Cap 49

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Depois da conversa de ontem, eu fiquei feliz. Animado por ter uma chance. E também me preocupei com o Ink. Ele está começando a aceitar o que ele é, esse ser que eu decifrei antes de qualquer um conseguir compreender ele; antes de ele mesmo se compreender. E eu não quero que ele acelere esse processo por minha causa, muito menos que eu seja o gatilho pra isso tudo, mas infelizmente, por bem ou por mal foi o que aconteceu.
Eu estou escorado em um dos armários, pensando naquele beijo, e na minha promessa de não mentir mais.

"E aquela noite? Não vai falar que estava sóbrio?"

Suspiro e fico com o corpo mais rígido, as vezes estar certo também é uma maldição.
-Ei, Glitch.-Horror aparece do meu lado e eu encaro ele por uns segundos.
-O que é?-pergunto e volto a olhar para frente.
-Vai bater no tintinha hoje?
Eu dei uma risada irônica e cerrei os dentes tentando me conter.
-Não é da sua conta, a não ser que me diga quem é sua vítima de canibalismo hoje.-olho para ele que também fica irritado.
-Palhaço.-ele se joga contra o armário ao meu lado.
Essa piada é por ele ter uma mania esquisita de se morder- literalmente se morder- quando está nervoso. Então, é, canibalismo e todo tipo de coisa parece virar piada se o contexto liberar, por mais errado e imoral que pareça.
-O que você quer, porra?-pergunto e ele percebe que é a última vez que vou tentar o diálogo.
Horror se ajeita e olha para o chão ao falar:
-Você entende dessa coisa de gay, bi, lésbica, pan, sei lá, essa porra ai.-ele fala e novamente eu me seguro para não começar uma briga, porém, também estou interessado para saber o que ele quer falar-Se eu gosto de uma menina, que na verdade é um cara...
-Uma mulher.-eu o interrompo-Uma mulher trans, é isso que você quer dizer?
-Isso, mas lá embaixo...
-Horror, foda-se o que a pessoa tem entre as pernas, é uma mulher. Acabou.
-Okay...-ele me encara rapidamente, e desvia o olhar envergonhado-Isso me faz gay?
-Não, você continua sendo hetero.-digo-A não ser que você sinta atração por homens, ai você é bi.
-Não, não gosto de caras.
Se fossem me perguntar "Qual dos bad guys você mais detesta? Vou dar um tiro no desgraçado!", muitos pensam que minha resposta automática seria "Nightmare", mas não, ele não é ruim assim. Okay, tem seus problemas (manipulador, filho da puta, nojento e ganancioso), mas nada que eu não possa aguentar. E nada que eu e ele não temos em comum.
Mas minha resposta de verdade, seria "Horror". Ele é um filho da puta, pra resumir tudo. Horror é o cara mais sem sal e preconceituoso que eu já conheci. Quando entrei para a gangue ele começou a me dar apelidos bem racistas, e quando descobriu que o Nightmare era gay, ele só não fez as mesmas piadas que fazia comigo porque o Nightmare é o chefe. Então, por favor meus fãs, atirem no Horror por mim.
-Lust te falou disso?-ele questiona fazendo com que o silêncio entre nós acabe.
-Pera ai...-as peças vão se encaixando na minha cabeça-Você tá com a Lust?
-Sim? Não? A gente brigo.-ele murmura a última parte.
-Meu Deus, você é mesmo um babaca!
Ele realmente rejeitou a Lust por ela ser trans? A masculinidade dele é frágil a nível de rejeitar aquela garota só pelo que ela tem entre as pernas?
-O que?-ele pergunta irritado.
-Isso mesmo, você é um babaca!-digo e saio de perto dele e dos armários-Rejeitou uma garota daquelas por causa de um detalhe tão irrelevante assim?
-Não é irrelevante pra mim!
-Ok, foda-se.-coloco as mãos nos bolsos da jaqueta- Mas porra que masculinidade frágil, Horror.
-Vai se fuder, viadinho.
-Bem, você pediu ajuda pra um viadinho, Horror.-coloco a mão na cintura e faço questão de fazer aquelas poses afeminadas-Lide com isso. E só mais uma opinião, que você não pediu, mas vai ouvir.-volto com as minhas mãos pros bolsos e engrosso um pouco a voz-Eu te acho um hetero bem filho da puta.
O sinal toca. A aula vaga acabou, e eu tenho que ir pra sala.
-Vai se fuder.-Horror responde quase rosnando.
-Mais tarde talvez.-me viro para o corredor e começo a andar-Bom resto de dia pra você.
Até que sinto alguma força me puxando e me joga no chão.
Em um piscar de olhos, Horror está em cima de mim me dando um belo soco no rosto.
-SEU MERDA!-ele grita enquanto eu seguro o pulso dele.
Cravo minhas unhas no pulso dele e chuto uma de suas coxas. O que faz ele cair e eu aproveito para ficar de pé. Fico em guarda e ele se levanta.
-Cai dentro, viadinho.
-Não fui eu que quis ficar em cima de um cara.-digo sarcástico e vejo que ele se irrita mais.
Horror tenta investir mais um soco e eu desvio chutando as costas dele. Porém ele se mantém em pé, e antes de eu conseguir fazer mais um comentário sarcástico ele me dá um soco no meu olho, e ai eu lembro.

O Lado Complicado de Amar Seu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora