoso e eu conseguia sentir uma fúria desumana subindo pela minha cabeça, inflando a caixa torácica como se ela estivesse prestes a explodir.
  E quando aquele cretino passou pela porta sem bater foi como se eu tivesse entrado em colapso.
  - Filha? - A voz do meu pai invadiu o cômodo e eu levantei depressa, enxugando as lágrimas da bochecha com as costas da mão.
  - O que você quer aqui?! - Indaguei na defensiva cruzando os braços sob o busto e senti o peso daquele olhar inquisidor que ele tinha. Não tinha nada de humilde em sua aparência, quem dirá algo de amor. E mesmo assim ele tinha tido a audácia de vir até aqui e sozinho, mesmo depois do que lhe aconteceu depois da última vez que estivemos a sós.
  A vontade que passava pela minha cabeça de mata-lo outra vez parecia tão tentadora.
  - Eu queria conversar querida, sobre a última vez que nos vimos, você estava tão... - Ele parou para medir as palavras enquanto eu conseguia sentir meu rosto avermelhando de nervoso, era como se alguém estivesse segurando a minha cabeça com as duas mãos na tentativa de espremer meu crânio. Não conseguia entender o motivo de tanta raiva. Estava se acumulando de um jeito assustador até pra mim. - Bom, filha... Eu acho que podemos voltar a ser uma família, você e o Jaebum merecem isso, - Só o simples fato dele mencionar meu irmão nessa conversa fez meu sangue aquecer nas veias, e eu senti os olhos mudando de cor - E eu queria conversar com você para te dizer isso, que serei um pai melhor pra vocês, vamos ser felizes... Como nunca fomos. A sua mãe agora está aqui...
  - Não toca no nome da minha mãe!!! - Berrei alto entre dentes, pegando a primeira coisa que encontrei pela frente pra jogar, um abajur roxo muito fofinho se espedaçou contra parede a poucos centímetros de onde meu pai estava, enquanto a lâmpada caia espalhando caquinhos pelo piso.
  - Filha mas o que é isso! - Ele tentou se recuperar da minha reação e eu gritei mais, os dentes rangendo dentro da boca. Enquanto minha sede por sangue começava a me rasgar por dentro.
  - Eu não sou sua filha!!! Eu nunca fui!! Admite pra ela seu crápula! Admite pra minha mãe que eu sempre fui a causa da morte dela e você nunca me considerou!!! - Mordi a língua pra tentar prender o ar, mas os pulmões pareciam inflados de ar quente, como se eu pudesse cuspir fogo de tanto ódio.
  - Eu não admito que você erga a voz assim Mallya, eu ainda sou seu pai! - Ele tentou novamente recuperar o controle da situação e eu esmurrei um espelho que estava na parede ao lado, mais cacos foram pro chão e então eu comecei a quebrar. A cadeira da escrivaninha virou farrapos de madeira enquanto eu espatifava ela com o pé direto, quebrando as pernas até conseguir uma estaca.
  Empunhei o pedaço de pau com força o bastante pra sentir meus dedos esmagando a madeira e então fui na direção dele, com a determinação necessária pra cravar aquilo no coração dele. Não seria a primeira vez que mandava meu querido papai pro inferno. Tomara que dessa vez ele fique lá!

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