14 - Os Biscoitos

4 3 0
                                    

- Mallya on-

  Tirando a incerteza em saber se podíamos confiar ou não em Levi, pelo menos descobrimos que Mark sempre foi aquilo que suspeitávamos, um traíra sem coração.
  A Alícia estava com alguma coisa incomodando ela como sempre. Provavelmente estava pensando no próximo passo que teríamos para pegar o Jackson, dessa vez me recusei a pensar no assunto. Queria esquecer, estávamos no meio de um possível apocalipse de gnomos, ou duendes sei lá, não quero mais sangue nas minhas mãos, e muito menos investigar loucuras que podem nos matar. Não queria mais essa vida, precisava de paz, com uma família de verdade e com a minha mãe...
  Assim que pensei nela meu coração se apertou no peito, ela estava naquele outro reino lutando com sabe-se lá quem. O que será que se sucedeu com ela nas últimas semanas?
  - Sorte a dele não estarmos nos reinos, sua mãe teria mandado arrancar a cabeça dele que nem a rainha de copas apenas por vingança. - Taehyung pronunciou como se pudesse ler meus pensamentos e então invadiu o quarto segurando a porta quando viu meu olhar ele parou diante da entrada me fitando com ternura, os braços caíram de cada lado do corpo e deu para ver que estava cansado e a barba estava por fazer, parecia ter levado uma surra também, tinha alguns hematomas no rosto e nos ombros, mas tirando isso o braço que a Alícia tinha quebrado dele estava no lugar se regenerando com rapidez.
  Foi no mesmo instante que eu tinha pensado em dizer algo em resposta ao comentário dele que Mark passou na frente do nosso quarto batendo os pés irado, os cabelos vermelhos nitidamente evidenciando que estava com raiva. Quando voltou para o caminho da sala eu levantei do colchão e tranquei a porta atrás de Tae, puxando o rapaz comigo para os lençóis.
  - Pelo visto a Alícia não quis conversar com ele. - Comentei fitando Taehyung, enquanto passava a ponta dos dedos nos cabelos cinza e as mexas umas mais claras do que as outras. Quando mexi o quadril para me aproximar mais meu corpo doeu. Tinha me alimentado, tanto de sangue quanto de comida, mas lá no fundo acho que minhas dores eram mais psicológicas do que físicas, estava cansada, tinha usado a mente demais por dias exaustivos demais.
  - Vem aqui Mally - Tae bateu na beirada da cama abrindo espaço pra mim e então eu me aproximei dele ignorando as exclamações de dor que o corpo me rendeu, me aninhando no peito dele enquanto sentia suas mãos nos cobrindo com a coberta, - Esse olhinhos vermelhos entregaram já como você está cansada. - Ele refletiu apoiando o queixo no topo da minha cabeça e começou a afagar meus cabelos, com carinho o bastante para fazer meu corpo inteiro amolecer, lá no fundo ainda estava com medo de não estar acordada de verdade, de tudo não ter se passado de um sonho... Mas Tae parecia tão real...
  Rolei para o outro lado, sentindo Tae se aninhar em mim como uma concha e então seu cheiro de banho recente invadiu meu nariz, aquela doce brisa noturna vindo da janela aberta fez meu coração relaxar também. Estávamos bem... Estávamos seguros...
  As últimas coisas que pude ver eram o papel de parede no teto brilhando com estrelinhas, não sei de quem já podia ter sido aquele quarto, mas tinha um péssimo gosto pra papel de parede, quem põe um papel de parede de flores e estrelinhas com um fundo azul bebê, porque não escolheu um símbolo só...?
  Pude sentir o sono me embalando antes de Tae dizer um "eu te amo". Foi apenas um sussurro, mas eu ouvi e aquilo aqueceu meu coração enquanto eu me entregava a dormir outra vez. Tentando me forçar a lembrar que tinha que responder o eu te amo dele amanhã...

- Alícia on-

  Observei atentamente enquanto Levi que tinha mais uma vez roubado meu travesseiro dormia todo esticado na cama, estava com um sono pesado, de quem estava exausto a muito tempo e como seu ronco não me deixava dormir resolvi que era melhor já deixar as guloseimas do Arak na janela, assim ele se sentiria mais bem recebido quando chegasse de manhã, Levi estava tão cansado que deve ter se esquecido que ele ia voltar amanhã.
  - Não foge, eu já volto. - Sussurrei olhando para ele do meu lado na cama e dei um beijinho em seu nariz, as orelhas levemente pontudas se mexeram por reflexo e ele suspirou com leveza, estava desmaiado afinal.
  O corpo todo relaxado e desnudo, não estava frio, mas mesmo assim eu cobro ele para que não tomasse frio.
  Passei a mãos pelos fios louros e levantei, indo a cozinha buscar um copo de leite e os biscoitos do Duende. Ele chegaria com fome depois de remar a noite toda. Não estávamos tão longe da costa, mas o nevoeiro naquela parte do mar era cruel com quem viesse numa embarcação um pouco menor que um barco de pesca, quem dirá um pequeno botinho inflável.
  Quando cheguei na cozinha, naturalmente acendendo a luz, meu coração deu um solavanco, levei um susto, no pé da mesa estava Mark, sentado me fitando que nem um predador.

Prison IVOnde histórias criam vida. Descubra agora