6 - Reencontro

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- Mark on-

  - Então quer dizer que o apocalipse aconteceu então? - Indaguei mais uma vez fitando Jong Up como se ele fosse maluco, e ele me olhou com desdém.
  - Olhe ao seu redor Vossa Alteza, vê alguém sorrindo ou atravessando a rua para ir para escola? - Ele apontou para a janela que um dia foi verde ao lado na qual estávamos passando, uma estrutura velha e decrépita com os vidros todos quebrados, tinta descascava e um pedaço do que sobrou da cidade era visível do lado de fora. A rua estava tão deserta quanto aqueles filmes de faroeste, não havia nem mesmo o feno voando pelo asfalto, somente silêncio e várias correntes pelo chão. Formando trilhas e trilhas de correntes.
  - E essas... - Antes que pudesse perguntar sobre elas, já sentindo meu coração se contrair por dentro ao saber para que serviam no meu subconsciente Jong Up se atentou em me responder.
  - É para isso mesmo, amarrar seres de todo tipo, desde humanos até as mais temiveis e poderosas criaturas em teias de sonhos e pesadelos eternos, até que os duendes percebam que o cérebro do portador está quase entrando em colapso, aí os gnomos são obrigados a comer os órgãos dos que cederem. Quem não puder aguentar morre desmembrado enquanto dorme. E quando acordar vai ser tarde demais, todas as tripas e órgãos vão ter sumido e não vai ter mais nada além de um cadáver vazio.
  - Desgraçado! - Vociferei sentindo o sangue começar a borbulhar por dentro do corpo, os punhos cerraram um a cada lado do corpo com força, Jackson havia me enganado. Ele disse que ia matar todo mundo, não que ficaria marinando para matar aos poucos, e pior, ainda tinha me deixado para trás, para eu e a Alícia morrermos também junto com os outros! - Eu vou matar o Jackson!
  - Bom princesa vai ter que esperar um pouco, primeiro temos que sair daqui vivos, depois se você conseguir chegar até a delegacia que está com as ruas infestadas de monstros, lugar no qual o atual rei de Helltown fez morada, aí você tenta chegar perto dele. Se conseguir. - Ele me explicou com caçoa e então fez sinal com a mão para prosseguirmos.
  - Vamos logo, antes que... - E antes que ele pudesse acabar um rugido alto veio de trás da janela por onde tínhamos acabado de passar. Jong Up olhou para trás alarmado, o suficiente para começar a sacar facas e me olhar com o mais terrível medo que eu já fui capaz de enxergar nos olhos de um ser humano.
  - Eles nos acharam! Corre! Corre! Corre!

- Mallya on-

  Depois de uma terrível falha tentativa de me carregar nos braços como se fosse uma recém casada, o almofadinha de orelhas pontudas bufou irritado e me jogou sobre um dos ombros, me carregando como se eu fosse um saco de cimento. Parecia que eu não pesava nada pra ele.
  E mesmo assim ele continuava carregando, passando por mais e mais paredes que um dia foram brancas e estavam descascando tinta e mofando. Cada parte que eu estava conhecendo a mais daquele galpão estava ficando cada vez mais feia.
  - Eu não vou te machucar Mallya, mas precisamos ficar quietos pra não chamar atenção de ninguém indesejado. - Ele desistiu do silêncio me dando um chacoalhão para me fazer esperniar menos, mas eu só parei pelo tempo suficiente de olhar para a nuca loura dele por alguns instantes e voltei a me debater torcendo para ele me derrubar no chão e me esquecer para trás, não queria virar refeição ou jogos de elfos safados!
  - H....!!! - Tentava gritar por Huoyan insistentemente, quase beirava ao desespero quando escutei passos. Eram mais deles? Mais dessas criaturas de orelhas pontiagudas? O que farão comigo?!! - T.... - Tentei mais, chamar por Tae. Os trapos na minha boca mal me davam abertura pra pronunciar uma letra.
  Elfo dos infernos, ele vai me pagar por me deixar desse jeito...
  Desisti de me debater e comecei a dar cotoveladas nas costas dele, com os dois cotovelos e força o bastante para as correntes tilintarem.
  - Shiii!!! - O Elfo disse e então passamos ao lado de uma porta velha de madeira pintada a muitos anos com o que parecia ser tinta amarela também. E dela haviam várias outras, interligadas por vários e vários corredores parecidos com o que estávamos andando agora, se não tivesse tanta dúvida podia jurar que esse lugar estava parecendo a minha escola...
  Mas estava velha demais, parecia ter pelo menos uns 100 anos que ninguém vinha aqui ou passava uma nova mão de tinta no imóvel.
  - Levi? - Alguém na frente dele pronunciou, e meus ossos se derreteram e tornaram água ao reconhecer aquela voz. Parei de esperniar e bater na mesma hora. A sensação do pânico foi se esvaindo e passou um frio no meu estômago.
  - Mallya! - Agora era Tae, meu coração saltou no peito e eu senti os batimentos acelerar mais, enquanto meu rosto acalorava de esperanças e brotavam lágrimas nos meus olhos, estava quase ouvindo meu coração nos tímpanos àquela altura.
  Finalmente! Finalmente iam me tirar das mãos desse elfo dos infernos! Se bem que... Ou tinha mais alguém junto com eles dois ou a voz da Alícia chamou claramente esse elfo psicopata de Levi? Mas como é?

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