Cap 38

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{Error's p.o.v.}
Quando chego em casa, assim que eu abro a porta, toda a paz que eu achei que teria; simplesmente some. Fresh estava em uma chamada de vídeo com Geno, assim como a nossa conversa da última vez. O que faz eu gelar. Começo a sentir meu corpo tremer. Como diria o Fresh, eu estava bugando. Tinha me esquecido que ele viria. Tinha esquecido de que eu querendo ou não, logo tudo que eu lutei para esconder seria descoberto por Ink. E isso fez com que eu ficasse nervoso. 
-Bug bro!-Fresh se vira para mim ansioso-Que bom que apareceu, a gente tava falando sobre o Genin vir pra cá amanhã e...-Fresh percebe que eu estou tremendo-Bug bro, você tá bem?
-Fresh, pode me ligar depois, o Error não parece tá muito legal.
Balanço a cabeça e com muito esforço consigo andar até Fresh.
-N-Nã-Não, e-eu tô-tô b-bem...-me sinto envergonhado por ter gaguejado tanto.
-Não, você não tá.-Geno diz e eu suspiro. Detesto concordar com ele, mas é, eu não tô tão bem assim.-Que machucado é esse na sua boca?
Olho para onde o algodão estava, e coro ao lembrar do que ocorreu antes.
-Na-Nada...-Fresh segura a risada ao meu lado e eu o olho irritado-Se eu te der um soco vo-você vai achar gra-graça?
-Talvez, Bug Bro.-ele diz soltando algumas risada e percebo Geno impaciente-Mas tem certeza que não quer falar com o Geno depois? Você realmente não parece bem.
Ele diz tentando demonstrar preocupação inutilmente, já que por ele ser um idiota sorridente, parece mais que ele tá zoando com a minha cara.
-Eu to bem, parasita.
-Error,-Geno chama minha atenção-O que já te falei sobre esses apelidos de mal gosto?
-Não usar...-bufo e olho para Fresh que estava com um sorriso meio fraco-Desculpa.
-Relaxa, bug bro.
Geno suspira e nos viramos para o celular.
-Enfim, eu estava conversando com Fresh, sobre eu ir pra casa amanhã. Iria chegar no Sábado, mas estava pensando em ir mais cedo.-Começo a voltar a tremer, não vou abrir a boca pra falar porque sei o que pode acontecer. 
-Hum, acho que tudo bem, não é, bug bro?-Fresh me olha e eu tento abrir a boca mas nada sai.
Fresh e Geno se encaram e eu olho para o chão, me sentindo bem envergonhado.
-Error, faz um joinha pra sim e um negativo pra não, ok?-Me levanto e olho para Geno segurando algumas lágrimas-Posso ir pra ai amanhã cedo? Chegar ai sexta mesmo, ou prefere sábado?
Faço um sinal positivo para Geno. Depois disso, eu não me importo mais tanto quando que tudo vai ser estragado.
-Certeza?
Faço que sim com a cabeça e me despeço deles.
Entro no meu quarto e caio no chão ainda tremendo um pouco.

"Eu não deveria ter escondido isso por tanto tempo! Eu sou um idiota! Eu sou um monstro! Ele vai me odiar pra sempre agora! Eu sou tão ridículo, tremendo e gaguejando de novo como uma criança! Vai voltar pra fono e pro terapeuta Error? Você não vale nada seu bug de computador nojento! Por que acha que seu pai colocou esse nome em você, huh?"

Sinto as lágrimas caírem em meu rosto. Respiro fundo, seguro o ar por dez segundos e solto devagar.
-Você sabe falar direito, seu nome não define você... Você não estragou tudo ainda.
Ouço a chuva começar, de uma maneira bem fraca e não incomoda muito. Aproveito e começo a me trocar. Visto um calção e uma regata, tiro as lentes, lavo meu rosto e finalmente vou me deitar na cama.
Fecho os olhos e com o barulho da chuva como trilha sonora eu consigo dormir mais rápido. 

{Ink's p.o.v.}
Naquela madrugada de sexta, eu estava sem sono. Eu não conseguia dormir. Talvez fosse pelo café que eu tinha tomado, talvez pela chuva forte lá fora; mas independente do motivo eu não conseguia dormir.
Me levanto da cama, e Kin nem se mexe no tapete. Olho para ela e dou um suspiro dando um sorriso de canto.
-Isso mesmo, não se preocupe comigo.-digo de maneira genuína saindo do quarto silenciosamente.
Desço as escadas e vou até a garagem. Lá tem vários materiais meus de pintura, e algumas telas. Umas preenchidas, outras em branco. 
-Eu sei que deixei ele por aqui...-digo começando a olhar em uma caixa de madeira suja de tinta.
Eu tinha um pincel que era o meu favorito quando criança. Ele servia para muitas coisas em pinturas, então eu o guardei. Além de ter sido a única maneira do meu pai ter me incentivado a pintar. 
-Achei!-digo tirando o pincel de lá. Ele era de madeira com alguns detalhes de ferro e o cabo com detalhes dourados; além de prestativo, ele era bem bonito-Quanto tempo amigo...-me levanto e vou para dentro novamente.
A chuva persistiu, e estava fazendo muito barulho. Não faço ideia de como minha mãe nem Kin acordaram ainda.
Vou até a cozinha e encho minha caneca com leite e coloco trinta segundos no micro-ondas.

O Lado Complicado de Amar Seu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora