Cap 42

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Sabe, eu nunca pensei em não usar drogas. Vender parecia o bastante, é gratificante você ver que para aqueles viciados você é a única salvação deles, e isso me deixava curioso; o que tinha naquilo que deixava eles tão viciados? Tão necessitados? Eu estava intrigado, mas não precisava de mais um drama com isso, principalmente depois de o Fresh ter ficado viciado. Mas... naquele dia. No dia em que ele descobriu. No dia em que tudo realmente desmoronou, eu acabei usando.

Cheguei em casa e vi Geno, Fresh e a mãe no sofá. Os três me olharam, acho que perceberam meus olhos lacrimejando, mas tentei deixar minha voz mais firme:
-Perderam algo no meu rosto?-disse sentindo um nó na garganta.
-Filho, eu...
-Não, não, eu não quero ouvir. Não sou um bebê para passarem a mão na minha cabeça!-olho para Fresh-Você tava certo, eu não devia ter escondido, e Geno, eu nem preciso dizer nada não é?-olho para ele que mantinha sua pose séria. Não percebia antes que ele tomou o lugar do pai quando ele foi embora, mas agora mais do que nunca eu sinto isso- Quer saber? Que se foda...
-Olha a boca...-Fresh murmura, ele odeia palavrões.
-Eu não quero saber mais dele,-digo ignorando ele- tudo isso aconteceu por minha culpa, eu sou um cuzão, já deu pra entender, e eu to bem com isso...

"Eu te odeio"

Engulo seco e olho pro lado. Eu precisava ir pro meu quarto, eu precisava calar essas vozes irritantes, calar essa culpa que eu estava sentindo.

"Parabéns seu merda, você fez o mesmo que o seu pai! Mentiu, mais de uma vez"

-Error..-Geno se levanta.
-Eu vou pro meu quarto.-digo indo em direção as escadas até que vejo Fresh na frente  das escadas-Licença...-digo sem paciência.
-Desculpa, bro, mas não.
Suspiro e olho para trás.
-O que vocês querem? Eu já aceitei isso, me deixem em paz.
-Filho, você não tá bem, nos diga o que  aconteceu, você não ficaria assim só por Ink ter descoberto.
Olhei para Geno e depois para Fresh.
Um detalhe sobre nós três. A mamãe ganhou na loteria e todos os três filhos não são héteros, mas só o Geno saiu do armário, foi tudo bem, ela não liga muito pra isso. Só que se eles estiverem fazendo o que acho que estão, não vai ser só ele que vai sair do armário.
-O que vocês querem que eu diga?
-Eu vi vocês na banheira ontem...-ela diz e eu a encaro assustado-Não quis interromper vocês, mas... Você e o Ink terminaram ou algo do tipo?
-Não mãe, a gente nem tava namorando.-as palavras saem com facilidade, mas eu estou assustado, porque ela não demonstra expressão- A gente pode não falar disso agora?
-Error, você tem algo pra me contar?-ela pergunta e se aproxima.
Começo a tremer. E olho para Geno que ainda está se achando o deus da razão, me viro parra Fresh que está com pena no olhar, provavelmente o convenceram que seria uma boa ideia.
-Sabiam que eu tenho meu tempo pra fazer isso? Porra é injusto! 
-Escuta,-Geno começa- você ficar pegando as pessoas fora de casa tudo bem, mas a mãe não precisa.. 
-Não precisa o quê Geno?-Olho para ele irritado-Eu não tava trepando com o Ink na banheira, não tava fazendo seja lá o que você e o Reaper fazem juntos.
Eu pareço ter tocado na ferida porque ele me olha com ódio, algo que só o vi dessa forma uma vez.
-Eu não estou em um relacionamento com aquele...-ele suspira-O que eu quero dizer é que a mãe não tem que tolerar isso em casa.
-O gay sendo homofóbico, legal, qual é a próxima frase magnifica que vai sair da sua boca senhor certinho?-ele parece envergonhado e olha pro lado-Eu sei muito bem o que eu posso ou não fazer dentro de casa, e eu não estava fazendo o que pensa, e se forem tirar alguém do armário, porque não falamos de você também em Fresh?-ele fica assustado e engole seco-Vamos, você não queria me tirar do armário parasita, saia também, seu merda.
-Sem palavrões...-ele diz meio irritado.
-Vamos, diga, o que você é? hum?
-Error, isso é babaquisse
-Mas se for eu tá de boa né?-olho para eles e minha mãe continua sem expressão-E você mãe... Eu nunca achei que chegaria a um nível tão baixo.-ela suspira.
-Só me diz está acontecendo algo entre você e o Ink?
-Não, eu e ele não temos nada...-sinto as lágrimas descerem-Agora eu posso ir pro meu quarto?
Ela faz que sim com a cabeça e eu subo indo direto pra lá. Bato a porta e deixo tudo sair. Nisso acabo gritando e deito no chão e olho debaixo da minha cama, e vejo a mercadoria que o Nightmare me deu para vender.

O Lado Complicado de Amar Seu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora