Capítulo 14 - Novos Tempos

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"Éramos o dia e a noite
Você tão segura, eu tão fugaz
Sonhavas com meu amor para sempre
E eu não sabia por onde começar

Descobri que minhas asas cresciam
Necessitei ver a vida de perto
E no final descobri que tu estavas
No mais profundo do meu coração

E com cada aventura descobri
Que não havia em minha vida outra mulher
E que no final do caminho
Estava parado frente a ti"

Muy Lejos de Ti-Alejandro Fernández
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O que dizer sobre o beijo? Para o comendador uma evolução, talvez a fizesse recuar, desistir de separar as vidas que sempre foram fundidas. Já para a imperatriz, uma armadilha, e das mais perigosas. Qualquer um perceberia o amor, afinal sempre foi assim. Mas era injusto. Doído. Um amor machucado.

- Zé, isso não podia ter acontecido.-ainda encontrava-se em seus braços, não teve a coragem de sair.

- Não venha dizer sobre arrependimentos. Quando um não quer, dois não fazem, Maria Marta! E você quis.

O nervosismo se fez presente. A imperatriz não dava o mesmo recado duas vezes, ela era de agir. E assim estava fazendo. No momento em que ele mais a queria por perto, ela estava longe, mesmo estando ao alcance de suas mãos. Isso o apavorava.

- Eu sei. Diferente de você, eu assumo e não fujo da bronca. Saiba que não voltará a acontecer, esse beijo morre aqui.-soltou-se e foi embora.

Ele queria gritar, dizer que não fugiria de bronca nenhuma. Não o fez, aquele dia foi muito movimentado para cogitar chamar a atenção.

Um pedido não iria e não conseguiria atender: o esquecimento.

Precisava extravasar, beber, não até cair mas o suficiente para acalentar seu coração. Pegou seu paletó e foi para o bar do amigo.

- Olá, meu amigo!-era recebido por sorriso sincero de Manoel.

- Oi, preciso de uma daquelas que descem rasgando.

- Opa, é pra já!

E assim foi. Bebeu um, dois, três, quatro, cinco...não mais que dez copos, estava bem, só precisava tentar colocar os pensamentos em ordem .

- O que te deixou assim?

Fitava o amigo meio incerto, pensava se conseguiria explicar e abrir o coração como há muito tempo não fazia.

- Quem mais seria?! Maria Marta!

- A imperatriz te deixou assim? Brigaram?

- Antes fosse, ela quer o divórcio.

Agora sim entendia tudo. Manoel sempre achou que uma hora isso aconteceria, só não esperava a reação do amigo. A imperatriz tentou muito e nada recebeu.

- Isso não te deixa feliz? Pode casar com a ruiva.

- Não!- era mais um sussurro cabisbaixo do que a certeza.

- Gosta dela?

- É a minha esposa, Manoel! Claro que gosto. Passamos a vida inteira juntos e devia ser assim até o final.-o medo evidente na sua fala, deixava o homem sem saber o que dizer para consolar.

Nós Poderíamos Ter Tido Tudo-MalfredOnde histórias criam vida. Descubra agora