Capítulo 8 - De Volta ao Passado

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"Saiba que eu te amei tanto
Que eu deixei você me tratar assim
Eu fui sua cúmplice voluntariamente, amor

E eu assisti enquanto você fugia da cena
Olhos de corça, enquanto você me enterrava
Um coração partido, quatro mãos ensanguentadas

As coisas que eu fiz
Só para eu poder te chamar de meu
As coisas que você fez
Bem, espero que eu tenha sido seu crime favorito"

Favorite Crime-Olivia Rodrigo
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José Alfredo sentia agora o amargo de suas escolhas. A rejeição. Nem quando pisou em seu quarto depois de meses o fez ter a sensação de paz ou alívio de seus pensamentos torturantes. Uma forte dor de cabeça se iniciaria.

O toque do celular o desperta. Era Isis. Mesmo não tendo ânimo resolveu atender.

- Alô!

- Boa noite, meu amor! Fui ver você e o Manoel falou que tinha saído com o Josué.

- Eu voltei pra casa, Isis.

- Como assim, Zé?

- Voltei Isis. Encontrei com a Marta ontem, estudei a situação e resolvi voltar.

- Por que não me falou nada?

- Não estive com tempo.

- Poxa Zé! Eu estava tão acostumada a ficar com você todos os dias, vou sentir saudades.-lamentou a moça.

- Vamos continuar nos vendo, tenho que consertar as coisas, sweet child. Agora vá dormir, está tarde. Boa noite!

Apesar de amar a garota, como dizia, não estava com paciência para mais explicações. Só as que dera aquela noite já foram o bastante. O bastante para deitar a cabeça no travesseiro e sentir o remorso atingindo.

A maneira como os filhos defenderam a mãe e correram para acudi-la, como estavam na defensiva perante a sua presença. Torcia para que o dia seguinte fosse um pouco melhor.

Para a imperatriz, tudo que estava acontecendo era merecido. Conhecia José Alfredo como ninguém e tinha a certeza que a situação não era nada boa para o seu ego. O grande problema do comendador Medeiros era achar que o mundo girava em torno de si.

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Na manhã seguinte, tudo estava igual a antes, pelo menos é o que pensava. O homem de preto acordou e arrumou sua cama perfeitamente como de costume. Depois de vestido desceu para o café.

A sensação de familiaridade o atingiu, todos estavam distraídos brincando com gêmeos. Netos que ele não tivera a oportunidade de conhecer direito. Maria Marta, em uma pose pouco vista por ele, totalmente descontraída. Estava com o neto no colo que insistia em tentar tirar suas pulseiras, causando risos em todos. Aquele cena era de aquecer o coração. Quantos momentos perdidos por ele!

- Bom dia!-o silencio se fez presente, o constrangimento em seu rosto era evidente. Parecia não pertencer aquele lugar mais.

- Bom dia, comendador!- respondeu Claraide que entrava no ambiente com uma jarra de suco.

Sentou-se em seu lugar de sempre, o principal da mesa. Que conforme as regras, eram pertencidas ao chefe da familia. Não tirou os olhos do menino que se encontrava nos braços da esposa, o mesmo nome que o seu. Uma bela homenagem ao pai que na época estava morto.

- Quer pegar?- perguntou Marta, recebendo olhares de dúvidas do restante da família.

- Posso?-a olhou pedindo permissão.

Nós Poderíamos Ter Tido Tudo-MalfredOnde histórias criam vida. Descubra agora