Cap 37

424 43 36
                                    

No dia seguinte, os primeiros horários foram dedicados as provas. E acho que fui bem em tudo.
No intervalo aproveitei para descansar um pouco. Fui para a sala de artes, que como não estava sendo usada pelo clube, ou para as aulas, estava vazia e totalmente aberta. A sala ficava bem próximo a entrada da quadra, então era bem longe de todos. Chegando para perto desses corredores começo a ouvir algumas risadas; uma risada que vinha de uma garota e outra de um garoto.
-Como acha que estou?
-Ridícula, agora pode me devolver?
Eu reconhecia uma das vozes, mas não tinha certeza de quem era.
Dou uma olhada quando passo perto das vozes, e me surpreendo por ser Dream e Cross.
Dream estava com um moletom branco com detalhes pretos. O dia estava um pouco frio, mas não acho que a esse nível.
Dream encontra meu olhar, mas não me cumprimenta. Apenas sorri. E eu retribuo o mesmo.
Entro na sala de artes e respiro fundo. É bom sentir o cheiro de tinta e de painéis novo; é tão viciante quanto o cheiro de um livro novo. Tão viciante quanto o cheiro d eum café feito na hora, ou até mesmo cheiro de terra molhada em um dia de chiva fraca. Aquilo era bem prazeroso.
Olho ao redor, e vejo um armário no canto da sala. As paredes já não eram totalmente brancas, tinham manchas de tinta nelas, o que deixava a sala com um ar mais divertido. Deixava a sala menos vazia e assustadora para mim. O carpete também estava sujo, por mais que parecesse limpo. Alguns quadros estão pendurados nas paredes; a maioria são meus. Mas outros são de alunos prodígios que eu já tinha conhecido. Gradient, é o nome de um deles. Ele é um jovem talentoso, ele era amigo de um garoto que tocava violino na banda da escola, então raramente era chamado para concertos. Não me lembro o nome dele agora... Era algo como Crescente, Crescent, algo assim. Gradient e esse garoto, trocaram de escola. Foram para a segunda, e última, escola da cudade com Ensino Médio. Não mantenho mais contato com ele, mas sei que ele está bem. Independente de onde esteja. Mas gostaria de ver ele novamente, acho que seria uma experiência interessante.
-O piano ainda está aqui também...-olho para um piano que estava no canto da sala.
Antes, artes e música não eram clubes separados. Isso só aconteceu porque nenhum instrumento cabia mais na sala. Então tiveram que separar ambos, mas ninguém nunca tirou o piano de lá.
Olho para atrás de mim e me aproximo do piano. Me sento no banquinho e suspiro passando a mão no mesmo, sujando meua dedos com um pouco de poeira.
-Já faz um tempo, não?
O abro e toco uma das teclas. O som ainda está perfeito, mesmo depois de um ano ou mais ali.
-Okay...-respiro fundo-Só uns minutos não deve chamar atenção.
Começo a tocar o início da primeira música que me vêm na mente.
-Hey, you there... Can we take it to the next level baby do you dare?-estou tocando tudo bem lentamente, não quero jogar esse momento de paz fora. Quero aproveitar um pouco disso-Don't be scared cause if you can't take the words I don't know why I should care...

{Error's p.o.v}
Depois das primeiras aulas, eu decidi ir para a quadra. Fui pelo caminho mais longo, mas quando cheguei lá eu tinha visto o chefe e o Killer "conversando". Então, preferi apenas sair de lá e deixar os dois em paz. Mas dessa vez, eu peguei o caminho mais curto, e por ele eu passava por umas salas abandonadas pela escola. Mas, quando eu passo na sala de artes, eu começo a escutar um piano tocando; e alguém cantando.
-Hey, you there...Can we take it to the next level, baby do you dare?-Eu reconhecia a voz, mas não acreditei quando ouvi. Fiquei parado na porta apenas ouvindk a música-Don't be scared, cause if you can't take the words I don't know why I should care...-olho rapidamente pela porta e vejo o tintinha tocando. Admito que fiquei surpreso, achei que ele só tocava flauta e mais nada-Cause here I am I'm giving all I can! But all you ever do is mess it up...-não saio da porta e fico o observando. Ele não está prestando atenção nas coisas ao seu redor, ele está perdido no mundinho dele-Yeah, I'm right here I'm trying to make it clear, that getting half of you, just ain't enough!-Eu não sei dizer se ele está tocando pra alguém, mas se ele soubesse do que houve... Sei pra quem ele poderia estar tocando-I'm not gonna wait until you're done, pretending you don't need anyone! I'm standing here naked.-ele continua tocando e sinto meu coração bater mais rápido, minhas mãos tremem um pouco-I'm not gonna try until you're decide, you're ready to swallow all your pride... I'm standing here naked... I'm standing here naked.
Eu não gosto disso. Não gosto desse sentimento. Estar apaixonado é como você estar com medo. Você treme, fica nervoso, seu coração bate mais forte! A adrenalina do seu corpo chega a mil, apenas para você fazer coisas indescritíveis de tão estúpidas com a pessoa que você ama. Eu odeio estar apaixonado, eu odeio que seja por ele. E odeio mais ainda a maneira que decidi lidar com isso.
-Vai virar o fantasma da ópera?
Ele se assuta e olha pra mim como se tivesse feito algo errado.
-Você ouviu?
-Isso importa?-pergunto dando de ombros entrando na sala.
-Não, a música não era pra você de qualquer forma.
-Era pra quem?-pergunto me escorando no piano.
-Não te interessa.
-Se você diz.-dou de ombros.
Ele observa as teclas do piano, e sei que ele gostaria de tocar de novo. Pelo menos é o que seu olhar demonstra. Olho para ele e suspiro.

O Lado Complicado de Amar Seu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora